Alianças começam a se romper às vésperas da pré-campanha de 2024

 


No mundo da política é raro um chefe de executivo, após dois mandatos exitosos, escolher um sucessor “de sua inteira confiança” e não acabar amargando uma grande decepção. No Recife ninguém cansa de recordar o caso do prefeito João Paulo, do PT, que com muita popularidade, ajudou a eleger o sucessor João da Costa em 2008, logo no primeiro turno, e os dois acabaram se desentendendo gerando uma crise da qual até o hoje do Recife não conseguiu se recuperar. Quem traiu quem? Até hoje não se sabe. Os dois joões evitaram discussões públicas e, mesmo agora, em conversas reservadas, um aponta o outro como responsável.

O distanciamento entre antigos aliados que juraram, intramuros, permanecerem leais até o fim, não é questão restrita à capital. Repete-se no Grande Recife e interior com a mesma frequência ou até maior. Esta quarta-feira romperam-se oficialmente os laços, que já vinham enfraquecidos, entre o deputado estadual Mário Ricardo (Republicanos), ex-prefeito de Igarassu, com a atual prefeita Elcione Ramos (PSDB), sua ex-pupila e hoje adversária ferrenha. Da mesma forma do que ocorreu com João Paulo e João da Costa, cada um culpa o outro mas a verdade é que o rompimento vai levar ao enfrentamento recíproco no próximo ano. Mário deve ser candidato disposto a derrotar Elcione, que busca a reeleição. Conta com o fato de ter conseguido elegê-la e de ter tido em Igarassu 25 mil votos para deputado em 2022. Antes do pronunciamento que fez na Câmara de Vereadores anunciando o desenlace ele encomendou uma pesquisa que o animou a trilhar o caminho oposto ao de Elcione.

Outro município que pode passar pelo mesmo desfecho é Serra Talhada. O deputado estadual Luciano Duque(Solidariedade) e ex-prefeito por dois mandatos, não esconde de ninguém as desavenças com a prefeita Márcia Conrado(PT), candidata à reeleição. Márcia era sua vice e foi sua candidata a prefeita em 2018, vencendo com folgada margem. De lá para cá, a amizade acabou se deteriorando e o grupo político do deputado se queixa de que Márcia abandonou projetos que Luciano iniciou e terminou por afastar da administração algumas das pessoas mais ligadas ao deputado, tornando impossível a convivência. Luciano ainda não diz que é candidato para enfrentar Márcia mas assegura que vai estar na oposição.

Raquel em saia justa?

Tanto em Igarassu quanto em Serra Talhada, a governadora Raquel Lyra teve em Elcione e Márcia suas fiéis escudeiras para chegar ao Palácio das Princesas. Elcione até ingressou no PSDB, mesmo partido da governadora, ainda no primeiro turno, para reforçar seu palanque. Márcia chegou no segundo turno mas teve um simbolismo especial por ser do PT que, na época, apoiava Marília Arraes e foi uma das responsáveis pela propagação do voto Luquel (Lula e Raquel) no interior. Acontece que hoje tanto Luciano Duque quanto Mário Ricardo têm votado com o Governo na Assembléia e não tem mostrado interesse em ir para a oposição.

Governadora pode estar em dois palanques?

Mesmo que, neste momento, não esteja com um nível de popularidade aconselhável, ninguém na Assembléia Legislativa duvida de que em 2024 a governadora já estar bem melhor e enfrentará em muitos municípios, além de Igarassu e Serra Talhada, o dilema de escolher um lado para apoiar ou, tendo a simpatia dos dois, fazer malabarismo para se equilibrar durante a disputa. Nos anos mais recentes, os governadores Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos viveram o mesmo problema. Quando iam a um município onde a base estava dividida encontravam uma forma de, em horários diversos, visitar os dois lados, evitando rompimentos.

Feitosa indignado

O deputado Alberto Feitosa se diz indignado com as acusações a ele, feitas pela ex-mulher Adriana Bacelar, em entrevista à imprensa. Afirma que nunca tocou nela “não a vejo há oito meses, como ela diz ter medo de mim? “E continua: “quem é vítima de violência patrimonial sou eu. Ela vendeu um apartamento nosso sem autorização judicial e gastou todo o dinheiro. Nunca depositou a minha parte como o juiz determinou. Estou tranquilo. Estou morando na praia porque soube que ela ia vender também esta casa. Ela recebe de pensão 30% dos meus proventos como deputado e coronel”.

Pergunta que não quer calar: quem vai se beneficiar mais da repartição do ICMS: Raquel que enviou o projeto para a Alepe ou o prefeito João Campos que concordou em abrir mão de R$ 7,5 milhões do Recife para socorrer cidades menores?

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