Cinisca, princesa que quebrou barreiras e foi a 1ª mulher a vencer competição olímpica
Cinisca andando em sua carruagem puxada por cavalos
Quando pensamos em figuras históricas que desafiaram as normas sociais e conquistaram grandes feitos, frequentemente lembramos de nomes mais recentes. No entanto, muito antes das mulheres lutarem por seus direitos nas arenas modernas, uma princesa espartana já estava fazendo história nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga. Estamos falando de Cinisca, uma mulher cujo legado ressoa até hoje.
Quem Foi Cinisca?
Cinisca nasceu em Esparta por volta de 440 a.C., filha do rei Arquídamo II. Em uma sociedade conhecida por seu rigor militar e papéis de gênero bem definidos, as mulheres espartanas desfrutavam de mais liberdade e respeito em comparação com outras cidades-estado gregas. Apesar disso, os Jogos Olímpicos eram um domínio exclusivamente masculino, tanto para atletas quanto para espectadores. Mulheres eram proibidas de participar e, em muitos casos, de até mesmo assistir aos eventos, sob pena severa.
Em contraste, as mulheres tinham um espaço reservado em um festival diferente, dedicado a Hera, esposa de Zeus. Pouco se sabe sobre esses jogos além do que o viajante, geógrafo e historiador grego Pausânias relatou em sua extensa obra “Descrição da Grécia”, do século II d.C. Segundo Pausânias, essa competição era organizada e supervisionada por uma comissão de 16 mulheres das cidades de Elis e ocorria a cada quatro anos, incluindo corridas de meninas vestidas com túnicas e com cabelos soltos. Essas participantes precisavam ser solteiras para competir.
Cinisca, aproveitando uma brecha legal, participou das corridas de bigas (carruagens) de quatro cavalos, mas não precisou conduzi-las para vencer, nem mesmo estar presente em Olímpia. Na Grécia Antiga, as vitórias nas corridas equestres eram atribuídas aos proprietários dos cavalos, não aos jóqueis. Em 392 a.C. e novamente em 396 a.C., Cinisca conquistou a vitória na corrida de quadrigas, tornando-se a primeira mulher na história a alcançar tal feito.
Quebrando Barreiras
Pausânias menciona Cinisca em sua obra, fornecendo detalhes que ajudam a contextualizar sua importância. Mas talvez o mais emocionante seja o fato de que uma estátua de bronze de Cinisca foi erguida em Olímpia, o local de seu triunfo, mesmo que ela não tenha podido estar presente.
Assim, embora pouco se saiba sobre sua vida pessoal, seu nome entrou para a história e está gravado na base de sua estátua com a inscrição:
“Eu, Cinisca, vencedora com uma carruagem de corcéis velozes, (…) declaro-me a única mulher em toda a Grécia que conquistou esta coroa.”
Redação com BBC News Foto: reprodução
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