Assembléia mostra independência e elege mesa alheia a Raquel

A política pernambucana, que tem dado reviravoltas nos últimos tempos, como foi a vitória de três mulheres nas eleições majoritárias de 2022, prepara-se para emplacar mais uma mudança significativa esta quarta-feira quando vai ser eleita a nova mesa diretora da Assembléia Legislativa. Pela primeira vez, a chapa composta não representa o desejo do poder executivo. Apesar do deputado estadual Álvaro Porto ser do mesmo partido da governadora Raquel Lyra ele se viabilizou e construiu uma unanimidade na casa se colocando como independente em relação ao Palácio do Campo das Princesas.

Por conta disso, a governadora que, segundo é voz corrente nos corredores da Assembléia, apoiava o nome do deputado estadual Antonio Moraes(PP), não conseguiu sair do canto. Quando pensou em se movimentar a favor do seu preferido no dia 15 de janeiro, como havia prometido, não havia mais o que fazer. Os deputados já tinham tomado outra direção e, ao contrário de Álvaro que tinha tudo para ser visto como nome de Raquel – votou nela inclusive no primeiro turno quando Antonio só a apoiou no segundo – nos últimos dias o argumento basilar na casa era que Antonio não podia ser eleito “por ser mais governista do que Álvaro”.

De tanta independência, Álvaro Porto se deu ao luxo de não atender a um desejo da governadora que pedira a exclusão do PSB da mesa diretora. Ele garantiu logo a 1.a vice presidência para os socialistas, obedecendo ao tamanho das bancadas. E não ficou por aí. O candidato a 1.o secretário Gustavo Gouveia é do Solidariedade, o partido de Marília Arraes, principal adversária de Raquel no pleito e cujo irmão, o prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, foi coordenador da campanha de Marília. O PT ficou com a 2.a vice para a qual indicou o presidente do partido no estado, deputado Doriel Barros, e a deputada Socorro Pimentel, do União Brasil, mas eleitora de Marília no primeiro e segundo turnos, ficou com a terceira secretária. Dos principais cargos em disputa só o presidente Álvaro votou em Raquel nos dois turnos. Outros dois, Cleiton Collins (PP) e Joel da Harpa (PL) só votaram nela no segundo turno. Os demais eram oposição.

Dormiu no ponto

– “Raquel dormiu no ponto“ comentou um deputado da base do governo esta quinta-feira. Na verdade, porém, não foi só isso. Nos últimos tempos, quando o PSB era governo, o presidente da Alepe era escolhido nos corredores do Palácio das Princesas de onde eram disparados telefonemas para os deputados à caça de votos. Esse apadrinhamento era tanto que Guilherme Uchoa teve seguidos mandatos, disputando por diversos partidos da Frente Popular como MDB, PSB e PP. E o último presidente Eriberto Medeiros era do PP. Para não correr risco, o PSB que sempre fez grande maioria na Alepe, ganhando as condições regimentais para eleger o presidente, preferiu abrir mão disso para garantir os votos de que precisava para aprovar seus projetos.

Como se deu a reviravolta

Sabendo antecipadamente que poderia não ter o apoio do Palácio pois Raquel só conseguiu eleger três deputados estaduais, Álvaro Porto iniciou sua corrida independente já no mês de outubro, logo depois de fechadas as urnas. Com a ajuda inicial do deputado Rodrigo Novaes, do PSB, mas que apoiou Raquel no segundo turno, e o fato de 24 dos 49 deputados terem sido eleitos para um primeiro mandato, ele teve a idéia de criar um grupo de discussão sobre o futuro da Alepe que chegou a congregar de 24 a 30 parlamentares eleitos ( a maioria novatos) para o qual o PP (partido de Moraes) não foi convidado. Após alguns encontros, Álvaro teve seu nome aprovado por aclamação para sair candidato. Nessa época Antonio Moraes ainda esperava uma conversa definitiva com Raquel. Deu no que deu.

Nova relação da governadora com a Alepe

Toda essa independência pode significar que Raquel não vai conseguir maioria na casa para aprovar seus projetos?. “ Não é bem assim” – argumentou ontem um deputado aliado. Segundo ele, “terminada a eleição e escolhida a mesa diretora as bancadas do Governo e da Oposição trabalharão de acordo com os seus partidos e Raquel já tem uma expressiva maioria”. Na verdade, embora só tenha elegido três deputados, Raquel tem o apoio do PP, União Brasil, e, mesmo os partidos que são de oposição, estão divididos. No próprio PSB, seis dos 13 deputados eleitos já apoiam a governadora. No Solidariedade ela pode conseguir a adesão de todos os eleitos. Na Federação PT/PCdoB/PV, o PV já é governista.

Teresa e assessoria

A senadora eleita Teresa Leitão, que já viajou a Brasília para tomar posse, escolheu como assessor de comunicação do seui gabinete o jornalista Fernando Rego Barros, que já trabalhou na Globo Recife e , durante anos, atuou na Globo em Brasília, onde reside. Fernando que esteve recentemente por aqui lançando livro de sua autoria sobre a Copa de 1958, na Suécia, deve atuar entre Brasília e Pernambuco, onde a senadora estará quase todos os finais de semana.

Pergunta que não quer calar: qual o tamanho da bancada do governo e da oposição na Alepe?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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