Aliança PT/PSB sobe no telhado com candidatura de Tabata em São Paulo

 

Com apenas 14 deputados federais – bancada que só supera em número na Câmara as do PSDB, Podemos e PSOL – o PSB ganhou, com a filiação de Geraldo Alckmin ao partido, nada mais nada menos, que a vice-presidência da República. Em Pernambuco, o estado mais expressivo da legenda por conta das figuras de Miguel Arraes e Eduardo Campos, já falecidos, perdeu a eleição estadual de 2022 e, de município mais importante, só tem o Recife, comandado pelo prefeito João Campos. Mesmo com pouca expressão, os socialistas conseguiram, de cara, três ministérios de Lula – o de Desenvolvimento, comandado pelo próprio Alckmin, o da Justiça com Flávio Dino e o de Portos e Aeroportos entregue ao ex-governador paulista Márcio França. Parecia fechada a equação até que Lula precisou abrir o Governo para outros partidos.

E quem perdeu a vaga foi Márcio França. Teve que se contentar com um ministério improvisado de Microempresas, praticamente subtraído do Ministério de Alckmin. Ficaram as sequelas. Um França constrangido passou o bastão para o pernambucano Silvio Costa Filho e deu um mergulho. Só foi aparecer na foto este sábado em São Paulo em reunião do PSB paulista na qual a deputada federal Tábata Amaral recebeu apoio do vice-presidente para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2024. Alckmin não economizou palavras: “ela é a novidade, ela é a mudança. Nós do PSB vamos representar a mudança na vida da população de São Paulo”. O vice falou poucos dias depois que o presidente Lula recebera o candidato a prefeito do PSOL, Guilherme Boulos, e com ele discutiu sua participação na campanha.

Mais claro impossível. Tábata pode até ser pressionada a desistir mas o ato paulista causou constrangimento em Brasília. O PT nunca abriu mão de São Paulo mas agora resolveu ficar com Boulos, pensando na reeleição de Lula. Apesar disso, esperava a reciprocidade socialista e até agora não teve. Nos corredores do Congresso e do próprio PT atribui-se a confusão criada ao presidente nacional Carlos Siqueira que não se cansa de reclamar mais espaço e criticar os petistas pela abertura do Governo para o Centrão. Já levou pitos de Gleise Hoffmann e do vice-presidente petista Josué Guimarães. Atribui-se seu belicismo à ausência de Eduardo Campos, a quem ele ouvia e seguia sem questionamento. Agora, segundo uma liderança petista, “anda sem eira nem beira”.

Pernambuco e a repercussão nacional

Por enquanto, a questão é nacional e remete a São Paulo mas pode respingar em Recife onde o PSB pode formar aliança com o PT em torno da reeleição de João Campos. A senadora Teresa Leitão é otimista: “acho que as coisas vão acabar se resolvendo”. O PT imagina que não teria sentido o presidente e o vice subirem em palanques diferentes em São Paulo e há quem sonhe na legenda que João Campos, namorado de Tábata, acabe entrando no circuito para, de alguma forma, fechar a aliança daqui junto com a de lá. Mas ninguém se arrisca a imaginar no que vai dar.

Alckmin e Janja

Afinal, no meio desse burburinho, o PSB tem atravessado na garganta os gestos do Palácio do Planalto e do próprio PT no sentindo de transformar a primeira-dama Janja da Silva em uma vice in pectore (do peito) do Brasil, que chegou a ser designada para ir ao Rio Grande do Sul no lugar do presidente, como se fosse uma legal substituta. Este final de semana, por exemplo, o jornal francês Le Monde chamou Janja de “vice-presidente” em matéria em que traça um perfil da esposa de Lula que, segundo o jornal, se tornou “uma das figuras políticas mais influentes do país”.

Ana é Arraes

Ao fazer um paralelo entre as famílias Arraes e Lyra na política este blog cometeu um lapso que foi o de não citar a ex-deputada federal e ex-ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes. Filha de Miguel Arraes e mãe de Eduardo, Ana só entrou na política através do filho. O ex-governador Miguel Arraes teve muitos filhos – homens e mulheres – mas nenhum entrou na política, cabendo ao neto seguir o avô, desde cedo. Já Ana foi incentivada por Eduardo a ser deputada e acabar conquistando uma vaga no TCU, cobiçada por quase todos os políticos deste país.

Pergunta que não quer calar: João Campos vai conseguir ter sobre Carlos Siqueira a mesma influência que teve Eduardo?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br – terezinhanunescosta@gmail.com

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