Eleições nos EUA: O que está em jogo para Biden e Trump
Historicamente consideradas como um referendo de avaliação do atual presidente dos Estados Unidos e do partido governista, as eleições de meio de mandato deste ano não só avaliarão o futuro de Joe Biden – e do Partido Democrata – para as eleições presidenciais de 2024, mas mostrará qual a viabilidade de Donald Trump em retornar ao poder e radicalizar o Partido Republicano.
Essas serão as primeiras eleições depois que o ex-presidente acusou o sistema eleitoral americano de fraude e insuflou seus apoiadores a marcharem contra o Capitólio a fim de impedir a certificação de Biden. Desde então, a falsa acusação de Trump continua tendo ecos dentro de parte do Partido Republicano e deve ter repercussões nas eleições de agora. Biden vem alertando o eleitorado democrata que é a democracia americana que está em jogo nessas eleições, e sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou que “um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado”. Enquanto isso, Trump prepara o terreno para anunciar sua intenção de concorrer novamente em 2024, com a imprensa americana especulando um anúncio em 14 de novembro. Embora nenhum dos dois tenham seus nomes nas urnas deste ano, especialistas apontam essas eleições como um referendo sobre Biden e Trump. “[É como se fossem] dois titulares”, disse Lee Miringoff, diretor do Marist College Institute for Public Opinion ao site Político. “Ainda é um referendo sobre os dois.”
O futuro do Trumpismo
Essas eleições renovarão todo o Congresso americano, parte do Senado e trocará os governos estaduais de 36 Estados. A corrida é, como sempre, para conquistar a maioria dos assentos de ambas as casas legislativas, o que vai determinar se o governo Biden terá ou não uma vida fácil nos próximos dois anos. Desde o governo Bill Clinton as eleições legislativas têm sido palco de derrota para o partido governista, mas esse ano democratas temem que a derrota seja esmagadora. A perda do Congresso já é quase uma certeza para o governo, segundo as últimas pesquisas, enquanto o Senado continua sendo uma batalha voto a voto, o que tem levado grandes nomes de ambos os partidos em uma corrida por Estados-chave. Se os republicanos controlarem ambas as casas, pautas fundamentais do governo Biden podem ficar travadas e o presidente pode ficar altamente dependente de Ordens Executivas para continuar governando. Mas, mais do que travar o governo, uma maioria republicana poderá reverter muitas políticas sensíveis para os democratas como: regras sobre o voto, aborto, drogas e saúde.
“As primárias republicanas mostraram uma proporção bastante elevada de candidatos que se alinham a Donald Trump e têm uma visão do republicanismo que envolve uma série de práticas que são fundamentais para a democracia”, aponta o professor de Relações Internacionais da FGV, Vinicius Vieira.
Segundo o site FiveThirtyEight de análises estatísticas, justamente os republicanos que se alinharam à narrativa de fraude eleitoral de Trump são os mais favoritos a vencer. Ao menos 185 republicanos que concorrem para Câmara, Senado e governador negaram os resultados das eleições de 2020. Desses, 66% são os favoritos de seus distritos. “Isso deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer se tivermos outra disputa eleitoral em 2024″, afirma o site estatístico.
“Esses são candidatos que apoiam, por exemplo, a supressão do voto, que são medidas para impedir descaradamente que eleitores, principalmente minorias, votem”, alerta Vieira. De acordo com o FiveThirtyEight, ao menos nove Estados podem sofrer mudanças em suas leis eleitorais, muitas delas para uma legislação mais rígida em Estados-chave, como Arizona.“Com esses republicanos trumpistas ganhando, teremos um endosso da candidatura do Trump para 2024 e o próprio Trump já anunciou que deve ‘colocar seu bloco na rua’ exatamente depois das eleições”, completa o professor da FGV.
Essas eleições renovarão todo o Congresso americano, parte do Senado e trocará os governos estaduais de 36 Estados. A corrida é, como sempre, para conquistar a maioria dos assentos de ambas as casas legislativas, o que vai determinar se o governo Biden terá ou não uma vida fácil nos próximos dois anos. Desde o governo Bill Clinton as eleições legislativas têm sido palco de derrota para o partido governista, mas esse ano democratas temem que a derrota seja esmagadora. A perda do Congresso já é quase uma certeza para o governo, segundo as últimas pesquisas, enquanto o Senado continua sendo uma batalha voto a voto, o que tem levado grandes nomes de ambos os partidos em uma corrida por Estados-chave. Se os republicanos controlarem ambas as casa, pautas fundamentais do governo Biden podem ficar travadas e o presidente pode pode ficar altamente dependente de Ordens Executivas para continuar governando. Mas, mais do que travar o governo, uma maioria republicana poderá reverter muitas políticas sensíveis para os democratas como: regras sobre o voto, aborto, drogas e saúde.
