Citada em 2017 pela PCR como via a ser transformada em “rua completa”, a rua da Hora está abandonada
Uma das vias mais arborizadas do Recife, que liga dois corredores viários importantes como avenida João de Barros e Rosa e Silva, a rua da Hora foi escolhida pela Prefeitura do Recife, em 2017, para passar por uma transformação urbana relevante. Na época, em parceria com a WRI Brasil, que iniciava experiência semelhante em mais 9 estados, a Prefeitura anunciou que já no ano seguinte – 2018 – a via seria transformada em “rua completa”, conceito desenvolvido pela WRI para definir espaços urbanos de convívio harmônico na mobilidade, facilitando a vida dos pedestres, ciclistas e condutores de veículos motorizados.
Previa-se na época a recuperação das calçadas com adaptações modernas para facilitar ao máximo a vida dos pedestres, a definição de uma velocidade máxima de 30 km por hora para os veículos e várias outras mudanças, inclusive em fachadas. Na época o especialista Francisco Cunha chegou a dizer, à Folha de Pernambuco, que “na rua da Hora você tem fachadas que permitem a permeabilidade do olhar. São fachadas ativas. O fato da via ficar numa área comercial é importante para o fluxo dela, quando se imagina que uma área ideal que equilibra o uso do solo como comércio, serviço e moradia, tende a ter movimento 24 horas por dia”.
Favorável aos passeios a pé, Cunha sonhava em poder fazê-lo na rua da Hora recuperada como se previa. Mas, que fim levou o projeto de 2017? Considerando que passamos por uma pandemia ainda dá para entender a demora na implantação do projeto mas desde 2020, quando tornou-se prefeito do Recife substituindo Geraldo Júlio, o prefeito João Campos não mostrou disposição até agora para recuperar a via. Enquanto isso, cada vez mais disposta a mostrar seu vigor na área gastronômica, na prestação de serviços médicos, no comércio e na moradia – prédios importantes vêm sendo construídos – a rua da Hora se encontra em completo abandono (fotos anexas).
Mesmo durante o dia o lixo se acumula nas calçadas, o comércio ambulante se expande e ocupa calçadas com barracas fixas e é quase impossível caminhar sem correr o risco de atropelos pois as calçadas, com raras exceções, acumulam buracos, uma verdadeira armadilha para idosos, crianças e para os doentes que frequentam consultórios médicos. E não se está falando de uma via qualquer. A rua da Hora abriga hoje bancos, restaurantes importantes para a cidade como o Chiwake, de comida peruana, que ganhou recentemente o prêmio de melhor em sua categoria no Brasil e, só para citar mais um, o Entre Amigos, o Bode, muito frequentado e, quase permanentemente, lotado.
Ouvido por este blog há poucos dias, o prefeito afirmou que não sabia, pelo menos no momento em que foi perguntado, se existia um projeto de reurbanização da rua da Hora na Prefeitura. Citou, nominalmente, outras vias do bairro que estão passando por recuperação e até lembrou ter boas lembranças da rua da Hora, onde frequentava seu dentista quando criança e adolescente. Sobre a situação das calçadas afirmou que isso é função dos proprietários dos imóveis, obrigados por lei a mantê-las em ordem, e prometeu que mandaria fiscalizar a questão da coleta de lixo. Faz mais de 10 dias e o lixo continua exatamente como estava.
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