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Dom Hélder: processo de beatificação do bispo avança no Vaticano



– Religioso foi um dos fundadores da CNBB e teve papel importante durante o regime militar no Brasil-

O assunto interessa particularmente aos pernambucanos: O processo de beatificação do arcebispo de Olinda e Recife Dom Hélder Câmara, morto em agosto de 1999, avançou no Vaticano nesta última terça-feira. A informação foi comunicada aos fiéis pelo arcebispo Dom Antônio Fernando Saburido e divulgada, por meio de um vídeo, pelos canais oficiais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nas redes sociais. Esta é uma das etapas protocolares para que o cearense seja reconhecido como beato e, posteriormente, como santo pelo Papa Francisco.

O vice-postulador da causa de Dom Hélder Câmara, frei Jociel Gomes, comunica que foi emitido hoje, em Roma, o decreto de validade jurídica do processo, reconhecendo que todos os atos e toda a documentação feita à arquidiocese foram aprovados pelo Dicastério para a Causa dos Santos — explicou o religioso, à frente do mesmo cargo ocupado por Dom Hélder desde 2009. O bispo comemorou o progresso, o qual considerou um “passo significativo” para que a Igreja reconheça oficialmente a santidade de Dom Hélder.



“É um grande passo, pois, de agora em diante, será nomeado um relator, a fim de que o Papa possa o declarar venerável”, afirmou Dom Antônio Fernando Saburido.



Para que uma figura religiosa seja reconhecida como santa, antes, é preciso que ela seja aprovada em quatro etapas impostas pela Igreja: servo de Deus, venerável, bem-aventurado e por fim canonizado. Só é possível dar início ao procedimento cinco anos após a morte do candidato a santo. Dom Hélder Câmara já foi aprovado pelas autoridades católicas no primeiro estágio e, agora, precisa passar por uma espécie de tribunal, que recebe testemunhos de pessoas que o conheceram para ser considerado venerável.



Em um terceiro momento, se intitulado venerável, ele será apresentado aos fiéis como um modelo de vida e “intercessor diante de Deus”. Por fim, antes de virar santo, é feita uma análise por uma equipe de médicos especialistas que concedem um parecer científico para a constatação de um milagre. Em maio, um acervo atualizado do acerbispo foi enviado ao Vaticano para o processo de canonização do “Dom da Paz”, que teve início em 2019. O material era composto por manuscritos e transcrições de programas radiofônicos apresentados pelo religioso.

Um dos fundadores da CNBB, Dom Hélder Câmara foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife em 12 de março de 1964, cerca de três semanas antes do início do golpe militar que deu início à ditadura no Brasil. Desde então, o religioso estabeleceu forte resistência ao regime, denunciando violações de direitos humanos cometidas pelas autoridades policiais. Dom Hélder morreu no Recife, aos 90 anos de idade. Pouco mais de 15 anos após sua morte, em 2015, foi aberto o processo de beatificação e canonização do arcebispo, com a autorização da Santa Sé — jurisdição eclesiástica da Igreja Católica em Roma. Neste mesmo ano, o religioso recebeu o título de Servo de Deus, a primeira designação na escala que vai até os santos. O frei Jociel Gomes foi designado como postulador do caso e se tornou responsável pela investigação da vida do religoso para provar sua santidade. Em dezembro de 2018, a etapa local da canonização foi concluída e um dossiê de 197 páginas foi enviado ao Vaticano. Dentre os documentos, estavam laudos, pareceres e relatos de pessoas que conheceram Dom Hélder para a descrição de um possível milagre, o qual é mantido em sigilo.


Blogdellas com o Jornal O Globo. Fotos: Divulgação

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