Após 16 anos de submissão ao Palácio, Assembléia assiste debate acirrado entre Governo e Oposição

 

A Assembléia Legislativa que, durante 16 anos de governo do PSB votou a favor de  todos os projetos do Palácio que chegavam à casa, sem qualquer contestação, assistiu esta segunda-feira, um debate acirrado em plenário entre as bancadas do Governo e da Oposição em torno do projeto da governadora Raquel Lyra que acaba com as faixas salariais da PM e Bombeiros. Algo assim só se viu no governo Jarbas Vasconcelos quando a oposição, representada pelo PT e PSB, estava sempre presente contestando os projetos do governador.

Esta segunda à tarde na primeira reunião plenária após o tumulto criado há oito dias por policiais que se concentraram na sala em que a comissão de justiça se reunia, obrigando o adiamento da votação do projeto “por falta de segurança”, como justificou o presidente da comissão deputado Antonio Moraes, os ânimos se acirraram nos debates.

Pelo lado do Governo falaram as deputadas Socorro Pimentel (Solidariedade) e Débora Almeida(PSDB) e, em posição contrária,  os deputados Joel da Harpa(PL) e Romero Albuquerque (Solidariedade). Pelo que foi dito e ouvido, pode novamente ser tumultada a reunião da CCJ esta terça-feira quando o projeto volta à pauta. Socorro Pimentel fez uma defesa enfática da governadora e do projeto e culpou o PSB “que estava no Governo até 2022, não acabou com as faixas, e agora quer que a governadora o faça de uma só vez, comprometendo todas as demais categorias”. Socorro também contestou os que, segundo ela, “dizem que a governadora não dialoga mas a forma ditatorial de agir não está com ela está aqui mesmo na Assembléia”- esclareceu. A deputada Débora Almeida(PSDB), relatora do projeto, falou do tumulto que aconteceu na reunião de terça passada e culpou o deputado Joel da Harpa de ter incitado a tropa. Joel respondeu que ela estava mentindo e a deputada contestou: “não sou de mentira, sou de verdade e exijo respeito. Não estou na política como meio de vida mas porque acredito na política”.

Coube, porém, ao deputado Romero Albuquerque o discurso mais contundente contra a governadora. Ele a citou como responsável pelo fato de o União Brasil ter solicitado a sua substituição na Comissão pela deputada Socorro Pimentel (o que acabou não acontecendo). “Este governo, além de não tratar bem nos chefes de gabinete, não responder ofício e não pagar nossas emendas, age declaradamente no sentido de censurar essa casa”. E adiantou “Não somos subservientes a um Governo que insiste em errar”. A deputada Socorro Pimentel contestou o colega de partido afirmando que a decisão de afastá-lo foi dela, do líder da bancada Romero Sales e do deputado Cleber Chaparral: “a governadora não teve nada com isso. Fomos nós que decidimos”- afirmou. A discussão só acabou quando, pelo adiantado da hora, a maioria dos deputados já tinha deixado o plenário.

Cada um no seu quadrado

Com a clara divisão de forças na Assembléia é possível que, daqui para a frente, todos os projetos do Governo que mexem com os servidores públicos sejam motivo de acirrados debates. A não ser que o Palácio, que abriu mesa de negociações com todas as categorias, não consiga estabelecer alguns consensos. O caso dos policiais está sendo tratado a parte pois eles não participam de sindicatos e são qualificados como militares e não civis, como nas demais categorias. As associações que os representam ficaram enfraquecidas pela força dos deputados Joel da Harpa e coronel Feitosa, eleitos com apoio sobretudo dos quartéis. Os dois são do PL, partido que está na base do Governo, mas quando se trata de agradar a tropa da qual dependem a história muda de figura, em relação a Joel. Feitosa é um caso a parte, faz oposição ao Governo desde que assumiu.

Antonio tranquilo

 Apesar de todas as discussões no dia de ontem o deputado Antonio Moraes, presidente da CCJ,  estava no início da noite desta segunda-feira seguro sobre a votação na comissão. Para ele, não só as associações de cabos e soldados, com as quais conversou pela manhã, se convenceram de que o projeto do Governo é o melhor no momento e que pior seria sua derrota hoje pois postergaria os prazos, como os deputados da comissão, em sua maioria, estariam cientes da necessidade de fazer a extinção das faixas obedecendo ao calendário proposto de forma a não prejudicar as demais categorias que esperam aumento salarial este ano.

Marília cozinha Duque

 A ex-deputada Marília Arraes marcou para esta quinta-feira uma conversa com o deputado estadual Luciano Duque, de Serra Talhada, que deseja disputar a eleição de prefeito e precisa ter garantia de apoio da legenda a seu nome. Como o prazo de mudança de partido para concorrer as eleições deste ano se encerra este dia 5 – sexta-feira – Duque está até agora sem saber o que fazer. Nos corredores da Alepe comenta-se que Marília pode, ao invés de apoiar o deputado que fez sua campanha em Serra Talhada e em grande parte do sertão, acabe por se compor com a prefeita Márcia Conrado, do PT, que votou  e fez campanha para Raquel.

Até onde vai essa interminável discussão sobre as faixas salariais da PM?

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