“As primárias republicanas mostraram uma proporção bastante elevada de candidatos que se alinham a Donald Trump e têm uma visão do republicanismo que envolve uma série de práticas que são fundamentais para a democracia”, aponta o professor de Relações Internacionais da FGV, Vinicius Vieira.
Segundo o site FiveThirtyEight de análises estatísticas, justamente os republicanos que se alinharam à narrativa de fraude eleitoral de Trump são os mais favoritos a vencer. Ao menos 185 republicanos que concorrem para Câmara, Senado e governador negaram os resultados das eleições de 2020. Desses, 66% são os favoritos de seus distritos. “Isso deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer se tivermos outra disputa eleitoral em 2024″, afirma o site estatístico.
“Esses são candidatos que apoiam, por exemplo, a supressão do voto, que são medidas para impedir descaradamente que eleitores, principalmente minorias, votem”, alerta Vieira. De acordo com o FiveThirtyEight, ao menos nove Estados podem sofrer mudanças em suas leis eleitorais, muitas delas para uma legislação mais rígida em Estados-chave, como Arizona. “Com esses republicanos trumpistas ganhando, teremos um endosso da candidatura do Trump para 2024 e o próprio Trump já anunciou que deve ‘colocar seu bloco na rua’ exatamente depois das eleições”, completa o professor da FGV.
O futuro democrata
Já para os democratas, as perspectivas futuras vão depender do tamanho da derrota que devem sofrer. Atualmente o partido tem uma pequena maioria no Congresso e contam com o “voto de Minerva” de Kamala Harris na presidência do Senado. Para manter essa maioria o partido deve obter mais de 218 assentos no Congresso, no entanto, pesquisas apontam que o partido pode ficara abaixo de 200 cadeiras, dependendo muito dos independentes. Os republicanos, por outro lado, são projetados para ganhar até 216 assentos, precisando de muito menos aliados independentes.
Já a corrida para o Senado conta com apenas 35 cadeiras das 100 da casa – o mandato de senador é de seis anos -, sendo que pelo menos 20 são projetadas para republicanos, conta 12 para democratas. Ainda assim, muitos Estados continuam com votações acirradas e é possível que democratas obtenham mais votos e consigam negociar uma maioria com independentes. De qualquer forma, essas eleições legislativas já são péssimas notícias para os democratas que devem se ver em sério risco para 2024. “Será claramente um sinal de que Biden, e a própria Kamala Harris, não têm condições de se candidatarem em 2024, o que levará os Democratas a buscar uma opção”, sugere Vinicius Vieira. “No momento a opção mais óbvia é a Hillary Clinton, que ganhou no voto popular [contra Trump], mas ela está longe de ser a melhor opção”.
Uma pesquisa ABC-Washington Post publicada em setembro mostrou que 35% apoiam a nomeação de Biden para a corrida de 2024, contra 56% que preferem outro nome. Ainda são números mais positivos que uma pesquisa da CNN americana que indicava 75% de pessoas preferindo qualquer outro nome do que Biden. “Neste meio de mandato tudo está em jogo para Biden”, disse Douglas Brinkley, historiador da Rice University à revista Time. “Perder as duas câmaras transformará Biden em um presidente encolhido e galvanizará uma nova geração de democratas à espera de uma abertura para assumir a liderança do partido”. Segundo ele, ficará insustentável para Biden concorrer a reeleição.
Democratas, no entanto, se mantêm positivos quanto a isso. “As apostas são obviamente altas, mas as eleições de meio de mandato que são ruins para os presidentes são a norma, não a exceção”, disse Jim Kessler, diretor executivo do think tank de centro-esquerda Third Way à ABC News. Além do mandato, Biden também será testado judicialmente caso republicanos obtenham a maioria, pois já sinalizaram que pretendem abrir investigações contra seu filho Hunter Biden, além de investigar políticas do próprio presidente, como contenção da covid-19 e migração. “Já me disseram que, se eles reconquistarem a Câmara e o Senado, vão me acusar”, disse Biden a apoiadores na semana passada.
Redação com veículos – Fotos: Divulgação- Jornal o Estado de São Paulo.
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