Fundação criada pelo IMIP teria contratado empresas fornecedoras da própria família, diz PF

Em entrevista concedida à imprensa esta terça-feira, a Polícia Federal informou que a Operação desta terça-feira, que teve com um dos alvos a sede do IMIP, foi batizada de Clã porque a investigação surgiu a partir de denuncia feita à PF, e comprovada pela CGU, de que a organização social criada pelo IMIP em 2012 para gerir os 18 hospitais e Upas que o instituto administrava no estado – a Fundação de Gestão Hospitalar Martiniano Fernandes – contratara como fornecedoras e prestadoras de serviço empresas de parentes dos próprios controladores da Fundação, ”entre eles muitos são irmãos e cônjuges”.

Com esta informação em mãos e a comprovação de que o Hospital Miguel Arraes, gerido pela Fundação, recebeu verbas públicas, grande parte provenientes do Fundo Nacional de Saúde, via SUS, as investigações preliminares, a serem aprofundadas a partir da operação desta terça em endereços do Recife, Olinda, Paulista e Aracaju, demonstraram que pelo menos R$ 2 milhões de uma verba de R$ 24 milhões recebida pelo Hospital podem ter sido desviados. Além das operações de busca e apreensão foi feita a quebra de sigilo bancário dos envolvidos.

Segundo o delegado da PF Orlando Neves dois gestores de uma das empresas envolvidas foram afastados mas não houve pedido de afastamento de servidores do estado de Pernambuco. Já foram comprovados, segundo ele, direcionamento de contratos, superfaturamento de preços e agora a Polícia Federal vai verificar se os serviços foram realmente prestados. Uma das empresas envolvidas chegou a mudar sua razão social para atendimento hospitalar apenas dois dias antes de celebrar contrato com a Fundação.

São investigados na operação os crimes de peculato (desvio de verbas públicas) organização criminosa, sonegação fiscal e lavagem de capitais com penas previstas de até 30 anos. O IMIP e a Fundação divulgaram notas oficiais sobre a operação. Segundo a Fundação, os contratos realizados pelo Hospital Miguel Arraes “seguem procedimentos previstos na legislação e são devidamente fiscalizados, inclusive pelos órgãos de controle externo”. O IMIP afirmou também que todos os esclarecimentos estão sendo prestados à PF e à Controladoria Geral da União” e disse que não tem a gerência de nenhum hospital a não ser o do próprio IMIP. Na verdade, não é o IMIP em si que cuida da gestão dessas unidades mas a Fundação por ele criada em 2012

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