Antonio Moraes e Álvaro Porto entram no radar para presidir a Assembléia

 

A um mês da posse da governadora eleita Raquel Lyra e a dois meses da escolha da nova mesa diretora da Assembléia o clima começou a esquentar nos bastidores políticos na noite desta quarta-feira depois que um grupo de deputados liderados pelos colegas Álvaro Porto (PSDB) e Rodrigo Novaes (PSB) aprovou, com poucas resistências, o nome de Álvaro para concorrer à presidência da casa, após lançamento entusiasmado feito por Rodrigo. O encontro aconteceu em um hotel na Ilha do Leite onde o grupo vem se reunindo há mais de um mês.

Só o PT e o PSOL não teriam se posicionado, informando que aguardam uma definição da Federação onde estão o próprio PT, PCdoB e PV. O presidente do PSB, Sileno Guedes, estava presente junto com os socialistas Gleide Ângelo, Danilo Godoi, Simone Santana e o próprio Rodrigo e nenhum fez objeção à escolha de Álvaro. Se o plano vingar será a primeira vez na Alepe que um movimento que surgiu independente dos partidos políticos define o rumo da casa. Até agora, com poucas defecções, os partidos votam de forma unânime nos nomes escolhidos pelas legendas.

Além de Álvaro, que tem corrido solto em busca de apoio, outro pré-candidato a presidente é o deputado Antonio Moraes, do PP, ao qual se filiou ao sair do PSDB após os tucanos não garantirem a formação de chapa estadual, antes da consolidação de Raquel. Decano da casa, ele vai para o sétimo mandato sempre com grande protagonismo na Alepe e hoje é presidente da Comissão de Administração, uma das mais relevantes. Seu nome surgiu logo depois de definido o resultado da eleição. Com jogo de cintura, apoiou Raquel no segundo turno e conversa, sem dificuldade, com todas as legendas. Ele já esteve com Raquel e Priscila, mas ficaram de voltar a se falar após a posse. A própria governadora deixou claro em entrevista que só trata do assunto Assembléia em janeiro. Por enquanto seu tempo está dedicado à transição e à escolha do secretariado.

Quem fala por Raquel?

Por que, mesmo a governadora se recusando a tratar do assunto, ele está tão presente? Um deputado que tem comparecido a todos os encontros do grupo independente revelou a este blog ele está forte porque tem como líderes Álvaro e Rodrigo. O primeiro por fazer parte do partido da nova governadora e o segundo por ter se aliado a Raquel no segundo turno e ter ganhado força junto a ela. “Nenhum governador quer deixar de ter influência na escolha da presidência da casa – acrescentou – então, independente deste movimento, em alguma hora Raquel vai se pronunciar e vamos saber o que ela pensa. Agora, se dois deputados a ela ligados lideram o bloco, há de se deduzir que de algo eles estão sabendo ou com algum objetivo estão agindo” – afirmou.

Colcha de retalhos

A tradição na Alepe ensina que eleição de mesa diretora só se define na véspera, portanto, no final de janeiro. Um deputado antigo lembra que nem sempre quem aparece na frente dos demais leva a melhor. Neste caso nunca valeu tanto o ensinamento da frase muita usada na política – “muita água ainda vai correr debaixo da ponte”. Outro deputado lembrou, a despeito da presença do PSB em grupo liderado pelo PSDB, que para haver acordo “primeiro vai ser necessário que o PSB se convença de que agora é oposição e o PSDB de que agora é governo. Por enquanto ainda estão embolados” – justifica.

Jogo de carta marcada

Outra interpretação nos bastidores da Alepe é de que Raquel está jogando muito bem, inflando o balão dos dois pré-candidatos. O objetivo seria evitar o crescimento de um nome não palatável para ela. Não sem razão, o PSB, mesmo na oposição, elegeu 14 deputados e tem a maior bancada. Outro grupo de esquerda, a Federação liderada pelo PT, tem 7 deputados e já teria fechado acordo com o PSOL que tem uma deputada. Os dois, aliados ao PP que tem 8 deputados, único partido a votar fechado com Raquel no segundo turno (ela recebeu apoios de outras legendas, mas nenhuma por unanimidade), fazem maioria e podem, rebelados, compor toda mesa diretora. O pior dos mundos para o PSDB. Isso sem falar nos três deputados do Solidariedade que também poderiam tomar o mesmo rumo.

Pergunta que não quer calar: Álvaro e Rodrigo criaram o grupo para ajudar a Raquel ou de forma independente, como dizem?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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