Assembléia vira berço de renovação do poder em Pernambuco

 

 

Grande parte dos políticos pernambucanos que ganharam projeção nas eleições majoritárias começaram a carreira política como deputados estaduais. Este ano, no entanto, pela primeira vez, saíram direto do plenário da Alepe duas das três vencedoras das eleições majoritárias no estado: a vice-governadora eleita, Priscila Krause, exerce o segundo e a senadora eleita Teresa Leitão o quinto mandato de deputada estadual. A governadora eleita Raquel Lyra não está saindo direto da Assembleia para a chefia do executivo, mas, antes de ser prefeita de Caruaru por seis anos, exerceu dois mandatos estaduais.

O mais significativo de tudo isso é o fato de que, além de ter sido o berço das vencedoras, a Assembléia propiciou uma verdadeira revolução política de gênero – as três são mulheres, coisa inédita no estado – e representam uma renovação territorial, sendo Raquel a primeira executiva estadual procedente do interior e Teresa e Priscila, da Região Metropolitana. O que teria provocado tamanha mudança de uma só vez?

Na verdade, ficou claro em 2022 uma tendência clara do eleitorado de optar por mulheres e de a Alepe contar com excelentes quadros femininos para o embate. Teresa e Priscila destacaram-se à direita e à esquerda pela excelência dos seus mandatos. Da mesma forma, há anos que os políticos oriundos do interior ganham cada vez mais espaço na bancada estadual, em detrimento dos nascidos na capital. Raquel, por exemplo, veio direto de Caruaru para a Alepe, da mesma forma que outro candidato que também se destacou na disputa, Miguel Coelho, antes de ser prefeito foi deputado estadual por Petrolina. Sua candidata a vice Alessandra Vieira é deputada estadual.

Bancada feminina sofreu o impacto

Ficou de tal forma evidente a presença de deputados estaduais na majoritária este ano que a bancada feminina da Assembléia, de onde saíram Priscila, Teresa e Alessandra, reduziu sua representatividade na casa. Em 2018 foram eleitas 10 mulheres como deputadas estaduais e agora só seis conseguiram chegar lá. Priscila, Teresa e Alessandra, antes de confirmadas candidatas majoritárias, estavam entre os favoritos para renovar os mandatos estaduais.

Teresa credita à oposição o avanço dos estaduais

Teresa Leitão que, há oito anos, vinha pensando em ser candidata a federal, mas teve que adiar seu desejo por conta das necessidades partidárias, acha que a grande representação da Alepe na eleição majoritária de 2022 se deve à movimentação dos partidos de oposição que formaram palanques competitivos para o pleito recorrendo aos ex-deputados estaduais Raquel e Miguel, que também se destacaram como prefeitos, e a deputados de mandato como Priscila e Alessandra Vieira. Também acredita que o fato dos prefeitos do interior estarem se candidatando a estadual e conquistando mandatos aproximou mais as bases interioranas do poder central, o que considera produtivo.

Primeira senadora eleita era deputada estadual

Segundo Teresa, a primeira mulher eleita senadora no Brasil saiu da Assembléia Legislativa do Amazonas direto para o senado: foi Eunice Michellis que venceu o pleito em seu estado em 1976. Isso explicaria que há reais possibilidades de um parlamentar estadual galgar um mandato executivo. Em Pernambuco, porém, não se tem notícia de algo parecido. Em geral se elegem governadores ou senadores deputados federais e não estaduais.

Novo prefeito de Maraial

Marlos Henrique, candidato do PSB foi eleito prefeito está domingo na eleição suplantar do município de Maraial, na Mata Sul. Ele teve 53% dos votos. Sua adversária, Tati da Farinha teve 46% da votação. O prefeito e o vice, eleitos em 2020 foram afastados por abuso do poder econômico.

Pergunta que não quer calar: quantos e quais políticos a governadora eleita Raquel Lyra vai incorporar à sua equipe de transição a partir desta semana, quando volta da Inglaterra?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar