Galeguim de Petrolina diz que “não é babão de ninguém” e vai discutir Pernambuco

Correndo o risco de virar vítima da polarização entre lulistas e bolsonaristas, que promete ser a tônica dessa eleição de norte a sul, ele se coloca contra a nacionalização do pleito e dispara: “vou governar Pernambuco respeitando o presidente eleito, independente da cor partidária” ou ainda “não quero ser governador para ser babão de ninguém”, referindo-se se aos adversários Marília Arraes(SD) e Danilo Cabral, que disputam o apoio de Lula, e a Anderson Ferreira, candidato de Bolsonaro. Filiado ao União Brasil que tem como candidato a presidente o pernambucano Luciano Bivar,Miguel tem, feito todo esforço possível, para estadualizar o pleito.

Para isso tem sido implacável com a administração do PSB. Cunhou frases repetidas pelos seus apoiadores, entre elas, “a Compesa é a cara da incompetência do atual governo”, “o plano de retomada é o plano do retrocesso”, “o Brasil tem 27 estados e Pernambuco consegue ser pior que 25 deles na geração de emprego”. Reclamando da falta de liderança no PSB afirma “estamos nos apresentando com a experiência de quem sabe como fazer e está pronto para liderar”. Dos oposicionistas, incluindo Marília Arraes, Miguel é o candidato que tem mais tempo de TV e mais prefeitos, vices ou vereadores em todas regiões estaduais. Considera-se este seu grande trunfo.

Retaguarda e mito

Quem chega ao 6.o andar do prédio da avenida Conselheiro Aguiar, onde está instalado o núcleo principal da campanha de Miguel, depara-se com um verdadeiro entra e sai de lideranças e imagina que o próprio candidato se encontra no recinto. É possível que sim mas, quase sempre, não. Ele está andando de município a município, acompanhando a feitura do programa de governo ou a equipe de comunicação. Ninguém sai, porém, sem falar com o senador Fernando Bezerra Coelho ou o deputado federal Fernando Filho, pai e irmão do candidato. Estão todos mergulhados no projeto de levar um Coelho de Petrolina ao Palácio das Princesas (o último foi o Nilo Coelho, tio de Miguel, governador indireto de 1967 a 1971, nomeado pelo general Castelo Branco). Nilo asfaltou a estrada Recife-Petrolina, integrando o sertão à capital, e rompeu com o governo militar pouco antes de falecer quando, presidente do Senado, defendeu a investigação do atentado a bomba do Riocentro). Virou mito na época.

Percalços pelo caminho

Amigos do ex-prefeito dizem que ele virou candidato a governador tão logo assumiu a Prefeitura há sete anos. Por isso trabalhou dia e noite e chegou ao sexto ano de mandato com 88% de aprovação no município. Petrolina, portanto, virou carro-chefe de sua propaganda na pré-campanha. Mas antes de chegar a ser candidato Miguel enfrentou muitos percalços. O MDB – partido ao qual era filiado – negou-lhe a legenda mas quando todos esperavam que fosse desistir ele conseguiu costurar o apoio do União Brasil, Podemos, PSC e Patriotas garantindo o 2.o lugar na propaganda eleitoral que terá 2m20seg diários (só perde para Danilo Cabral que tem 4 minutos). Outro entrave foi a dificuldade de união com Raquel Lyra. Embora seja um sonho quase impossível, ele ainda acredita em sua realização. Os dois saindo candidato correm o risco de serem ultrapassados pelo bolsonarista Anderson Ferreira e perder a chance de chegar ao segundo turno.

Cores preferidas por Danilo e Teresa

O pré-candidato a governador Danilo Cabral e a senadora Teresa Leitão estão usando duas cores de roupa nessa campanha: o branco e o vermelho. O branco simboliza Eduardo Campos e o vermelho é a cor do PT e de Lula e são usados de acordo com a conveniência. Na semana passada estavam de branco, por exemplo, em São Lourenço da Mata onde o prefeito Vinicius Labanca, que os apóia, não quer nem ouvir falar no vermelho que é a cor dos seus adversários, a família Pereira. O candidato a suplente de senador Silvio Costa não foi informado a tempo e chegou de vermelho. Nas fotos foi quem mais apareceu no meio dos de branco.

Apoios afastam candidatos de forma eventual

A profusão de candidatos tem gerado no interior algumas saias justas. Há municípios onde o prefeito apoia Danilo mas seu candidato ao senado é André de Paula, que está na chapa de Marília. Da mesma forma há apoiadores de Marília que votam em Teresa para o senado, sobretudo petistas. Nesses casos André e Teresa dão um jeito de marcar outras agendas na hora em que Danilo ou Marília se encontram com esses apoiadores que formam dobradinha diversa, para evitar saia-justa.

Perfis dos candidatos

Esta coluna inicia hoje a publicação de perfis dos pré-candidatos. Começamos com Miguel Coelho e iremos falar dos demais ao longo das próximas semanas. Também estamos publicando entrevistas com os pré-candidatos. Primeiro foram os candidatos ao senado. Dos candidatos a governador a primeira entrevista publicada foi com Marília Arraes. A próxima será com Raquel Lyra.

Foto: Divulgação

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

 

 

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