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Democracia é melhor do que qualquer outra forma de governo, aponta pesquisa

Levantamento inédito realizado pelo Observatório da Democracia da AGU e pelo Ipespe mostra que 70% da população brasileira preferem o regime democrático aos demais existentes

Cerca de 70% da população brasileira preferem a democracia a qualquer outra forma de governo e 81% concordam que, embora possa ter problemas, ainda assim é o melhor regime político.Os dados fazem parte da pesquisa “A democracia que temos e a democracia que queremos”, realizada pelo Observatório da Democracia da Advocacia-Geral da União (AGU) e pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), com o suporte da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), apresentada nesta [ultima terça-feira (10/12), em Brasília (DF).

Na ocasião, o advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou a importância de dados científicos para que seja possível se fazer uma discussão qualificada sobre o assunto com diferentes segmentos sociais. “A partir dessas pistas, nós teremos condições de discutir com as demais instituições da sociedade brasileira, da sociedade civil, setores econômicos, instituições republicanas, como os poderes Judiciário e Legislativo”, afirmou.

O adjunto do advogado-geral da União, procurador federal Paulo Ceo, ponderou que os números revelam um quadro complexo da democracia brasileira. “Embora exista um forte apoio ao sistema democrático, uma considerável insatisfação com seu estado atual e um risco percebido de ameaças à sua estabilidade são aparentes. Os dados sugerem uma necessidade de reformas e maior transparência, maior engajamento dos cidadãos e medidas eficazes para combater a disseminação de desinformação”, comentou.

O cientista político Antonio Lavareda, coordenador da pesquisa, foi o responsável por apresentar os resultados. “Levantamentos como esse ajudam a dimensionar as conquistas, bem como expectativas não realizadas e não atingidas ainda pela sociedade (…)”, pontuou. “Democracia é um processo em construção permanente e ouvir o que a população pensa sobre ela ajuda com certeza na caminhada”, acrescentou.

O presidente do Febraban, Isaac Sidney, ressaltou a importância da democracia e a harmonia entre os poderes para o desenvolvimento econômico e social do país, bem como do apoio de iniciativas como estas. “Seja o capital nacional, seja o capital estrangeiro, para que ele possa vir e ser mantido no Brasil, para funcionar como motor de crescimento, nós precisamos de democracia, de robustez institucional, de estabilidade pública, de segurança jurídica e de previsibilidade”, explicou.O conselheiro do Observatório da Democracia, Mauro Menezes, salientou, ainda, que a pesquisa representa um insumo importantíssimo para o próximo período de atividades do Observatório. “O Observatório hoje já está estruturado, constituído, já tem suas comissões estabelecidas, já é ponto de reunião de especialistas, de referências institucionais de vários setores do poder público e da sociedade, preocupados não só com a conservação do ambiente democrático, senão também com a promoção dos elementos que a democracia aponta, indica e de certa forma preconiza”, disse.

Resultados

A pesquisa aponta que “liberdade” é a ideia-síntese mais associada à democracia – principalmente de professar qualquer religião –, seguida de igualdade, direitos e participação. Outro resultado interessante é que dois terços dos brasileiros acreditam que o Brasil já trilhou parte do caminho para uma democracia ideal e a maioria é otimista quando a expectativa é que a democracia melhore no Brasil (36%), especialmente nas oportunidades educacionais, no acesso aos serviços de saúde e no combate à criminalidade e à violência.

De acordo com a pesquisa, 70% da população consideram que a democracia está de alguma forma ameaçada. Outros 25% responderam que ela está segura.

Cerca de seis em cada dez (59%) brasileiros acreditam que a democracia passou por um risco de golpe no último ano; em relação às redes sociais, 69% dos entrevistados entenderam que as fake news atrapalham e confundem muito nas eleições. Além disso, 70% acreditam que as redes sociais e o WhatsApp deveriam ser regulados por leis quanto à propagação de fake news.

No que diz respeito à relação entre os três Poderes, a maioria acredita que a relação é conflituosa (65%) e que, frequentemente, um interfere no outro (31%). Quando o assunto é participação social, a maioria dá maior atenção às questões políticas do seu município (49%), seguido do seu estado (43%) e do País (40%).

A pesquisa “A democracia que temos e a democracia que queremos” foi realizada nacionalmente, em dezembro de 2024, com três mil cidadãos, e organizada em oito eixos: Valorização; Funcionamento e Satisfação; Expectativas; Confiança nos Poderes e nas instituições; Desarranjos do sistema; Participação da cidadania; O papel das redes sociais; e Ameaças.O objetivo do levantamento foi levantar, em diversas regiões do Brasil, dados sobre a satisfação dos cidadãos com o regime democrático e compreender quais valores e conceitos os brasileiros associam à democracia. O estudo foi proporcionado após a assinatura do protocolo de intenções em novembro deste ano entre a AGU e a Febraban.

Redação com assessoria Foto: divulgação

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