Apesar de maioria momentânea na Alepe, bancada fiel a Raquel é de somente 23 deputados

 

A governadora Raquel Lyra comemorou a vitória conseguida esta terça-feira na Assembleia e até gravou um vídeo para suas redes sociais, mostrando que o projeto que extingue as faixas salariais da PM, densamente debatido na casa durante dois meses, teve 41 votos a favor e só um contrário, (dado pelo deputado Romero Albuquerque, do União Brasil). Mas, a maioria folgada obtida no plenário esta terça-feira quando, até a oposição, se rendeu ao projeto governamental e votou a favor, vencendo o barulho das galerias lotadas de policiais, não significa que a governadora tenha conseguido, enfim, conquistar uma base sólida na casa.

Um deputado da base do Governo disse a este blog que hoje, com certeza, Raquel tem a fidelidade de 23 dos 49 deputados ( faltam dois para formar maioria). O projeto da PM teve o voto de 29 parlamentares mas não se conta todos esses como governistas. “Uns podem votar a favor ou contra, dependendo da matéria que estiver sendo proposta”- comentou este deputado. O certo é que esses 29 parlamentares seguiram fielmente a recomendação do vice-líder Joãozinho Tenório, não só na votação do texto inicial do projeto enviado pela governadora, como na hora de derrubar todas as emendas propostas, tanto da Oposição quanto de deputados governistas. “Ele parecia um maestro comandando uma orquestra” – disse um parlamentar se referindo a Joãozinho Tenório.

Outro ponto que pesou contra a oposição foi a proeminência dos deputados bolsonaristas que assumiram os debates  no plenário, constrangendo o PSB. O caldo entronou no momento em que o  deputado Abimael Santos, do PL, atacou duramente a bancada do PT que estava votando unida com o Governo e chamou o deputado João Paulo Silva, de “vagabundo”, obrigando o próprio João e o deputado Doriel Barros a responder na mesma moeda. O constrangimento dos socialistas chegou a um ponto que, falando pelo PSB, o deputado Diogo Morais  anunciou o voto da bancada socialista no projeto do Governo, ressaltando “o PSB não está nem do lado PSDB e nem dos bolsonaristas apenas fizemos o possível para melhorar o texto proposto”.

João Paulo se vingou

Durante os 60 dias de discussão do projeto das faixas salariais na Assembléia quem mais “apanhou” foi o deputado João Paulo Silva, do PT. Ele não só sustentou seu voto na proposta governista na Comissão de Justiça como convenceu os deputados Doriel Barros e Rosa Barros, ambos petistas, a também votar a favor. Ontem, na hora em que a oposição anunciou que acompanharia o Governo, João Paulo ocupou a tribuna para dizer com ar de satisfação:” este projeto chegou onde, realmente, tinha que chegar, no convencimento geral de que ele é bom. Isso mostra que todo tempo foi legítima a minha posição e a do PT”.

Bancada unida

Embora ainda não conte com maioria na Assembléia, sendo obrigada a negociar um a um os projetos enviados, a governadora Raquel Lyra avançou bastante em comparação com o início de sua administração. Eleita com uma bancada diminuta de apenas três parlamentares e avessa a fazer afagos à classe política, ela atravessou esses 16 meses a duras penas em termos de expressão parlamentar. Se não fosse a bancada do PP, que conseguiu conservar, podia estar em apuros. Para completar, incorporou o PL ao seu Governo mas está no partido o maior opositor que tem hoje na Alepe – o deputado Alberto Feitosa – e durante os debates sobre o projeto da PM perdeu mais dois, Joel da Harpa e Abimael Santos, que são, como Feitosa, oriundos da Polícia.

Agora que o projeto da PM foi votado, os bolsonaristas vão continuar atuando junto com o PSB na Alepe?

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