Assembléia Independente assusta Raquel

 

Eleita na onda de mudança que tomou conta de Pernambuco após 16 anos de gestão do PSB, a governadora Raquel Lyra foi surpreendida por uma mesma onda em sentido contrário, a de independência do Poder Legislativo que, nos tempos socialistas, fazia o que era definido nas salas e corredores do Palácio das Princesas. Sob a coordenação do então governador Eduardo Campos e, depois, pelo seu sucessor Paulo Câmara, era no Palácio que se resolvia que deputado e que partido iriam dirigir a casa, como seriam compostas as comissões permanentes e os projetos chegavam a toque de caixa, em regime de urgência, para impedir debates da oposição.

A bancada governista composta por mais de 35 dos 49 deputados assegurava o referendo e ninguém chiava. O que talvez a governadora não imaginasse era que a mudança no legislativo seria liderada por um correligionário seu no PSDB, o deputado estadual Álvaro Porto, o único que chegou a ameaçar o PSB na última votação para presidente há 2 anos, quando teve 14 votos – um recorde nos 16 anos de mando socialista. Gato escaldado, ele não esperou que Raquel manifestasse sua preferência – ela queria o deputado Antonio Moraes(PP) – e começou um movimento de independência do Poder Legislativo do qual participaram cerca de 30 deputados e acabou, depois de muita discussão, eleito por unanimidade.

Com o compromisso assumido com todos os partidos, inclusive os de oposição, de garantir a representatividade partidária na Alepe, Álvaro não está obedecendo às decisões do Executivo. Por conta disso, a governadora quase não consegue eleger os presidentes das principais comissões nem levar até o fim sua decisão de varrer o PSB da condução de importantes espaços, como a comissão de educação, que terminou nas mãos do deputado socialista Waldemar Borges, o candidato de Álvaro. Da mesma forma, ontem, no Buraco Frio – onde se reúnem entre as sessões – deputados duvidavam da possibilidade de Raquel conseguir apoio suficiente para o projeto que dá ao Poder Executivo o direito de remanejar R$ 5 bilhões do Orçamento de 2023 sem necessidade de anuência da Alepe.

Álvaro fala ao blogdellas

Ouvido sobre o assunto, o presidente Álvaro Porto não quis discutir detalhes mas afirmou ser natural o que tem acontecido: “os poderes são independentes. Tudo aqui tem sido conversado na casa, sem truculência. A Assembléia está unida e tudo que for bom para Pernambuco, a casa está disposta a abraçar”- disse enigmático. Não pegou bem, porém, na Alepe o fato do Palácio ter enviado o projeto de remanejamento orçamentário sem sequer dar conhecimento à mesa diretora. ”Nem os líderes do Governo foram informados”- comentou um deputado governista, incomodado com a situação.

Lira amuado com Bivar

O comentário esta quinta-feira nos corredores da Câmara, em Brasília, era o descontentamento do presidente do Poder Legislativo, deputado federal Artur Lyra, com o presidente do União Brasil, deputado federal Luciano Bivar, por terem fracassado os entendimentos para formação de uma federação entre o PP e a UB, que comporiam a maior bancada da Câmara com 106 deputados. No momento, o maior partido é o PL com 99 deputados. A UB tem 59 e o PP 47. O presidente do PP, Ciro Nogueira, informou que a falta de consenso sobre a governança da Federação levou ao encerramento do assunto. O DEM, que se juntou com o PSL, até hoje reclama da falta de cumprimento do acordo que fez com Bivar.

Alepe abraça a Escola de Sargentos

Por solicitação do ministro José Múcio, o presidente da Assembléia, deputado Álvaro Porto, vai fazer um grande ato na casa em torno da instalação da Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco com a presença dos comandantes militares, da bancada federal e para o qual serão convidados os poderes Executivo e Judiciário. Será um tipo “Assembléia abraça a Escola de Sargentos” comentava ontem o presidente da Alepe. A ligação de Múcio para Álvaro aconteceu no mesmo dia em que o ministro fez em Brasília um encontro com os militares e a bancada federal e a governadora informou que não podia comparecer por ter outro compromisso.

João é Raquel

O prefeito João Campos foi à missa de sétimo dia da esposa do secretário Daniel Coelho, Rebeca Coelho. Ao blog afirmou “ tenho muita pena sobretudo dos filhos. Perdi meu pai e sei o que é isso. Imagine perder uma mãe?”. A Igreja de Santa Cruz ficou lotada e muita gente do lado de fora. Daniel fez um agradecimento chorando e disse que os filhos é que estavam segurando ele.

Pergunta que não quer calar: em que vai terminar a queda de braço entre os poderes Executivo e Legislativo do estado?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar