De perfil técnico, governador Paulo Câmara amarga alto índice de rejeição

 

 

Afável, cordato – inclusive com os adversários – muito educado. Estes são atributos do governador Paulo Câmara reconhecidos por lideranças de todos os partidos e ressaltadas em conversas de deputados governistas e oposicionistas, na Assembléia Legislativa. Apesar disso, o atual governador tem hoje índices de rejeição semelhantes aos do presidente Jair Bolsonaro, que é muito reprovado em Pernambuco. Paulo chegou a 69% de desaprovação, na pesquisa Conectar divulgada anteontem. E, da mesma forma que o ex-prefeito do Recife Geraldo Júlio, também desgastado, acabou não aparecendo na propaganda partidária do atual prefeito do Recife, João Campos, Paulo não estácotado como cabo eleitoral televisivo do candidato à sua sucessão, Danilo Cabral.

O que teria acontecido com Paulo Câmara? Muitos deputados estaduais se perguntam e as hipóteses apontadas são várias. Um deputado federal governista, pedindo anonimato, aponta que “há duas unanimidades quando se avalia o governador. A primeira é que ele é uma pessoa admirável e é bom gestor, a segunda é que, com perfil técnico, ele não gosta e nem sabe fazer política. Não é um líder forte, como foram quase todos os governadores pernambucanos. Deixa a impressão de que sua equipe nem sempre faz o que ele deseja e fica por isso mesmo”.

 Além da questão da liderança se coloca nas costas do governador na Alepe desde o cansaço da população pelos 16 anos de poder do PSB até a desestruturação da Frente Popular. O exemplo que se dá é claro: todos os atuais candidatos da oposição – de Marília Arraes a Anderson Ferreira – foram Governo na época de Eduardo Campos e teriam ficado pelo caminho por falta de estratégia política. Também se culpa a comunicação que teria esquecido as redes sociais, nomomento em que elas são quase tão importantes quanto a televisão e o único meio de comunicação, além do rádio, no interior, onde imperam as antenas parabólicas. “Eduardo não só tinha uma boa área de comunicação  como se auto promovia, tal era sua capacidade de chegar à população. Paulo não tem esse perfil e nem o ajudaram a tê-lo”- comenta um deputado estadual da base governista

A ausência do líder

Na verdade, quase ninguém fala mas, nas coxias, o comentário é de que o ex-governador Eduardo Campos escolheu dois técnicos para prefeito do Recife e governador do estado, apostando na sua própria capacidade de, vivo, e até, quem sabe, presidente da República, ter nas duas mais importantes funções administrativas do estado, pessoas sem ambições políticas e extremamente fiéis a ele já que política era ele que fazia. Morto, deixou Geraldo e Paulo órfãos e vivendo o luto até agora quando o próprio filho de Eduardo deu a volta por cima e é prefeito da capital.

O legado de Paulo

“Paulo vai passar para a história como um dos lideres políticos de Pernambuco mais injustiçados”- afirma o deputado estadual Diogo Moraes (PSB) , um dos fãs que Paulo tem na Alepe. Ele reconhece que o governador tem dificuldades políticas pelo seu próprio estilo “mas só ter mantido o estado de pé, equilibrado economicamente, em meio a uma pandemia, enchentes, enxurradas e agora uma guerra que abalou o mundo, não é prá qualquer um. Pernambuco não só se equilibrou como tem a melhor educação do país, observou na gestão dele os melhores índices do Pacto pela vida e atravessou, na área de saúde, a pandemia sem sobressaltos”. Ele reconhece que o governo falou nas estradas mas pondera “em um estado pobre uma hora você tem que investir mais na educação, outra na saúde, outra na segurança e na infraestrutura. Não dá para fazer tudo de uma vez mas o Plano de Retomada está mostrando que os recursos estão chegando e saindo do papel”.

Outros problemas

Candidatos de oposição como Miguel Coelho atribuem ao governador uma falha que condenam: o mau relacionamento com o governo federal, acrescentando que “em um estado pobre temos que ir buscar recursos onde eles estiverem disponíveis, independente de ideologia”. Miguel acha que Pernambuco perdeu muito com a polarização e que o governador apostou nela. Diogo Moraes acha que não “ éevidente que Paulo foi atacado pelo presidente como todos os governadores. Não foram os governadores que deram as costas para ele mas ele que deu as costas aos governadores. Colocou na cabeça que essa era uma forma de se dar bem”.

Isabel Urquiza pode ser a vice de Anderson

Isabel Urquiza, que foi candidata a prefeita de Olinda está cotada para vice de Anderson Ferreira. Filha da ex-deputada Jacilda Urquiza ela é pré-candidata a deputada mas está no rol dos nomes que Anderson examina para escolher sua companheira de chapa.

Miguel balança o coreto

Em reunião com lideranças no bairro do Ibura o pré-candidato Miguel Coelho criticou a nacionalização da campanha e quem luta por ela. Chamou de “babões” os pré-candidatos que utilizam os nomes de candidatos a presidente para se promover “não quero ser governador para ser babão de ninguém mas para cuidar de Pernambuco” – disparou

Marília e a gravidez eleitoral

 A pré-candidata Marília Arraes, que disputou grávida a eleição do Recife em 2020 (teve a segunda filha em janeiro deste ano) agora também está grávida. Ou seja, esta é a segunda eleição majoritária que disputa nessa condição. Quem a conhece de perto diz que ela tira de letra. Costuma não faltar a compromissos e nem deixa de viajar por isso. É bom ressaltar, porém, que a eleição agora é estadual e Pernambuco tem 184 municípios aguardando os candidatos.

 

Foto: Divulgação

E-mail:terezinhanunescosta@gmail.com

 

 

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