Após 16 anos de poder estadual, PSB pode repetir a proeza no Recife

 

Com um tremendo desgaste na opinião pública após 16 anos de hegemonia política no estado – oito com Eduardo Campos e oito com Paulo Câmara – o PSB foi praticamente varrido do mapa na eleição estadual de 2022, quando seu candidato a governador, Danilo Cabral, apesar da ajuda de algumas dezenas de prefeitos, teve apenas 15,70% dos votos no primeiro turno, ficando em quarto lugar e fora da disputa final. Nem mesmo o apoio do então candidato a presidente Lula da Silva adiantou: na frente dele, os próprios petistas vaiaram Danilo e Paulo Câmara. Em 2024, quando o prefeito do Recife, João Campos, disputará a reeleição, o clima até agora é de que ele pode repetir o feito do pai, ajudando os socialistas a completarem 16 anos de mando na capital.

O poder do partido se estabeleceu de tal modo sob o comando de Eduardo que a sua morte em acidente aéreo causou tanto impacto que ajudou Paulo Câmara, um então ilustre desconhecido, a conquistar dois mandatos, mesmo com desgastes conhecidos. No Recife, Eduardo, então governador, conseguiu também eleger um ilustre desconhecido, Geraldo Júlio, na eleição de 2012. Ele aproveitou as desavenças do PT que acabaram levando o candidato do partido, Humberto Costa, a ter apenas 17,43% dos votos, ficando em 3.a posição. O segundo colocado foi Daniel Coelho com 27,65% dos sufrágios.

Geraldo Júlio fez um bom primeiro mandato mas se desgastou tanto no segundo que foi impedido de aparecer ao lado de João Campos na eleição de 2020. O mesmo aconteceu com Paulo Câmara em 2022, também afastado da campanha de Danilo. Mesmo assim, João Campos é hoje favorito para 2024. Além do sobrenome do pai e de uma administração razoável, mas que vem ganhando fôlego após a pandemia, está muito bem avaliado e não tem, até agora, uma definição da oposição. A governadora Raquel Lyra, em primeiro mandato, pode ter dificuldade para eleger o prefeito da capital e João Campos conta com o apoio do Governo Lula para fazer obras e tirar do papel muitos projetos. Além disso, é um ás na política ao contrário do que tem mostrado, até agora, a governadora.

Maior pedra no sapato é o PT

Além de até hoje não ter perdoado o PSB por não ter apoiado Humberto Costa na eleição de 2012, o PT que vive “entre tapas e beijos” com os socialistas, é a maior pedra no sapato de João Campos. Desejoso de disputar a eleição de governador em 2026 aproveitando a força de Lula para crescer no estado – coisa que o PSB impediu sempre vencendo nos bastidores – os petistas querem uma garantia que dificilmente vão ter: que João continue na Prefeitura, caso ganhe a reeleição, e apoie um petista em 2026 que seria o próprio Humberto. Por isso, para fechar aliança, o PT quer um vice de inteira confiança de Humberto para que, se João se candidatar, eles passem a controlar a capital.

Raquel no meio disso tudo

Embora calada, a governadora Raquel Lyra está se mexendo nos bastidores. Com uma boa aproximação com Lula, caso faça uma aliança com o PT e apoie ou mesmo ajude um candidato petista a prefeito, dividirá o palanque de João, causando-lhe dificuldade. O deputado estadual João Paulo, que tem jogo de cintura e já foi prefeito aprovado, aceitaria entrar no páreo. Mas, para chegar a tanto, Raquel precisa até o final do ano abrir espaço para os petistas com o aprovo de Lula e desistir dos nomes que tem para lançar e que também são fortes no Recife: a vice Priscila Krause e o secretário de turismo e lazer, Daniel Coelho.

Turismo ajuda Raquel

Os números que mostram crescimento do setor turístico em Pernambuco nos primeiros meses do Governo Raquel Lyra são animadores. A Pesquisa Mensal de Serviço do IBGE constatou um crescimento de 16,4% na receita nominal do setor de janeiro a maio, em relação a 2022. Isso demonstra que, na impossibilidade de mostrar serviço agora em outras áreas que são de mais longa maturação, a governadora acertou ao focar no turismo e na cultura nesse início de mandato. Ajudou com investimentos o carnaval, a semana santa, as festas juninas e recentemente a Fenearte. Agora parte para a Rota do Frio que inclui o FIG. O secretário Daniel Coelho tem sabido se movimentar nesse sentido e aposta em resposta ainda melhor quando analisados os meses de junho e julho.

Pergunta que não quer calar: O que Raquel e Humberto conversaram em encontro esta semana no Palácio das Princesas, além de atração de investimentos?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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