Além de maior controle da máquina decreto de Raquel visa afastar os socialistas do poder

 

Se há uma coisa que a governadora Raquel Lyra não escondeu de ninguém desde que resolveu disputar o governo do estado foi a decisão de fazer oposição firme ao PSB. Não perdeu nenhuma oportunidade de atacar o partido e o governador Paulo Câmara. No discurso de posse na Assembleia Legislativa, na frente de alguns deputados socialistas que lá estiveram- foram poucos- e até fugindo do tom festivo da solenidade, disparou : “estou recebendo uma casa bagunçada e mal cuidada”.

Um deputado estadual da base da governadora lembrava isso ontem para justificar o que ela tem feito desde que sentou na cadeira: “se a governadora falou o que falou na posse é natural que começasse a agir para arrumar o que estava fora do lugar e é isso que está fazendo”. E a ordem parece ser peremptória. Ontem alguns secretários começaram a receber sinais do Palácio de que podem até continuar com pessoas em cargos comissionados de gestões anteriores mas que não sejam do PSB. Portanto, não serão apenas o irmão e o tio de Marília Arraes, já dispensados, mas todos que têm ligações com o governo de Paulo Câmara que vão ser afastados.

O secretário de Turismo Daniel Coelho, que fez coro às palavras do deputado estadual Izaías Regis na defesa da governadora, disse à respeito das reações de Marília Arraes e do PSB, que divulgou nota acusando Raquel de autoritarismo, que “era só o que faltava quem perdeu a eleição querer manter apadrinhados em um sistema que colocou Pernambuco para trás”. Na verdade, embora o decreto de Raquel vá fazer uma espécie de recenseamento dos funcionários cedidos e das licenças concedidas, parece claro que a dispensa em massa dos comissionados tenha o objetivo de afastar os socialistas do Governo e preencher os lugares com pessoas fiéis e com o perfil da nova gestão e nisso a governadora parece determinada. Na politica há uma máxima que diz “faça o bem ao poucos mas o mal faça de uma só vez”. E foi isso que aconteceu.

Um olho no padre e outro na missa

Raquel está acompanhando as reações ao decreto não só da oposição mas também da classe política em geral e de alguns setores do funcionalismo. O texto, por conta disso, está sofrendo ajustes e, na reunião do secretariado de ontem com a governadora, já se discutiu a possibilidade de não suspender de imediato as licenças dos servidores mas dar um prazo maior para adequações, de acordo com a realidade de cada secretaria. A senadora eleita Teresa Leitão informou no Twitter que intermedia um encontro entre o Governo e um fórum de funcionários para se chegar a bom termo nessa negociação. Ex-colega de Raquel, Teresa tem bom diálogo com ela.

Recesso da Alepe ajuda governadora

Com a confusão criada esta semana uma coisa está sendo boa para a governadora: a Assembléia está de recesso, evitando-se discussões em plenário, mas a trégua pode acabar na segunda-feira quando os deputados serão convocados para votar a reforma administrativa proposta por Raquel. O texto deve chegar à casa esta quinta-feira mas terá que cumprir prazos e a partir de segunda se inicia a votação. Como é convocação extraordinária, porém, a palavra não será aberta para tratar de outros assuntos de forma que os deputados vão se ater ao texto do projeto que mudará nomes de secretarias e definirá a estrutura de cada uma.

Raquel ouviu um a um

Após concluir o encontro geral com os secretários ontem, a governadora ouviu, em separado, cada um deles, sobre o projeto de reforma administrativa a ser enviado à Alepe. Repassou com cada um a estrutura de cada órgão, atribuições e quadro de pessoal. Como a grande maioria não tem experiência administrativa no setor público era necessário, segundo uma fonte do Governo, que todos saíssem conhecendo a realidade das pastas antes da aprovação dos deputados.


Pergunta que não quer calar: Raquel vai se manter firme nas decisões tomadas ou pode revê-las se a pressão aumentar?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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