Uma vice protagonista no Governo é algo novo que Pernambuco experimentará em 2023

 

No Brasil, a função do(a) vice-governador(a) é, por lei, a de substituir o titular quando ele precisar se afastar do posto ou, também, a de executar tarefas que sejam designadas pelo titular. Em função disso se tem o vice muito mais como figura decorativa e, por vezes, até inimiga do titular, quando os dois se desentendem. Em Pernambuco este ano, como se não bastasse o avanço que foi a eleição de uma chapa majoritária 100% feminina, a governadora eleita Raquel Lyra decidiu, ainda na campanha, se comprometer com o protagonismo de sua vice, a deputada estadual Priscila Kraus. e, dizendo que as duas vão governar juntas.

O drama vivido por Raquel no dia do primeiro turno, com o luto pela perda repentina do seu marido, foi a senha para que o protagonismo de Priscila se realizasse de fato. Impedida de iniciar, de imediato, a campanha para o segundo turno por absoluta falta de condições emocionais, a governadora viu a vice assumir, com sua concordância, todo o trabalho de coordenação das manifestações de apoio como se titular fosse. Nada foi postergado e Raquel pode voltar com tranquilidade ao cenário. Recentemente a vice também foi demandada em tarefa importante: a coordenação da equipe de transição, tarefa para poucos. Tem se saído bem.

Como isso tudo vai funcionar após o dia 1.o de janeiro com ambas empossadas e com o estado todo para administrar? Só o tempo vai dizer mas, certamente, o inusitado persiste e os desafios também. A governadora chegou a se queixar esta segunda, em evento com mulheres, de ter sido vítima de incompreensão ao publicar na semana passada em suas redes elogios à vice, reiterando a parceria entre as duas. O gesto foi interpretado como sinal de que as duas teriam tido um desentendimento e ela procurara colocar panos quentes. “Não entendi – disse ela – como reclamam de um elogio que eu faço à minha vice. Imagine se tivesse feito uma crítica”. Na presença de Priscila, as duas reiteraram a união e o comprometimento com o trabalho conjunto que estão realizando.

Vices e vices

Raquel e Priscila assumem após uma administração estadual em que há uma mulher na vice: a ex-deputada federal Luciana Santos, a primeira no estado a ocupar este posto. O que vê na finda administração socialista, comandada pelo governador Paulo Câmara, porém, é que a vice substituiu o titular em suas ausências mas não recebeu dele a atenção e a divisão de tarefas que Raquel se propõem a adotar. Priscila está em todas, com Raquel ou sem ela mas sempre falando pelas duas, quando a titular não está presente.

Técnico com perfil político

Esta segunda-feira, Priscila não titubeou em avançar que o secretariado de Raquel terá perfil técnico e sensibilidade política. Meia palavra basta para entender que algum politico escolhido para a equipe precisa, não só ter exercido um mandato como, no currículo, demonstrar capacidade técnica para a missão a ser exercida. O que limita muito os nomes políticos. Aliás, justiça se faça. No primeiro pronunciamento após a vitória Raquel já adiantou que o perfil seria esse, como esse blog ressaltou na época. Não entendeu quem não quis.

Ser diferente

Não é à-toa Raquel também deixou um recado no mesmo evento com mulheres do qual participou esta segunda. Afirmou que a mulher deve agir diferente do homem na política e que ela foi eleita pra fazer diferente. Exemplificou até em relação ao tempo que está levando para escolher a equipe e até brincou: “ garanto a vocês que no início de janeiro darei posse a todo o secretariado”. E concluiu “não estou aqui para fazer a lógica tradicional da política. Embora muitos quisessem”. Aliás foi isso que ela fez quando assumiu a prefeitura de Caruaru. Só na véspera da posse revelou a identidade dos escolhidos.

Pergunta que não quer calar: Raquel vai mesmo deixar para anunciar o secretariado na véspera do Ano Novo?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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