Marília na solidão política
Embora tenha declarado que as próximas pesquisas mostrarão o apoio que ela tem do povo pernambucano, a deputada federal Marília Arraes compareceu esta sexta-feira ao ato de filiação ao seu novo partido, o Solidariedade, numa quase completa solidão política. Foi acompanhada somente do esposo e da irmã Maria, que deve ser candidata a federal, e de não mais do que 40 pessoas, desconhecidas no meio político, que gritaram seu nome em três ocasiões.
Marília não demonstrou preocupação com a ausência de outros partido e até demonstrou que pode continuar no isolamento. Ao ser indagada pelo Blog Dellas se seu diálogo há dias com candidatos de oposição significava a possibilidade de montar palanque presidencial múltiplo, como já se comprometeu o prefeito Miguel Coelho(União Brasil), ela foi taxativa, argumentando que as alianças do seu palanque se darão em torno de Lula. E ainda alfinetou o PSB: “essa pergunta deveria ser feita a eles que têm o apoio de partidos que até apoiam Bolsonaro”.
As reações subsequentes à entrevista foram diversas: “está perdida” ou “não vai pra canto nenhum,” comentaram depois dois deputados do PT e PSB na Assembleia. Um interlocutor da candidata nos últimos dias, porém, deu uma explicação diferente: “no momento ela tem mesmo que cravar o nome de Lula, por conta da disputa com o PSB em torno dele, mas a evolução dos acontecimentos vai mostrar coisas diferentes”.
Partidos grandes negaram apoio
Marília, na verdade, antes de definir-se pelo Solidariedade, um partido pequeno que nem compôs chapa proporcional para disputar este ano, procurou partidos maiores como União Brasil, PSD e MDB para ser a candidata a governadora de um deles mas não teve êxito. O União Brasil já apoia a candidatura de Miguel Coelho, o MDB ficou com o deputado federal Raul Henry que conseguiu formar uma chapa para garantir sua eleição e o PSD tem um deputado federal, André de Paula, que deve compor como candidato ao senado a chapa da Frente Popular.
Dará certo?
É possível concorrer com êxito a uma eleição de governador sem apoio político? Nove entre dez deputados asseguram que não. Mas tanto os candidatos oposicionistas Raquel Lyra como Miguel Coelho não demonstraram até agora disposição de ceder a cabeça da chapa a ela e até ontem tinham esperança de que aceitasse a vaga do senado. Marília conseguiu conversar antes sem abrir o jogo mas agora não é mais possível. Disse que seu projeto é pra valer.
Pesquisa vai mudar o cenário
Da mesma forma que Marília demonstrou sua confiança de que vai estar na frente nas próximas pesquisas ela, na verdade, pensa nesse trunfo para convencer Miguel ou Raquel a se compor com ela. Só o tempo dirá se os números vão ser tão expressivos como espera chegando a falar a Paulinho da Força, na última conversa que os dois tiveram em São Paulo que já chega a 40% nas pesquisas internas. Deve ser por isso que Paulinho a chamou ontem de “Rainha das Mulheres” e pontuou “sem as amarras que tinha até agora vai crescer muito e ganhar”.
PSB vai ter que engolir Marília e Lula
Coube ao presidente do Solidariedade bater no PSB durante o ato de Marília. Deixou claro que os socialistas não vão poder impedir que ela use imagens de Lula na campanha pois o Solidariedade apoia o candidato do PT nacionalmente. E foi além, afirmando que em São Paulo Lula terá dois palanques: um com Haddad(PT) e outro com Márcio França (PSB) e concluiu “em São Paulo pode e aqui não? Pois o PSB vai ter que engolir Marília e Lula”.
Priscila quer Raquel, Marília e Miguel juntos
A deputada estadual Priscila Krause, que tem sido uma das interlocutoras de Marília no PSDB (partido ao qual vai se filiar este semana), defendeu ontem, em entrevista de rádio em Palmares, uma aliança de Marília e Miguel Coelho com Raquel. Nos bastidores ela tem apontado para uma possibilidade de Marília ainda ser candidata ao senado, com Raquel governadora e Miguel vice , já que não tem idade para ser senador. Só Deus sabe se isso pode vir a acontecer mas uma coisa é certa: não será até o final deste mês quando Raquel e Miguel precisarão renunciar aos mandatos para serem candidatos. E ambos estão com a cabeça voltada para o Palácio das Princesas.
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Foto: Marília Arraes/Reprodução facebook