Fantasma de Bolsonaro assusta campanha de Lula

Há pouco mais de um mês, quando Lula ainda estava crescendo e Bolsonaro caindo nas pesquisas eleitorais mas havia expectativa sobre o efeito do aumento do Auxílio Brasil que atinge 55% dos eleitores – as pessoas mais pobres – o cientista político Antonio Lavareda afirmou que o resultado da eleição – falava-se na possibilidade do candidato do PT vencer no primeiro turno – dependeria da repercussão da PEC de Emergência, que colocaria R$ 41 bilhões nas mãos do presidente para gastar até dezembro, e dos indicadores econômicos. Na época discutia-se se o auxílio de R$ 600,00, que só começou a ser pago na semana passada, teria efeito imediato sobre o pleito ou estava chegando tarde no calendário eleitoral.

Há poucos dias, porém, a tendência do voto começou a mudar e o fantasma de Bolsonaro passou a rondar as hostes petistas. O Auxílio Brasil, a redução do preço dos combustíveis, a recuperação do nível de emprego e a queda da inflação entornaram o caldo e mesmo os efeitos do dia 11 de agosto, em que foi divulgada carta à população a favor da democracia e, portanto, contrária aos ideais de golpe do presidente, mostra poder de contenção da sangria que parece estar afetando a campanha lulista. 

Pesquisa do Instituto FSB, contratada pelo BTG Pactual, registrou 41% das intenções de voto para Lula e 34% para Bolsonaro, em todo o país, uma diferença de apenas 7 pontos. O número em si poderia ter caído na conta das disparidades entre as pesquisas não fosse outro levantamento que deixou a campanha do PT em polvorosa: nos dois maiores colégios eleitorais do País – São Paulo e Minas – Bolsonaro cresceu muito mais do que se poderia esperar. A pesquisa foi feita pela Genial/Quaest. Em São Paulo, que abriga 22,6% dos eleitores brasileiros, a diferença entre Lula e Bolsonaro caiu para 2%, dando empate técnico (Lula tem 37 e Bolsonaro 35%). Em Minas, ao mesmo tempo em que Bolsonaro cresceu 4 pontos (saiu de 22 para 26%), Lula caiu 5 pontos (tinha 36 e agora tem 31%). Em um mês, a diferença entre os dois saiu de 18 para 7 pontos.

Correndo atrás

Além de acusar Bolsonaro de estar usando recursos públicos com o objetivo de interferir no pleito – registre-se que o próprio PT votou a favor do Projeto de Emenda à Constituição, a PEC Emergencial – Lula se obrigou a fazer uma live nas redes sociais com o ex-candidato a presidente André Janones afirmando que, eleito, se compromete a continuar pagando o auxílio, autorizado até dezembro, no ano de 2023. Acusou o golpe e correu atrás do prejuízo. Vai dar certo? Só o curto tempo até 2 de outubro, dirá.

Bolsa Família e Auxílio Brasil

Lula sabe dos efeitos dessas bolsas em uma eleição. Depois que transformou o Bolsa Escola, do ex-presidente Fernando Henrique, em Bolsa Família e fez um grande alarde sobre o caso, o ex-presidente virou “Pai dos Pobres” e o PT ganhou quatro eleições presidenciais seguidas, tendo como base principal o voto das pessoas diretamente beneficiadas. Como o Nordeste tem o maior número de atendidos, por causa do estado de pobreza da população, nos estados nordestinos os votos de Lula foram sempre em torno dos 70% dos sufrágios. 

Bolsonaro pode ultrapassar Lula?

Após o que vem acontecendo com as pesquisas, e se a tendência de crescimento de Bolsonaro for confirmada nos levantamentos dos grandes institutos esta semana, já se especula nos bastidores políticos sobre a possibilidade doatual presidente ultrapassar Lula no primeiro turno. Claro que ainda existe o horário eleitoral gratuito e o candidato do PT pode reagir quando ele começar a partir do dia 26 mas a verdade é que o susto no alto comando da campanha petista ficou evidente e pode durar pelo menos mais alguns dias.

Raquel é a mais aplaudida em Serra Talhada

A quase totalidade dos candidatos a governador – a única ausência foi de Anderson Ferreira (PL) – estiveram em Serra Talhada este final de semana para participar de encontro com os vereadores estaduais em evento promovido pela UVP –  União dos Vereadores de Pernambuco. Marília e Raquel falaram no sábado pela manhã e Danilo e Miguel no sábado à tarde. Todos mostraram suas propostas em eleição onde a influência dos vereadores está maior por conta da diversidade de candidatos mas a mais aplaudida foi a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra.

Pergunta que não quer calar: Bolsonaro tem fôlego para ultrapassar Lula no primeiro turno?

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