Com dificuldade de formar alianças, Raquel conduz Miguel Coelho, cada vez mais, para a oposição

 

A governadora Raquel Lyra e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, estiveram perto de celebrar uma parceria em 2022 já no primeiro turno mas, no segundo turno, Miguel, não só declarou apoio de imediato à candidata, que disputou a fase final da eleição com a ex-deputada federal Marília Arraes, como assumiu sua campanha na Região do São Francisco onde Marília e o PT têm maior presença no sertão do estado. Era natural que continuassem juntos como foram vistos na vitória da caruaruense, primeira mulher a governar Pernambuco, mas não foi isso que aconteceu. Raquel não convidou o ex-prefeito para fazer parte da sua equipe ou ajudá-la na busca de parcerias e esta semana ele deixou claro o que já se sabia nos bastidores: assumiu um discurso de oposição.

Nas entrelinhas de suas postagens nas redes sociais, Miguel vinha se posicionando de forma propositiva e desejando que a governadora se saísse bem na sua administração mas esta segunda-feira foi além e criticou, abertamente, em entrevistas, a decisão de Raquel de enviar projeto para a Assembléia, aumentando a alíquota de ICMS. Argumentou que a carga tributária já é “significativamente alta para os pernambucanos” e explicou que “a solução para os desafios financeiros deve ser encontrada por meio de parcerias com o setor privado”. Para ele é um erro “ impor mais ônus sobre os ombros da classe produtora e dos empreendedores” e defendeu “o aumento de concessões no serviço público” para gerar caixa.

Esta terça-feira, indagado por este blog sobre seu posicionamento, o ex-prefeito não negou o endurecimento do discurso e acrescentou “estou sendo apenas coerente com o que defendi na minha campanha e dos compromissos assumidos de não aumentar a carga tributária, como outros também fizeram”. E acrescentou: “não faço crítica pessoal e continuarei me colocando sempre que entender que alguma medida da governadora é prejudicial à população, como é o caso desse aumento da carga tributária”. Além dele o deputado estadual e seu irmão, Antonio Coelho, também vem se posicionando de forma crítica na Assembléia. Antonio ressalta, porém, que é “ da bancada independente”.

O que Raquel perde

Além da capacidade reconhecida como administrador, Miguel Coelho era apontado, antes da governadora formar sua equipe, como um nome capaz de ajudá-la substancialmente na atração de investimentos privados para o estado. Seu afastamento do Governo levou Raquel a perder em duas vertentes, como lembrava ontem um deputado estadual governista, “ela se prejudica na área econômica e na política. Na área econômica por ele ser um quadro de relevância local e nacional nesse campo e bastante experiente, e na política porque tem grande influência no sertão do São Francisco e em vários outros municípios onde deve eleger prefeitos”.

Momento inadequado

Nos corredores da Alepe também foi ressaltado que o momento é politicamente delicado para Raquel uma vez que o PT declarou-se oposição a seu governo e levou junto a Federação Brasil da Esperança que é composta ainda pelo PV e PCdoB. Antes a Federação estava independente, o que significava que, os deputados podiam votar com o Governo sem sofrer represálias.

Teresa destaca diálogo

Presidente da subcomissão de ensino médio do Senado, encarregada de propor mudanças na atual reforma do ensino, a senadora Teresa Leitão fez pronunciamento esta terça-feira no plenário de prestação de contas do que tem sido realizado através de diversas audiências públicas. E destacou, dando uma estocada nos elaboradores da primeira reforma, ao afirmar “buscamos realizar aquilo que foi suprimido pelos implementadores do atual modelo: o diálogo”.

Na boa com Álvaro

Ontem, o presidente da Assembléia, Álvaro Porto, levou 7 prefeitos para o Palácio das Princesas para encontros, em separado, com a governadora à qual apresentaram as demandas dos seus municípios. Isso demonstra que ficou definitivamente para trás os desencontros entre Álvaro e Raquel, nos primeiros meses deste ano. Estiveram no Palácio Graça Carrazzoni, prefeita de Itambé; Sandra Paes, de Canhotinho; Romero Leal (Vertentes), Marcelo Maranhão (Ribeirão); Orlando José, Altinho; Cesar Freitas, Sanharó; e Alvinho Porto, Quipapá.

Pergunta que não quer calar: ainda há espaço para entendimento entre Raquel e Miguel?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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