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Deputada do MST assume a pauta da “fome” na Assembléia

O MST vai comandar as discussões na Assembléia sobre o combate a fome, uma das principais pautas do presidente Lula. A deputada eleita pelo movimento, Rosa Amorim, do PT, criou na semana passada uma comissão especial com este objetivo com o apoio unânime da casa. “Precisávamos de um espaço para cuidar desse fenômeno que afeta 2 milhões de pernambucanos com insuficiência alimentar de grave a gravíssima” afirma a parlamentar que foi eleita com 42 mil votos, tem 26 anos, e é filha do maior líder dos sem-terra em Pernambuco, Jaime Amorim.

Apesar de ser a representante oficial dos sem-terra, Rosa teve seu batismo na política através do movimento estudantil como aluna do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Pernambuco. Ela assinou o livro de posse como deputada ao lado de membros da coordenação do MST, de uma bandeira do grupo e da mãe que também é sem-terra. Foi a primeira vez que isso aconteceu na Alepe pois Rosa é a primeira representante do movimento a conquistar mandato estadual. Através do PT, o movimento lançou 15 candidatos a deputado federal e estadual no Brasil em 2022.

Com grande penetração na zona rural, o MST levou sua primeira representante ao poder em Pernambuco com os votos do campo e da cidade. A deputada teve metade dos votos no interior e metade na Região Metropolitana onde, embora muitos não sabiam, o movimento penetrou durante a pandemia, como conta Rosa, ao justificar o motivo pelo qual se preocupa tanto com a fome: “na pandemia criamos 50 grupos na RMR para socorrer os mais pobres, entregando alimentos doados. Nos fortalecemos e juntamos a esses votos os de grupos de opinião simpáticos à nossa luta”.

Ninguém espere encontrar na deputada uma sem-terra de boné e camiseta. Embora se vista sobriamente, Rosa não difere no vestir da maioria das deputadas suas colegas. Ela também usa boné e camiseta do movimento mas não dentro da Assembléia. Na verdade, já ingressou no Legislativo disposta a dialogar. “Eu cheguei a sentir alguns olhares enviesados quando ingressei na casa mas hoje todos me respeitam”. Ela, diga-se de passagem, fez sua parte : enviou a cada gabinete dos deputados um mimo inesquecível – uma cesta de produtos orgânicos cultivados nos assentamentos rurais pelo estado.

Indagada sobre a acusação feita ao movimento por proprietários rurais que citam os sem-terra como invasores de propriedades, ela rebate “não se trata de invasores mas de trabalhadores sem terra. Nós integramos o grupo da agricultura familiar e a idéia do presidente Lula de relançar em Pernambuco o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) nos fortalece na pauta do combate à fome que pretendemos iniciar.”

Pelo regimento da Assembléia, a comissão criada pela deputada tem três meses para trabalhar, fazer viagens de inspeção, audiências públicas, ouvir especialistas e representantes dos executivos federal, estadual e municipal e, no final, apresentar um diagnóstico da questão da fome no estado e de medidas propostas para reduzir a pobreza da população. Iniciativas deste porte têm a vantagem de levantar o debate na sociedade sobre as questões tratadas e incentivar a apresentação, se for o caso, de projetos de lei que possam contribuir na solução do problema.

Redação blogdellas – Fotos: Divulgação

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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