Com crise em torno do GSI, Governo vai às cordas e aprova criação de CPMI

 

É ponto pacífico no meio político que nenhum Governo gosta de CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – por um motivo simples, “uma CPI você sabe como começa mas nunca como termina”, como se repete, rotineiramente, quando o assunto entra em pauta tanto no Poder Executivo quanto no Poder Legislativo. Ontem não foi um dia bom para o presidente Lula nesse aspecto: além do resultado negativo de uma pesquisa da Quaest, que mostra uma queda na avaliação do presidente entre fevereiro e abril, a emissora CNN exibiu um vídeo em que o atual chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) nomeado por Lula, andava tranquilamente pelo Palácio do Planalto, enquanto golpistas eram bem tratados no local e também circulavam sem ser importunados.

O dia terminou como era esperado: após uma reunião com o presidente e alguns ministros no Palácio do Planalto, o general Gonçalves Dias foi forçado a pedir demissão. Ao mesmo tempo, no Congresso, o clima pegava fogo com a oposição forçando a instalação da CPMI (tem este nome porque é mista reunindo deputados e senadores) sobre os acontecimentos de 8 de janeiro e o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, ganhando tempo para que a bancada governista conseguisse convencer alguns dos assinantes a desistir da investigação. No final tarde, porém, ao sentir que não havia mais como evitar a investigação, o PT se rendeu, através de sua presidente, Gleisi Hoffmann, e resolveu também apoiar a criação da Comissão Parlamentar.

Uma CPMI, a essa altura, era tudo que o Governo não desejava. Em primeiro lugar, todo o noticiário vai se voltar para esse fato que irá produzir contínuas informações, desviando o foco da pauta governista que, neste momento, está voltada para a discussão e aprovação do arcabouço fiscal, reforma tributária e a crise internacional gerada pela Guerra na Ucrânia. Pior: no clima de polarização ainda existente no país, qualquer fagulha produzida em torno dela pode respingar ainda mais no Governo, embolando o processo de recuperação da economia do país. Agora é aguardar os próximos capítulos e torcer para que saíamos desta crise o quanto antes.

Quaest trouxe más noticias

A pesquisa de avaliação do Governo Lula publicada ontem pela Quaest deve ter causado preocupação ao Palácio do Planalto. O Instituto fez uma pesquisa em fevereiro e agora repetiu o levantamento nos mesmos moldes do anterior. E o que aconteceu. Segundo os números exibidos, o Governo, que era aprovado por 40% dos brasileiros em fevereiro, agora viu sua aprovação cair para 36%. Também em fevereiro 24% o definiam como regular e 20% como negativo. Agora o regular subiu para 29% e o negativo para 29%. As últimas falas do presidente devem ter interferido neste resultado, bem como a tentativa de taxação das compras no exterior feitas por pessoas físicas e com valores abaixo dos US$ 50 dólares.

Empréstimo aprovado

Apesar da confusão reinante em Brasília ontem, o Senado aprovou o pedido de empréstimo de R$ 2 bilhões para a Prefeitura do Recife e que será destinado sobretudo a obras nas áreas mais atingidas em dias de chuva. O prefeito João Campos vai contar com um grande reforço de caixa para sua campanha pela reeleição em 2024. Este valor já seria expressivo para o estado, imagine-se para o Recife. Esta semana mesmo a governadora solicitou à Assembléia autorização para um empréstimo de R$ 3,4 bilhões só que os recursos vão ser aplicados no estado todo.

Raquel e Débora

É certo, e o anúncio já chegou a todos os deputados estaduais, que a deputada Débora Almeida é o nome da governadora Raquel Lyra para ocupar a vaga da ex-deputada Teresa Duere no Tribunal de Contas. Até o momento, porém, o Palácio das Princesas ainda não agiu no sentindo de convencer os parlamentares a votar em Débora. A opinião comum é que, se continuar assim, o processo vai embolar e pode causar ainda muitas dores de cabeça. Nem mesmo os deputados fiéis à governadora foram procurados.

Pergunta que não quer calar: por que o Governo Federal, mesmo sabendo da presença do general Gonçalves Dias no Palácio do Planalto dia 08 de janeiro, não o afastou do cargo?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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