Envelhecimento bem sucedido – Por Dr. Alexandre de Mattos*

Na atualidade, é cada vez mais possível envelhecer bem. O médico geriatra exerce uma função importante no gerenciamento da saúde e dos diversos tratamentos do idoso, integrando várias dimensões que influenciam o sucesso do envelhecimento.

Entendendo o envelhecimento bem sucedido e a atuação da geriatria:

– Ausência ou presença de doenças não são os únicos determinantes da longevidade bem sucedida. Um idoso pode até ter doenças não curáveis, podemos trabalhar para que estas condições interfiram o mínimo possível nas atividades cotidianas.
– Nem o geriatra, nem qualquer outro especialista têm o “elixir ou a pílula mágica” do antienvelhecimento. Por isso, nosso foco de atuação é o envelhecimento bem sucedido.
– O acompanhamento médico regular do idoso é importante para identificar problemas crônicos e silenciosos de saúde. Manifestações atípicas ou com poucos sintomas é regra na idade avançada, por isso existe muito subdiagnóstico nesta fase.
– A saída do sedentarismo é importante em qualquer fase da vida, mas, com o passar dos anos, é necessário adaptar as atividades físicas às restrições impostas pelas mudanças físicas. A dieta bem orientada é fundamental para não agravar quadros clínicos e evitar desnutrição. O idoso, principalmente os muito idosos, aqueles com mais de 80 anos, tem grande chance de perder peso às custas de massa magra (músculos), agravando o que chamamos de sarcopenia e levando à síndrome do idoso frágil.
– Devemos sempre recusar os rótulos de “doenças normais da idade”, pois não existem doenças normais, existem patologias mais prevalentes com o envelhecimento. Jamais podemos considerar que um idoso com déficit de memória, depressão, tonturas, tremor, dores crônicas, dentre outras condições comuns nessa fase da vida estão apenas com “sintomas do envelhecimento”, pois assim se incorre em um tipo de preconceito denominado ageísmo ou velhismo.
– Cuidado com a polifarmácia! Muitos remédios não é o caminho da longevidade.
Passar por consultas médicas regularmente é imprescindível. Porém, o ideal, é levar a relação completa de todos os medicamentos em uso. Esta recomendação deve ser seguida à risca para que não haja interação medicamentosa ou interação droga – doença.

Estudos conduzidos nos EUA apontam que os efeitos colaterais de fármacos já é a quinta causa de morte entre a população idosa. O bom médico, principalmente o bom geriatra, não é aquele mais medicamentos, mas sim aquele que tem o conhecimento necessário para “enxugar” a prescrição, eleger as prioridades e evitar o uso de medicamentos desnecessários, sem abrir mão dos importantes fármacos e também das medidas farmacológicas que tenham evidências científicas e custo efetividade avaliados para garantir menor mortalidade, mas com qualidade de vida.

*Geriatra e Professor de Pós-Graduação em Geriatria da UPE

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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