Barroso se excede em Congresso da UNE e presidente do Senado pede retratação

 

Na Suprema Corte dos Estados Unidos, que corresponde ao nosso Supremo Tribunal Federal, os ministros só fazem dois discursos no período em que permanecem em seus cargos: na posse e na despedida. Quase não se ouve falar sobre eles pois os mesmos só se manifestam nos autos. Embora no Brasil muito se fale nos Estados Unidos quando se discute democracia, os nossos ministros do supremo têm se excedido em entrevistas, falas e até pronunciamentos políticos. Um dia um deles ia acabar caindo do cavalo. E foi o ministro Roberto Barroso que em Congresso da UNE, onde políticos e jornalistas dizem que jamais deveria estar, ao responder esta quarta-feira a vaias de estudantes bolsonaristas, se exaltou e bradou ao microfone “nós derrotamos o bolsonarismo”.

Barroso é o mesmo que, logo após o período eleitoral, perseguido por bolsonaristas nos Estados Unidos, soltou um “perdeu, mané”, desdenhando dos mesmos. A fala do ministro teve a repercussão esperada. Senadores pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a instalação de um processo de impeachment de Barroso ( cabe ao Senado levar à frente processos deste tipo). Pacheco deu então uma entrevista coletiva esta quinta-feira à tarde falando na necessidade de retratação do ministro e classificando a sua fala de “inadequada, inoportuna e infeliz”. Normalmente ponderado, o presidente do Senado foi mais adiante: “um ministro do STF deve se ater ao cumprimento constitucional de julgar aquilo que é demandado. Então, a presença de um ministro em um evento de natureza política, com uma fala de natureza política é algo que reputo infeliz”. E lembrou que Barroso está para assumir a presidência da corte devendo analisar a retratação “no alto da sua cadeira de ministro e futuro presidente”.

Incontinenti, Barroso que passou o dia sendo criticado por ter ido a um congresso da UNE onde é normal as vaias e de ter feito um discurso, soltou uma nota oficial no início da noite de ontem se explicando, ou “se retratando”, como sugeriu Pacheco: “utilizei a expressão derrotamos o bolsonarismo – diz na nota – quando na verdade me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria. Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima”. Se as explicações de Barroso vão ter efeito é difícil saber mas nos corredores brasilienses dá-se como certo que nunca o Congresso esteve tão perto de enquadrar um ministro do Supremo, o que a Constituição permite, via impeachment.

Relações estremecidas

Nos últimos anos, muito mais pela falta de agilidade do Congresso do que por interesse próprio, o Supremo tem legislado às escancaras. E o pior: provocado pelos próprios políticos. Ao invés de responder às provocações remetendo os reclamantes à Câmara e ao Senado, eles têm sido cada vez mais criticados pela sociedade por analisarem processos nos quais não deveriam meter sua colher. Com isso são criticados, vítimas de manifestações e acabam por perder a autoridade que deveriam ter. Inclusive não comparecendo a Congresso da UNE. Pode ser que, pelo desfecho, o que aconteceu esta semana sirva de lição.

Mulheres começam a ser substituídas

Como esse blog informou na coluna de ontem sobre as três mulheres que devem ser deixar o primeiro escalão do Governo Lula para dar lugar a parlamentares do Centrão, uma delas já teve seu afastamento confirmado: o Palácio do Planalto anunciou, oficialmente, que a ministra do turismo Daniela Carneiro deixa o cargo nos próximos dias e que o novo ministro é o deputado federal Celso Sabino, indicado pelo União Brasil, partido agregado ao Centrão. A ministra do Esporte, Ana Moser, pode ser a próxima, embora Lula esteja pensando em disponibilizar o Ministério da Mulher para o PP, na tentativa de convencer os progressistas a esquecer a pasta de Esporte.

Minha Casa, Minha Vida

O presidente Lula participou de um evento esta quinta-feira para assinar ato mudando o programa Minha Casa, Minha Vida que agora vai também atender as famílias que se encontram em áreas passíveis de inundações ou desabamentos. A governadora Raquel Lyra já está tomando providências para incluir Pernambuco nesta área específica. A idéia é, inclusive, aproveitar os próprios terrenos dos prédios-caixão que vão ser demolidos pois o problema não está no terreno mas no tipo de construção que foi utilizado.

Pergunta que não quer calar: o PP vai aceitar o Ministério da Mulher, no lugar do Ministério do Esporte, que pediu a Lula?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar