Posse nem aconteceu mas entorno de Lula já respira sucessão

 

Dependendo do voto para se manter no poder, a classe política respira eleição. Fechadas as urnas e definidos os derrotados e os vitoriosos, já se a começa a desenhar cenários para o próximo pleito. A adoção da reeleição para mandatos majoritários reduziu um pouco essa corrida porque quem conquista o cargo de prefeito ou governador é provável candidato quatro anos depois, com amplas chances de vencer. No que se refere ao presidente Lula, no entanto, que não deseja disputar a reeleição, o processo se acelerou. Hoje são citados como prováveis candidatos a presidente em 2026 o vice Geraldo Alkmin (PSB), e os ministros Simone Tebet (MDB), Fernando Haddad (PT)e Flávio Dino (PSB).

Isso explicaria a própria dificuldade de Lula de compor sua equipe. A insistência com o nome de Haddad para ministro da Economia, ao contrário do que imaginavam os economistas e o próprio mercado, teria o objetivo de cravar, desde já, que ele é o preferido do presidente para sucedê-lo, Alckmin sempre sonhou com a presidência, Simone Tebet não esconde de ninguém o seu desejo de tentar daqui a 4 anos o que não conseguiu em 2022 e Flávio Dino vem crescendo nas apostas depois de virar ministro da justiça e também gozar da confiança de Lula que o escolheu com cota pessoal e não partidária.

É preciso avisar aos navegantes que todos eles vão depender do sucesso da nova gestão, mas o jogo já começou a ser jogado. Não fosse uma presidenciável e Simone Tebet dificilmente deixaria de ocupar o Ministério de Desenvolvimento Social. O que levou o PT a vetá-la desde o início foi a força eleitoral do Bolsa Família que ajudou a eleger Lula três vezes e Dilma duas. Flávio Dino é de casa, só seria candidato se Haddad se inviabilizasse e, portanto, não tinha porque criar-lhe dificuldades. Por fim, Geraldo Alckmin, embora ministro de desenvolvimento econômico, caiu de posição. Antes Lula prometera transformá-lo no co-presidente, ajudando-o a gerir a máquina. Agora ficará confinado a uma pasta, com poderes limitados.

Alckmin tem a força do voto

Na política existe uma máxima constantemente repetida pelos entendidos de que “não se deve nomear quem não se pode demitir”. Por isso não se considera conveniente dar uma secretaria ou ministério a um vice pois se ele não der certo no cargo não poderá ser afastado, sem gerar uma crise. Por que, mesmo sabendo disso, e estar sofrendo para satisfazer todos os partidos que o apoiam, Lula resolveu dar a Alckmin um ministério? Certamente um motivo relevante ele tem e pode ser o de afastar o ex-governador do núcleo duro petista que formou para ajuda-lo a governar e, de fato, comandar o Governo.

Segurança total

O receio de problemas com a segurança na posse de Lula, por conta dos bolsonaristas acampados na capital federal, levou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, a decidir mobilizar todo o efetivo da Polícia Militar do DF, composto por 10 mil policiais, para assegurar a tranquilidade no momento da solenidade. Mesmo assim, o ministro Flávio Dino insiste na idéia de que o presidente eleito utilize um automóvel blindado em seus deslocamentos e não o carro aberto, como acontece em todas as posses presidenciais, incluindo a de Jair Bolsonaro, quatro anos atrás.

Décio e Alexandre explicam finanças

Como se não bastasse a nota oficial divulgada um dia antes, os secretários da fazenda Décio Padilha e do Planejamento Alexandre Rebelo concederam entrevista coletiva esta terça-feira para responder à vice Priscila Krause. Reiteram que o estado vai ser entregue à nova governadora Raquel Lyra com R$ 3 bilhões em caixa (“o maior valor repassado para um governante nos últimos 27 anos”) e mais R$3,4 bilhões em operações de crédito que só precisam ser acionadas para os recursos chegarem ao estado. Décio disse mais: que a dívida do estado é de 21%, “a menor da história” e que a despesa com pessoal corresponde a 42,7 da Receita Corrente Líquida (“antes chegara a até 49%”).

Pergunta que não quer calar: No frigir dos ovos, quem está com a razão? A equipe de Raquel ou a de Paulo Câmara?

E-mail: terezinhacostanunes@gmail.com

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