Brasil tenta manter, em relação ao Hamas, ambiguidade usada com a Ucrânia e se dá mal

 

A invasão da Ucrânia pela Rússia deixou um pouco o noticiário após os horrores vividos por Israel desde o final de semana quando integrantes do Hamas, qualificados internacionalmente como terroristas, invadiram Israel matando, até agora, mais de 1.300 pessoas, a quase totalidade civis (em retaliação, Israel já matou cerca de 1.500 em Gaza). Mas, apesar de estar “no limbo” da imprensa, a invasão da Ucrânia pela Rússia marcou a política externa brasileira, comandada pelo presidente Lula, em função da ambiguidade utilizada no caso. Em nenhum momento o presidente condenou a invasão das terras ucranianas, ao contrário da maioria dos dirigentes das nações ocidentais, e chegou a evitar contato com o presidente daquele país, Wolodymyr Zelensky quando o mesmo era recebido nos Estados Unidos e em quase todos os países europeus.

Lula respondeu às críticas na época, de que estaria beneficiando a Russia com seu posicionamento, afirmando que defendia a busca da paz na região, daí a equidistância. Esta semana, porém, o PT e os demais partidos de esquerda brasileiros se deram mal ao, num primeiro momento, evitarem se referir ao Hamas como grupo terrorista, colocando panos mornos no assunto. Alguns, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), tentou explicar a invasão como uma luta pela libertação da Palestina, justificando, pois, a violência. Pagou caro. Lula ainda escapou das redes sociais porque sua primeira nota não falava no Hamas mas encerrava com um “reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas”. Outras figuras , porém, como o ministro das relações institucionais, Alexandre Padilha e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann foram obrigados a se explicar. Boulos chegou a ser surpreendido pela perda de um dos principais assessores que não concordou com a fala do líder.

Até o MST, considerado radical de esquerda, teve que se retratar nas redes sociais após uma nota em que apoiava o Hamas. Em Pernambuco a deputada estadual do PT, Rosa Amorim, também do MST, foi tão atacada na Internet pela mesma razão e também se retratou. Rosa explicou que quando falou não sabia da dimensão do ataque do Hamas e da morte de civis: “condeno os ataques e me solidarizo com as famílias das vítimas” – afirmou. Falando oficialmente, o Governo Federal tentou se justificar sobre o Hamas dizendo que só reconhece como “terrorista” o grupo que é qualificado como tal pela ONU e passou a defender que a Organização se pronunciasse sobre o assunto. Ato falho. Países muito mais relevantes internacionalmente, inclusive na ONU, como Estados Unidos, Japão e nações europeias estão se referindo ao Hamas como terrorista, sem tirar nem pôr.

Inimigo mora ao lado

Não foi à-toa a caça da imprensa e dos internautas à esquerda, incluindo o PT, por conta do Hamas. Na verdade, em 2021, dez deputados federais do PT, incluindo os atuais ministros Alexandre Padilha e Paulo Pimenta, assinaram um manifesto repudiando uma manifestação da secretária do interior do Reino Unido, Priti Patel, que atribuiu ao Hamas o título de “organização terrorista”. Padilha também se encontrou, cinco dias antes da invasão de Israel, com o vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina, Sayid Tenório, do PCdoB, que acabou demitido da Câmara Federal esta semana por não só celebrar os ataques do Hamas como desdenhar de mulheres feitas reféns. Numa mensagem na Internet, diante de uma jovem refém que estava com a calça comprida suja nos quadris ele colocou: “isso é uma marca de m….. Se achou nas calças.” Concluiu com um emoji sorridente.

Lula foi parabenizado

Embora o presidente Lula tenha recebido mensagens do mundo inteiro após a sua vitória na eleição do ano passado, ganhou relevância esta semana um pronunciamento feito em 31 de outubro de 2022, logo após a divulgação do resultado do segundo turno, por um membro da alta cúpula do Hamas, Basim Naim. No site oficial da organização, Naim parabenizava o presidente brasileiro pela vitória ressaltando que ele sempre foi um defensor da causa palestina.

Monica Waldvogel

Em meio à ambiguidade do Governo sobre o Hamas, a jornalista Monica Waldvogel, da Rede Globo, fez um comentário na Globo News, falando dos ataques desta semana e disse que as ligações do PT com o Hamas estavam levando o Governo Federal a não repudiar diretamente os ataques do grupo. Atacada por petistas nas redes sociais, Mônica foi defendida pela Globo. Em nota a emissora disse que a jornalista tinha falado a verdade.

Silvio e Raquel

A governadora Raquel Lyra e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, vão se reunir na próxima segunda-feira pela manhã quando anunciarão a implantação deum novo terminal de contêineres no Porto de Suape. Com investimento inicial de R$ 1,6 bilhão o empreendimento será instalado pela APM Terminals, subsidiária da A.P.Moller-Maersk. O evento será no Porto de Suape.

Pergunta que não quer calar: o Brasil, que preside no momento o Conselho de Segurança da ONU vai conseguir que a instituição decida se o Hamas é ou não uma organização terrorista?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br – terezinhanunescosta@gmail.com

Foto: PT

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