Em ‘Violeta’, Isabel Allende conta os

últimos cem anos de América Latina

 

A dica de leitura de hoje vai em direção ao novo romance da escritora chilena, Isabel Allende, narrado por personagem que nasceu na pandemia da gripe espanhola, em 1920, e morreu na pandemia do coronavírus, em 2020.

O trabalho mais recente da autora, Violeta (Record, 2022), repete o tom épico do primeiro livro, costurando as linhas que conectam personagens e episódios históricos de ambas obras.
Sugere-se portanto, dois caminhos aos leitores.

Primeiro, para aqueles que já leram Casa dos Espíritos, a leitura de Violeta é praticamente obrigatória. Pode-se reler Casa dos Espíritos antes ou não. Segundo, para quem não leu Casa dos Espíritos, leia Violeta antes e faça o caminho inverso e a experiência literária será igualmente prazerosa.

Nas duas obras, Allende adota a estratégia de narrar sagas familiares e suas minúcias para culminar na denúncia da violência de estado cometida durante a ditadura militar chilena. A personagem rememora sua vida escrevendo para o neto Camilo. É através do seu próprio ponto de vista que ficamos a par dos acontecimentos da família Del Valle e também do país, o Chile.

Os cem anos de vida de Violeta são marcados por duas pandemias. A primeira, em 1920, com a gripe espanhola. Como a própria narradora explica, a influenza chegou ao Chile com quase dois anos de atraso. “Segundo a comunidade científica, tínhamos ficado livres do contágio graças ao isolamento geográfico, com a barreira natural das montanhas por um lado e do oceano pelo outro”, explica Violeta para Camilo.

A narradora conta ao neto aquilo que lembrava ter escutado da família sobre o ano de seu nascimento: o hábito do pai de higienizar as mãos com álcool, o isolamento da família para evitar contatos e até o uso de máscaras. Tais hábitos eram impostos pelo seu pai, que lia os jornais europeus. Depois, a segunda pandemia, a do coronavírus, em 2020. “O mundo está paralisado, e a humanidade, em quarentena. É uma estranha simetria eu ter nascido numa pandemia e morrer em outra”, escreve Violeta nos seus últimos dias de vida.

Além das pandemias, Allende também toca em outros temas socialmente relevantes como o feminismo e a causa LGBTQ+. As personagens Josephine Taylor e Teresa Rivas formam um casal lésbico que luta pelo sufrágio feminino e direitos dos trabalhadores.

Boa leitura.

Blog Dellas. Fotos-Divulgação

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