Criação das federações partidárias levaram PSB e PT a perderem vagas na Câmara e na Alepe

 

Mauricio Romão

 

A criação de federações partidárias este ano com o objetivo de salvar da degola pequenos partidos, sem condições de enfrentar a disputa isoladamente, acabaram prejudicando legendas maiores. Em Pernambuco os atingidos foram PSB e PT. Os dois partidos teriam ampliado sua representação na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa, por motivos diferentes, mas não menos danosos. No caso do PSB o partido teria sua bancada na Câmara Federal aumentada de 5 para 6 deputados, favorecendo Gonzaga Patriota e na Alepe de 14 para 15, abrindo espaço para Davi Muniz. O PT teria mais um federal, Liane Cirne.

Os perdedores no caso seriam o PCdoB, que não elegeria Renildo Calheiros como deputado federal, e o PV, que, a nível estadual, teria sua bancada reduzida de 3 para 2 deputados, prejudicando João de Nadeji. Os cálculos são do economista e estatístico Maurício Romão, analista do processo eleitoral e consultor do Blogdellas. Ele fez um estudo pormenorizado da mudança legislativa e concluiu que as federações, na verdade, além de uma proteção camuflada para pequenos partidos, funcionaram muito mais como coligações proporcionais, que são proibidas por lei, do que como instrumento de redução do quadro partidário.

Análises como essas e outras que serão feitas podem não só mudar a visão dos partidos para o enfrentamento das próximas eleições como estimular novas mudanças no processo recém implantado. Já existem duas em tramitação, mas se referem a questão do cálculo do quociente eleitoral para as vagas ocupadas pelas sobras tanto para federal como para estadual. Se essas ações tivessem sido julgadas a tempo e procedentes poderia, segundo Romão, salvar mandato do deputado federal pelo Podemos, Ricardo Teobaldo.

Deputados eleitos sozinhos

Maurício Romão também constatou que somente dois deputados federais pernambucanos eleitos este ano tiveram votos suficientes para se eleger sem depender de ajuda de outros candidatos. Foram André Ferreira (PL) e Clarissa Tércio (PP). O quociente eleitoral para eleger um federal no estado foi de 199.267 votos e eles tiveram, respectivamente, 273.267 e 240.511 votos. Ambos ajudaram outros nomes das suas legendas com as sobras. André com 74 mil votos e Clarissa com 41 mil votos. Na Assembléia cujo quociente eleitoral foi de 101.415 votos os deputados Junior Tércio, com 183 mil votos e Feitosa com 146 mil ultrapassaram em muito o necessário. Já Gleide Ângelo com 118 mil votos, que ajudou a eleger mais três há quatro anos, só ajudou o partido com 17 mil votos.

Fernanda Batista na transição

Indicada pelo PSB de Pernambuco, que já conseguiu emplacar o prefeito João Campos na equipe de transição de Lula, a secretária de infra-estrutura de Paulo Câmara, Fernanda Batista, foi nomeada para integrar também o grupo na área de obras. Fernanda chegou a ser cotada para candidata a governadora antes da decisão por Danilo Cabral, mas seu nome não vingou nas hostes partidárias que preferiram apostar em um político. O poeta e cordelista pernambucano Antonio Marinho, de São José do Egito, também na equipe de transição, na área de cultura. Ele costuma animar com seus improvisos os eventos do PT e PSB.

PCdoB ganhou, mas não levou

O PCdoB foi o autor da nova regra eleitoral que permite a formação de federações partidárias para concorrer às eleições. O partido que de tão pequeno nacionalmente já não tinha direito a cota partidária desde 2018 corria o risco de desaparecer. Em Pernambuco houve êxito. Sem a federação PT, PV e PCdoB Renildo Calheiros não seria eleito e sim Liane Cirne, do PT. Mas, nacionalmente, o partido diminuiu de tamanho. Tinha 8 federais e só elegeu 6 desta vez.

Pergunta que não quer calar: quando vai terminar a polêmica sobre Janja que, na equipe de transição, tem como atribuição oficial organizar a festa da posse?

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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