Os “técnicos” de Raquel e os “políticos” de João. Quem vai vencer este embate?

 

Desde que a governadora Raquel Lyra anunciou seu secretariado, dois dias antes da posse, constituído, em sua quase totalidade, por técnicos – a exceção é Daniel Coelho – algo inédito nos últimos 20 anos, que a classe política tem se questionado sobre o acerto dessa medida. “Quero ver como ela vai se virar na próxima eleição”- afirmou a este blog um deputado estadual de oposição, criticando a postura da governadora. Na verdade, técnicos nem sempre ajudam a ganhar votos, o objetivo de todos os políticos, e depois que as campanhas passaram a ser feitas pelos meios de comunicação – sobretudo TV – o tempo do candidato é fundamental e quem garante isso são os partidos. Quando estão no Governo se aliam na eleição, quando não, viram adversários.

Em posição diametralmente oposta à da governadora, seu principal adversário no estado, o prefeito do Recife, João Campos, resolveu seguir um caminho diverso: conseguiu esta semana se recompor com dois partidos com grande tempo de TV e disputados de norte a sul. Chamou de volta para sua equipe Cacau de Paula, filha do ministro André de Paula, do PSD, que havia sido afastada quando o pai foi para o palanque de Marília Arraes (Cacau reassumiu a secretaria de turismo) e fez um acordo de mestre incorporando à sua base o União Brasil, um dos partidos de maior bancada no Congresso, nomeando como secretária de desenvolvimento econômico a advogada Joana Florêncio, indicada pelo deputado Luciano Bivar.

A questão entre os estilos Raquel e João só vai ser resolvida nas próximas eleições. A governadora alega que veio para mudar e que foi isso que a população lhe pediu durante a campanha. Deve esperar reconhecimento no próximo pleito. João não justifica seu posicionamento mas o deixa claro, nas medidas recém-adotadas. Candidato à reeleição em 2024 e saído de um pleito em que seu partido, o PSB, foi duramente derrotado, não quis correr risco e apostou no resultado mais imediato que é a formação de um grande palanque para o próximo enfrentamento com Raquel. Desta feita no Recife.

João quer jogar em 2024 e 2026

É muito cedo para saber como estarão administrativamente a governadora e o prefeito do Recife daqui a dois anos. O jogo, porém, já começou a ser jogado. Se for reeleito, João Campos será naturalmente candidato a governador em 2026, quando Raquel deve disputar a reeleição. Se Raquel vencer no Recife, terá impingido uma nova derrota aos socialistas da qual eles vão demorar muito a se recuperar. Mas, como diz a sabedoria popular, “quem é cocho parte cedo” e o prefeito, que perdeu o apoio da máquina estadual e está restrito ao município, não pretende deixar por menos.

Mesa diretora é outro desafio

Raquel tem outro desafio pela frente que é se sair bem da eleição que vai escolher a nova mesa diretora da Assembléia dia 2 de fevereiro, quando tomam posse os deputados reeleitos e os novos. Os governadores nunca ficam alheios ao processo para evitar que alguém de oposição assuma a casa e passe a ser uma pedra no sapato. Mas a tradição é os parlamentares, em sua maioria, seguirem alguém simpático ao Governo, apesar de um movimento surgido entre deputados atuais e novos logo depois da eleição, ter definido um perfil de independência do novo presidente.

Junta Comercial com problemas

Por conta da exoneração de uma só vez de todos os cargos comissionados do estado, a Junta Comercial de Pernambuco desde o dia 02 não dá baixa nos processos das empresas LTDA e Eirele porque está sem presidente sem secretário geral. Somente as S/A estão sendo atendidas porque dependem de reuniões das turmas de vogais e das plenárias que continuam se realizando. A Junta é fundamental para o funcionamento das pequenas e médias empresas do estado.

Pergunta que não quer calar: que erro o ministro José Múcio cometeu para o presidente Lula dizer que não vai ser por conta de uma falha que vai afastá-lo do Governo?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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