Estilo Raquel de governar concentra poder

e provoca tensões e mal entendidos

 

 

Ao conceder entrevista ao programa Roda Viva recentemente a governadora Raquel Lyra negou a existência de uma concentração de poder em sua administração, comentário comum nos bastidores na Assembléia e até entre secretários, atribuindo isto ao que chamou de “visão machista das pessoas que não estão acostumadas a ver mulheres no poder”. A realidade, porém, se interpôs esta semana confirmando que não se trata de machismo mas de um estilo de Governo que nem sempre agrada a todos. A saída do secretário de Cultura, Silvério Pessoa, na véspera da maior realização de sua pasta, o Festival de Inverno de Garanhuns, foi uma demonstração disso. Há várias razões para justificar a saída do secretário mas a maior foi a decisão do Palácio de afastar diversos assessores dele que só souberam dos atos pelo Diário Oficial.

Desde que tomou posse, Raquel, por uma preocupação perfeitamente compreensível que é o receio de ser surpreendida na aplicação dos recursos públicos em época tão sensível e observada pela opinião pública, exagerou nas medidas de controle da equipe. Os secretários, com raras exceções, não escolheram os secretários adjuntos e nem os presidentes das empresas de suas pastas. Sequer foram ouvidos. Além disso ficou na Casa Civil a função de nomear desde um servidor de salário mínimo até os adjuntos e demais servidores de cargo comissionado. Entendeu-se no início que isso visava retirar da máquina os “socialistas” nomeados nos governos do PSB. Mas virou prática comum e muitos secretários foram apresentados aos seus auxiliares após nomeação. Como a quase totalidade do secretariado é constituída por técnicos eles ficaram calados mas em off costumam reclamar.

Não se pode culpar, muito pelo contrário, a governadora por ter se baseado em currículos para fazer as nomeações, evitando apadrinhamentos,  mas o plano também acabou gerando morosidade na máquina e muita irritação de auxiliares cobrados a mostrar serviço sem o suporte necessário para fazer girar a máquina pública. Deputados reclamaram que o Palácio pediu para eles currículos até de candidatos a vagas em serviços gerais. Ainda por cima há a questão, e isso fica visível na área de cultura mas é comum em todo Governo, de a presidente da Fundarpe ter mais poder do que o secretário, que não foi ouvido sobre a escolha. Com isso, crescem os desentendimentos, os amuos, a disputa por protagonismo e até as fofocas que, no serviço público, têm grande poder de fogo. Tudo isso esteve envolvido na saída de Silvério e pode servir de lição.

Ausência de políticos reduz desgaste nas demissões

 A governadora pode não ter agido com este propósito ao afastar políticos do secretariado – a exceção é Daniel Coelho, do Turismo. A ausência de políticos reduz a repercussão das demissões. Mudanças na equipe são mais difíceis se o secretário é político pois a repercussão é muito maior e cria dificuldades no legislativo. No caso de Silvério se dá como certo que o desgaste é passageiro e não terá repercussão legislativa, devendo sair do noticiário rapidamente, a não ser que haja alguma coisa por trás além do que se sabe.

Leo Salazar no radar.

Apesar de ter escolhido, interinamente, a presidente da Fundarpe, Renata Borba, para responder pela Secretaria de Cultura, Raquel pode vir a escolher como substituto de Silvério Pessoa o secretário adjunto de Cultura, Leo Salazar.  Ele tem recebido muitos elogios da classe artística e dos funcionários da pasta pela forma de tratar a todos, com atenção e traquejo, até quando precisa comunicar uma má notícia. Leo trabalhou com Raquel em Caruaru mas se adaptou, em pouco tempo, ao Recife.

Greves da Semana

Professores e motoristas de ônibus prometem entrar em greve na próxima semana. Nos dois casos, porém, há possibilidade dos movimentos nem começarem. Esta sexta-feira a governadora Raquel Lyra conseguiu uma antecipação de tutela no  Tribunal de Justiça para, se de fato for deflagrada, a greve dos professores já comece ilegal com multa diária de R$ 50 mil ao Sindicato da categoria. No caso dos ônibus, antecipação de tutela foi dada aos empresários para impedir que haja piquetes na frente das garagens. Além disso a justiça deve antecipar o julgamento do dissídio coletivo resolvendo a questão esta segunda ou terça-feira.

Pergunta que não quer calar: quando Raquel vai poder criar a bolsa “Mães de Pernambuco” prometida em sua campanha?

Foto: Divulgação

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

 

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