Campanha chega à reta final sem exibir grandes apoiadores. Até Lula ficou de fora

 

Prefeito de Jaboatão Mano Medeiros ao lado da esposa em carreata este domingo

A 12 dias do final da campanha eleitoral deste ano, as caminhonetes que, geralmente, são usadas para conduzir os candidatos em carreatas pelas ruas da Região Metropolitana, exibiram neste domingo uma verdade insofismável: só os candidatos a prefeitos e seus vices, com algumas exceções, apareceram na linha de frente das movimentações eletrônicas e de rua. Apoiadores que, em tempos áureos, apareciam declarando voto a seus afilhados foram quase totalmente esquecidos. Nem a governadora Raquel Lyra nem o presidente Lula tiveram o destaque nas ruas ou nos programas eleitorais que se poderia imaginar.   

No Recife a única exceção foi o candidato Gilson Machado que começou sua campanha na vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro à cidade, antes mesmo do período adequado para isso, mas que, ao longo dos dias, foi deixado de lado por uma razão muito simples: sua presença não foi suficiente para fazer Gilson romper a barreira dos 8% da preferência popular que ainda conserva. Bolsonaro prometeu voltar mas não se fala mais nisso.

Da mesma forma, Lula não está presente na campanha do prefeito João Campos e deve continuar mudo. Mesmo tendo 50% do tempo de TV, o prefeito tem mais de 70% da preferência dos eleitores, segundo as últimas pesquisas, e sua performance tem se mostrado suficiente para manter este nível de aprovação. Se Lula aparecer, João certamente perderá votos que possui, e sabe disso, entre conservadores e bolsonaristas. Como a meta é vencer no primeiro turno, para que correr risco?

Mano Medeiros repete estratégia

Esta visão tem contaminado até mesmo outros candidatos metropolitanos como o prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros (PL). Este domingo, como fez ao longo da campanha, ele liderou uma carreata com motos e automóveis na qual aparecia sozinho em um jeep ao lado da esposa. Se manteve à distância de radicalismos em busca dos votos do centro. Houve momentos em que algumas lideranças apareceram nas campanhas como a vice-governadora Priscila Krause, ao lado de Daniel, o ministro Silvio Costa Filho, ao lado de João Campos e o deputado estadual João Paulo Silva, do PT, em movimentações de rua de Dani Portela. Mas foram exceção.

Isabel de Olinda

Claro que houve quem desejasse um padrinho como os candidatos do PT em Olinda e Jaboatão, Vinícius Castello e Elias Gomes, que ainda sonham com a presença de Lula mas não há qualquer previsão para isso. E como Lula não subiu literalmente no palanque de Vinicius, a candidata bolsonarista a prefeita de Olinda, Isabel Urquiza, também ficou na sua e se intitulou Isabel de Olinda, para evitar vinculações.

São Paulo se mantém

A única capital onde Lula e Bolsonaro ainda contam é São Paulo. A luta intestina entre lulistas e bolsonaristas tem sido fundamental no primeiro turno para levar o prefeito Ricardo Nunes (apoiado por Bolsonaro) e Guilherme Boulos (apoiado por Lula) ao segundo turno. Nunes, no entanto, tem buscado se por mais ao centro, já pensando no segundo turno. Vai tentar levar Boulos a estacionar nos cerca de 30% dos votos que a esquerda e o PT têm sem São Paulo. Se o candidato de Lula fosse um petista palatável para os paulistanos ele poderia não ter sucesso, mas o que segura Boulos não é só Lula ou o PT apenas mas as próprias características do candidato que, durante muito anos, se ligou a movimentos defensores de invasão de prédios vazios em São Paulo.

O lulismo e o bolsonarismo afastados da campanha no 1.o turno vão reaparecer no segundo turno?

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