A eleição do fim do mundo?
Com o mundo mergulhado em duas guerras, incertezas rondando a economia, uma questão climática cada vez mais ameaçadora e o receio pelo futuro da democracia, a eleição dos Estados Unidos, cuja votação foi concluída esta terça-feira, tinha tudo para se transformar em uma preocupação de todo o planeta. Afinal, a maior potência econômica e bélica da humanidade, ficou seis meses discutindo para que lado pender: para o republicano Donald Trump, um radical espalhador de fake news que, há quatro anos, incentivou a invasão do Capitólio, a sede do Poder Legislativo americano, ou para a democrata Kamala Harris, que precisou em 100 dias vencer o desafio de substituir o presidente Joe Biden, afastado com sinais de demência, e levantar a moral do seu partido, tendo de que encarar um adversário que a chamava de “louca”, isto mesmo, “louca”.
Se já é difícil encarar de fora um problema dessa magnitude, imagine de dentro? E não deu outra. A Associação dos Psicólogos Americanos divulgou esta segunda-feira uma pesquisa mostrando que 70% dos americanos estavam “a beira de um ataque de nervos”, como definiu o jornalista Jorge Pontual, comentarista da Globonews ao afirmar que os eleitores ouvidos disseram que a eleição deste ano estava sendo “o maior fator de estresse da vida deles pois temiam pelo fim da democracia”. Segundo Pontual, que mora nos Estados Unidos, a guerra de narrativas entre Trump e Kamala levou Trump a dizer que se ela fosse eleita iria acabar com a democracia (quando ele próprio era acusado disso) e Kamala retrucava falando que se ele fosse o vencedor “ia ser o fim do mundo”.
O medo do fim da democracia (ou do mundo) pontuou de tal forma a cabeça dos eleitores, que uma outra pesquisa feita esta segunda-feira na boca de urna e divulgada pela CNN Internacional, demonstrou que os americanos chegaram às urnas mais preocupados com a democracia do que com economia.: 35% deles informaram que estavam votando para manter a democracia, 31% sonhando com a recuperação da economia; os demais se dividiram entre temas considerados de menor importância, como o aborto, citado por apenas 14%. Nem a democracia estava tão ameaçada em uma Nação que a pratica há séculos, muito menos o mundo estava para se acabar. Mas, na cabeça de muitos eleitores, bombardeados por propaganda política, era isso mesmo que ia acontecer.
Dois atentados
Mas não foi só isso que aconteceu de inusitado nessa campanha americana. Afinal de contas, quem imaginaria uma campanha eleitoral nos Estados Unidos na qual um candidato a presidente, no caso Donald Trump, fosse vítima de duas tentativas de assassinato? Da primeira escapou por milagre de uma bala que atingiu superficialmente a sua cabeça, da segunda, o serviço de Inteligência o livrou, sendo mais rápido e desarmando e prendendo um atirador. Ontem um homem foi preso perto do mesmo Capitólio, invadido há quatro anos, com uma tocha e um depósito de combustível. Boa coisa não pretendia fazer.
Quem afinal vai vencer a eleição nos Estados Unidos – uma mulher negra, Kamala Harris, que foi procuradora e é atual vice-presidente ou um Donald Trump surgido das cinzas, após o episódio da invasão do Capitólio?
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