Com dificuldades no Recife, Raquel mira o interior de olho em 2024

 

O favoritismo de João Campos no Recife é uma dor de cabeça com a qual a oposição vai precisar lidar sob o comando da governadora Raquel Lyra. Mas, enquanto a equação não é resolvida, a governadora, que estava aparentemente distante do processo político, acelerou o passo e, em uma semana, mostrou força nas duas principais cidades do interior: Caruaru e Petrolina. A aproximação com o PDT fortalece seu palanque em Caruaru onde o ex-prefeito José Queiroz vai enfrentar o atual Rodrigo Pinheiro, que deve migrar para o Republicanos, afastando-se em definitivo do PSDB. E em Petrolina a novidade se concretizou esta sexta-feira quando ela recebeu em Palácio o ex-prefeito Júlio Lóssio e Júlio Filho, acompanhados do ministro André de Paula, que lhe declararam apoio.

Em Petrolina, onde o atual prefeito Simão Durando é candidato à reeleição apoiado pela família Coelho e nadava de braçadas, praticamente todos os grupos de oposição estão com Raquel. Ela  já contava com o ex-prefeito Guilherme Coelho e a atual vereadora Lucinha Mota e recentemente fechou  acordo com o ex-prefeito e ex-deputado estadual Odaci Amorim e sua esposa Dulcicleide Amorim, do PT. Com a chegada de Júlio Lóssio, que apoiou Marília Arraes em 2022,  de liderança política importante no município só fica faltando o deputado federal Lucas Ramos, do PSB, que está profundamente magoado com seu partido pela aliança que fez com o ex-prefeito Miguel Coelho, tirando-o da disputa municipal.

Após o encontro desta sexta com a governadora, o ex-prefeito Júlio Lóssio disse que a tendência em Petrolina, onde, pela primeira vez, haverá segundo turno, é a oposição ter dois a três candidatos no primeiro turno. Ele não nega a possibilidade de ser um deles, dependendo dos encaminhamentos a partir de agora.  O outro pode ser Odaci Amorim(PT). Com Júlio candidato não está afastado o apoio a ele de Guilherme Coelho(PSDB), a não ser que Lucinha Mota(PSDB) também deseje entrar na disputa. Em Caruaru, se atrair mesmo o PDT para sua base, a governadora passa a contar com três opções: o próprio Rodrigo, que está com o relacionamento desgastado com o Palácio, ou o ex-prefeito José Queiroz. Correndo por fora, há ainda o deputado federal Fernando Rodolfo, do PL, que é também pré-candidato e está na base do governo.

Mais de um palanque

          Não é incomum um governador ter mais de um candidato de sua base em eleições municipais. Citando os mais recentes, Miguel Arraes, Jarbas Vasconcelos, Eduardo Campos e o próprio Paulo Câmara viram isso de perto. Por conta dessa situação, as visitas que faziam aos municípios durante as campanhas eram muito bem planejadas para que estivessem com todas as lideranças municipais da base governista, apesar de adversárias entre si. Em 2024, a governadora, que pode ter o apoio de quase todos os grandes partidos, tende a ser beneficiada pela conjuntura. Seu maior adversário, o PSB, está profundamente desgastado após a derrota de 2022 e deve se concentrar na capital, onde vai travar uma luta de vida ou morte. Já o PT tende a se compor com o Governo em alguns municípios, embora possa fechar acordo com João Campos no Recife.

Com Antonio em Macaparana

         A governadora Raquel Lyra não perde oportunidade de afagar o deputado estadual Antonio Moraes, um dos seus mais fiéis escudeiros na Assembléia. Na última segunda-feira passou o dia nas bases do deputado na Mata Norte, visitando obras e assinando ordens de serviço. Almoçou com todos na casa do deputado na zona rural de Macaparana. Esta sexta, na entrega de dezenas de ônibus a municípios do interior, posou ao lado de Antonio e dos seus prefeitos beneficiados, junto com a vice Priscila Krause.

Palácio aprendendo

        O Governo aprendeu a lição e, pelo menos até agora, não retaliou nenhum dos deputados de partidos da base que votaram pela derrubada dos vetos da governadora à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Na Assembléia a semana foi de consultas ao Diário Oficial mas não se concretizou o que todos temiam. Este blog apurou que Raquel ficou convencida de que os votos contra o Governo nessa matéria precisam ser vistos de forma diferente porque se tratava de emendas oriundas da própria casa. Isso não impede que o grupo dos 10 que votaram com o Governo receba um tratamento bem melhor que os demais daqui pra frente. Como diz o ditado popular, é melhor ter um passarinho na mão do que dois voando.

Pergunta que não quer calar: majoritária no interior, Raquel vai poder se fortalecer mais do que João Campos em 2024, caso se concretize a reeleição do prefeito no Recife?

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