As opções de Raquel para enfrentar aliança PSB/PT no Recife
Embora o PT ainda não tenha batido o martelo sobre o apoio à reeleição do prefeito João Campos – o senador Humberto Costa insiste que a decisão não está tomada – é quase certo que o caminho adotado pelo diretório do Recife este sábado, plenamente favorável ao prefeito, acabe por consagrar esta posição. Com as opções se estreitando em relação a 2024, fica claro que a governadora Raquel Lyra, a não ser que algo inesperado aconteça, pode trabalhar com três opções de candidatos na capital no próximo ano: a vice-governadora Priscila Krause, o secretário de turismo Daniel Coelho e, correndo por fora, o deputado federal Túlio Gadelha.
Não é preciso ir muito longe para tirar essa conclusão. Apesar dos demais assessores da governadora nem aparecerem nas mídias sociais, Priscila está cada vez mais desenvolta – antes só era vista ao lado de Raquel mas vem aumentado sua participação solo no instagran – e Daniel tem exibido, ao lado de Raquel ou sozinho, uma desenvoltura de candidato. Já Tulio Gadelha, que pode vir a ser uma opção mais à esquerda, capaz de conquistar os petistas que não gostam do prefeito João Campos e neutralizar o apoio do presidente Lula a João pois é um lulista de primeira linha, não perde oportunidade de elogiar Raquel nas mídias e registrar sua presença ao lado dela em eventos dentro ou fora do Palácio das Princesas.
A pesquisa do Ipespe, feita para o Jornal do Commércio no início deste mês, traçou um quadro muito favorável ao prefeito mas, lida com cuidado, demonstra que hoje, somados os percentuais de Priscila e Daniel, ambos teriam entre 12 e 15% das intenções de voto. Como estarão em um mesmo palanque já superariam o segundo colocado, o deputado João Paulo(PT). João Paulo tem entre 13 e 15% mas não disputará o pleito e pode estar congregando os petistas descontentes com o PSB que antes ficaram com Marília Arraes e resistem a subir no palanque do PSB. Se é difícil esses votos petistas serem dados a Priscila e Daniel, o mesmo não pode ser dito em relação a Túlio Gadelha, embora o deputado vá precisar de um partido para disputar pois a Federação PSOL/REDE deve ficar com um nome do PSOL.
Priscila vai querer?
Dirigente de um dos partidos aliados a Raquel revelou ao blog que, embora se diga que Priscila não deseja se candidatar em 2024, “ela pode mudar de idéia, caso a governadora conclua que é a melhor opção”. Seu argumento é o de que “politicamente, Priscila soma mais na preferência do grupo que vai compor o palanque da governadora”. O argumento é também de que a vice – pela função que exerce – tem atendido bem os políticos que a procuram, apesar de sempre condicionar suas decisões a um entendimento com Raquel.
Daniel pronto
Quanto ao secretário Daniel Coelho, ele já se colocou claramente à disposição para voltar a disputar a eleição de prefeito em 2024, sonho que acalenta desde o início de sua vida pública. Muito bem votado na capital ele já disputou duas vezes o posto mas não teve êxito. Em 2022 foi para o sacrifício na eleição de deputado federal ao apoiar Raquel. A então candidata não tinha espaços suficientes da classe política para formar uma chapa competitiva para a Câmara Federal e Daniel acabou perdendo o mandato. Fala-se que poderá se filiar ao MDB, partido que pode deixar a Prefeitura e selar aliança com Raquel.
Túlio e os percalços
O deputado federal Túlio Gadelha está em pior situação. Tentou compor sua candidatura pela federação PSOL/REDE mas acabou bombardeado depois que a deputada estadual Dani Portela e o vereador Ivan Moraes, do PSOL, lançaram-se na disputa. A única chance para ele seria uma composição nacional com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) candidato a prefeito de São Paulo, com a REDE apoiando Boulos em troca do apoio a seu nome no Recife. Conseguirá? Não é fácil. Neste caso poderia se filiar a um partido próximo a Raquel.
Teresa Leitão ao lado do PT Recife
Embora o senador Humberto Costa evite lacrar o apoio do PT à reeleição de João Campos, a posição da senadora Teresa Leitão é divergente da do colega de Senado e de partido. Numa linha parecida com a da direção do PT na capital, praticamente decidida pelo apoio a João, Teresa fala claramente em composição com o PSB e na escolha de um candidato a vice “que seja de consenso do partido e que seja aceito pelos outros partidos que compõem o arco de alianças que vai também apoiar a reeleição de João. Os passos foram delineados, agora é tocar com esses passos”- resumiu.
Múcio em alta
Como este blog relevou, logo depois de iniciada a repatriação dos brasileiros, destacando que o ministro José Múcio estava em evidência no Governo como coordenador da operação, plenamente favorável ao presidente Lula e à Aeronáutica, esta semana quase toda a grande imprensa reconheceu o destaque do ministro, elogiou sua postura e o entrevistou sobre o assunto. Ponto para o pernambucano.
Pergunta que não quer calar: qual o nome que Raquel vai escolher para enfrentar a difícil disputa no Recife?
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