Bancada da Segurança na Alepe se fortalece e defende policiais civis e militares

 

O Estado de Pernambuco está entre os mais inseguros do país e não é de hoje. O número de homicídios, sobretudo, diminui em cada administração mas depois volta a crescer, acompanhando uma tendência que não é só nossa, mas brasileira. Da mesma forma, cresce e se fortalece na Assembléia Legislativa a bancada constituída por deputados oriundos das polícias militar e civil que se articulam a favor dos policiais estaduais em momentos como o atual em que está em jogo o fim das faixas salariais da PM, criadas no Governo Paulo Câmara e hoje tidas como fonte desagregadora, uma vez que policiais da mesma patente recebem salários diferenciados. Essa força permitiu que uma emenda, assinada pela mesa diretora da Alepe, no valor de R$ 115 milhões, fosse incluída na Lei Orçamentária Anual- LOA- aprovada esta semana, e que deverá ser usada para começar o processo de extinção dessas faixas, que a governadora Raquel Lyra promete encerrar até 2026.

Não à toa que isso aconteceu. Hoje os seis policiais deputados – Álvaro Porto, Antonio Moraes, Fábrizio Ferraz, Gleide Ângelo, Alberto Feitosa e Joel da Harpa – ganham cada vez mais relevância no ambiente legislativo. Álvaro é o presidente da Alepe e oriundo da Polícia Civil, Antonio Moraes, delegado aposentado, é presidente da Comissão de Justiça, a mais relevante da casa, Fabrízio Ferraz, coronel da reserva, é o 2.o vice presidente, Gleide, preside a Comissão da Mulher, Alberto Feitosa, coronel da reserva, é uma das principais vozes da oposição e Joel da Harpa, cabo da reserva, foi lançado pelo seu partido, o PL, como candidato a prefeito do Cabo. O voto policial sozinho não é suficiente para eleger ou reeleger os membros dessa bancada mas complementa apoios que eles têm através de bases no interior ou na força do voto metropolitano (Feitosa teve o voto bolsonarista e foi um dos mais votados na última eleição) e Joel da Harpa é também evangélico. Fabrízio Ferraz é o 2.o vice-presidente e preside a Comissão de Segurança Pública e Defesa Social.  Gleide se elegeu com a força do voto feminino depois de ter assumido, como delegada, a defesa das mulheres maltratadas pelos companheiros. Chegou à Alepe com 412 mil votos, um recorde que vai ser difícil de bater.

Foi a necessidade de defender os policiais que levou o deputado Álvaro Porto a se pronunciar, na frente da governadora Raquel Lyra, a favor os policiais militares que foram presos em uma ação recente que resultou em mortes na periferia do Recife. “Para enfrentar bandidos, os policiais não podem ir às ruas com um buquê de flores” – afirmou, considerando exagerada a prisão dos envolvidos sem que um inquérito tivesse sido concluído. Já o deputado Antonio Moraes, o decano da Alepe com sete mandatos, é mais ameno mas não deixa de se pronunciar a favor da categoria. Nenhum deles faz distinção entre Polícia Civil ou Militar na hora de falar na tribuna ou nas comissões mas Feitosa e Joel chegaram na Alepe por força das greves policiais que organizaram quando na ativa. E para defender o fim das faixas da PM todos falaram esta semana.

Afastamento antes da posse

Da mesma forma que a Igreja Católica não permite aos padres ou bispos se candidatar, determinando o afastamento definitivo das funções exercidas, os policiais militares ou civis não podem exercer suas atividades se assumirem mandatos. No caso da PM, os eleitos vão para a reserva remunerada e não podem mais voltar às corporações. No caso da Polícia Civil ainda podem voltar às atividades após o final do mandato mas durante ele se afastam. Houve um tempo em que isso era possível e ficou famosa no Recife a história do delegado José Antonio de Casa Amarela que, eleito vereador, continuou titular da Delegacia de Casa Amarela e foi acusado de usar a delegacia para ajudar seus eleitores e perseguir adversários. Quem acabou com essa festa foi o governador Jarbas Vasconcelos, proibindo dupla atividade.

Quase igual aos evangélicos

A bancada da segurança na Assembléia com seis integrantes só perde em tamanho para a evangélica que tem sete representantes. Mesmo assim há que se considerar que dois deputados estão nas duas : Gleide Ângelo e Joel da Harpa. Há que se ressaltar a favor dos evangélicos que o deputado estadual mais votado em 2022 no estado foi o pastor Junior Tércio, com 183 mil votos. O segundo foi Feitosa, da bancada da segurança, com 148 mil votos. O terceiro foi a delegada Gleide Ângelo com 118 mil votos.

Raquel e Luciana

A governadora Raquel Lyra entregou esta quinta-feira à ministra Luciana Santos propostas nas áreas de ciência, tecnologia e inovação do seu Governo compostas através de debate com a sociedade civil. Ela destacou que seu objetivo “é investir muito forte em pesquisa e inovação, permitindo que mais mulheres participem desse tive de iniciativa para garantir mais igualdade de gênero”. A ministra, por sua vez, disse que Pernambuco foi o primeiro estado a realizar a Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação e disse acreditar que o ministério em parceria com o estado “vão poder dar conta dos principais gargalos e desafios apontados pelos participantes da Conferência”.

João e o Turismo

O prefeito João Campos reuniu todo o trade turístico municipal esta quinta-feira para anunciar redução do imposto municipal ISS (um dos mais pesados para os hoteleiros) desde que o que deixar de ser arrecadado seja investido em modernização e ampliação nos hotéis existentes na capital. Em troca, a seção pernambucana da Associação Brasileira da Industria de Hotéis divulgou uma nota de agradecimento ao prefeito informando que esta era uma reivindicação antiga da classe.

Vereadores reagem

O presidente da Câmara de Vereadores do Cabo, Ricardinho, do MDB, iniciou um movimento para impedir que os municípios mais ricos do estado cedam espaço aos mais pobres na repartição do ICMS. Está em tramitação na Alepe proposta desenvolvida em parceria entre Governo do Estado, Assembléia e Amupe para implantar numa nova repartição deste imposto beneficiando os municípios que dependem quase que exclusivamente do Fundo de Participação dos Municípios ( FPM) para sobreviver. Como vai haver aumento geral do ICMS para os municípios a partir de janeiro quando entra em vigor a nova alíquota do imposto, nenhum município, mesmo os grandes, vai ter perda de arrecadação em relação a dezembro de 2023.

Pergunta que não quer calar: quem a governadora Raquel Lyra vai apoiar na eleição de Caruaru?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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