Com mais disposição que os tucanos, Bolsonaro 

pode dar trabalho a Lula no Nordeste

 



As pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora mostram que Lula cresce em redutos bolsonaristas do Sudeste – a região mais populosa do Brasil – e o presidente continua perdendo feio para os petistas no Nordeste. Mas, será que essa tendência continua ou pode mudar, reduzindo a diferença de Bolsonaro, na terra de Lula? A julgar pela performance do candidato a governador do presidente em Pernambuco – estado chave do lulismo – o ex-prefeito Anderson Ferreira, que, nas duas últimas pesquisas, está disputando o segundo lugar nas intenções de voto, é possível que sim. E acontecendo em Pernambuco a tendência pode chegar a outros estados.

O que poderia levar os nordestinos a dar mais votos a Bolsonaro que aos tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves, que enfrentaram o PT desde 2002, com Lula e depois Dilma, e perderam feio na região? Em primeiro lugar,o Auxílio Brasil que, se bem “vendido” na campanha, tem poder para multiplicar votos, sobretudo entre os mais pobres. Em segundo lugar, porque os tucanos vinham ao Nordeste quase que pedindo licença para se apresentar ficando, quase sempre, em ambientes fechados. Já Bolsonaro, com disposição e sem medo de vaias, vem colocando o pé na estrada e, em menos de um mês, já esteve duas vezes em Pernambuco e, neste domingo, falou por vídeo para milhares de pessoas na praia do Pina.

Hoje, as pesquisas dão a Lula no Nordeste, em torno de 60% das intenções de voto e Bolsonaro chega, no máximo, a 25%. Para comparar, em 2002, no melhor momento para os tucanos, José Serra teve no segundo turno cerca de 40% dos votos no nordestinos e Lula perto de 60%. Veio o bolsa família e o PT só fez crescer. Contra Alckmin, em 2006, Lula teve 66,77% dos votos nordestinos no segundo turno e Alckmin apenas 18,8%. Em 2010, enfrentando José Serra, Dilma, candidata mais fraca, teve, mesmo assim, cerca de 70% no Nordeste e Serra menos de 30%. Contra Aécio, em 2014, Dilma somou 71,69% na região e Aécio teve 28,31%.

Anderson acrescenta predicados ao bolsonarismo

Conservador, evangélico, Anderson Ferreira (PL) nunca foi um bolsonarista apaixonado por isso se dizia, no início da pré-campanha, que talvez os votos do presidente no estado fossem para o pré-candidato Miguel Coelho (UB). Ele, Anderson, estava na época tentando ser o senador da pré-candidata do PSDB, Raquel Lyra. Coube ao ex-ministro do turismo e pré-candidato ao senado, Gilson Machado, este sim bolsonarista doente, convencer Anderson a se juntar a ele. Não sem antes afirmar que, caso não apoiasse Bolsonaro, o ex-prefeito teria que deixar o PL, seu partido de muitos anos.Sem saída e aconselhado pelo irmão deputado federal André Ferreira, que virou vice-líder do governo na Câmara, Anderson resolveu encarar o desafio.

Pesquisas favoráveis

Na semana passada pesquisa do Instituto Potencial apontou Anderson como segundo lugar em Pernambuco. Ontem foi a vez do Ipespe o colocar um ponto apenas atrás da segunda colocada, a ex-prefeita Raquel Lyra. Ela com 13% e ele com 12%, um empate técnico. No Recife, o que é de admirar, mas onde o evangelismo cresce a olhos vistos, ele tem 19% das intenções de voto bem distante do segundo colocado, Danilo Cabral(PSB) que tem 8%. A primeira é Marilia Arraes com 28% no Recife mas foi candidata a prefeita nas últimas eleições e disputou o segundo turno.

Cuidado com as pesquisas

Embora a população tenda a analisar uma pesquisa só pelos números totais, o economista e estatístico Maurício Romão chama atenção para um fato que só é visto na pesquisa espontânea e que poucos consideram. Segundo ele, noDatafolha da semana passada em São Paulo, em que Fernando Haddad lidera, 72% dos eleitores se colocaram como indecisos na pesquisa espontânea e 7% disseram não votar em ninguém. Nesta última do Ipespe em Pernambuco 59% na espontânea se mostraram indecisos e 11% disseram que votarão branco ou nulo. Embora afirme que as pesquisas estimuladas estão corretas ele ressalta que é preciso estar de olho nos indecisos que podem mudar muito ainda daqui pra frente.

Dissidência emedebista

O prefeito de Toritama, cidade vizinha a Caruaru, Edilson Torres, que é filiado ao MDB, declarou ontem apoio ao pré-candidato a governador do União Brasil, Miguel Coelho e sua vice Alessandra Vieira. Toritama faz parte do Polo de Confecções do Agreste, onde nasceu Alessandra e sua adesão a Miguel é um sintoma de que a candidatura do ex-prefeito de Petrolina penetra mais na região da também pré-candidata Raquel Lyra, de Caruaru.

Daniel presta contas

O deputado federal Daniel Coelho realiza evento esta quinta-feira às 18 horas, no Clube Internacional, para prestar contas do seu mandato a lideranças do Grande Recife. Quem deve marcar presença é a pré-candidata Raquel Lyra que tem em Daniel – ao lado da deputada estadual Priscila Krause – uma base de penetração na Região Metropolitana.

Clodoaldo cobra

O deputado estadual Clodoaldo Magalhães, que foi filiado ao PSB mas agora é do Partido Verde, cobrou ontem do Governo do Estado as barragens prometidas para a Mata Sul, da qual é oriundo e onde mais de uma dezena de municípios estão em estado de calamidade por causa das enchentes. Candidato a deputado federal este ano, ele disse que o Plano de Contenção de Enchentes na Mata Sul, lançado pelo então governador Eduardo Campos, “está com 12 anos de atraso e todos os candidatos ao governo devem ter como compromisso concluir essas obras”- ressaltou.

Foto: Divulgação

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

 

 

 

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