Cientista brasileira ganha prêmio equivalente ao Nobel da Agricultura

A cientista Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, foi reconhecida internacionalmente pela Fundação World Food Prize, dos Estados Unidos, pelo conjunto de sua obra em prol da sustentabilidade agrícola. Com mais de 40 anos dedicados à microbiologia do solo, Mariangela desenvolveu tecnologias que aumentam a produtividade no campo com menor custo e impacto ambiental.

Em 2024, a técnica de inoculação de soja com bactérias fixadoras de nitrogênio — que ela ajudou a consolidar — gerou uma economia de US$ 25 bilhões ao dispensar fertilizantes químicos e evitou a emissão de 230 milhões de toneladas de CO₂. Atualmente, essa tecnologia é aplicada em 85% da área de cultivo de soja no Brasil.

Além da soja, a pesquisadora também lidera estudos com feijão, trigo e milho. Em 2021, sua equipe alcançou uma redução de 25% na necessidade de fertilizantes nitrogenados no cultivo de milho, promovendo não só economia para os produtores, mas também ganhos ambientais relevantes. O presidente do comitê do prêmio destacou a contribuição de Mariangela para a “transformação da sustentabilidade agrícola na América do Sul” por meio da fixação biológica de nitrogênio, prática que substitui fertilizantes sintéticos por soluções naturais baseadas em microrganismos.

Mariangela é a quarta brasileira a receber o Prêmio Mundial de Alimentação. Antes dela, os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli foram premiados em 2006, e o ex-presidente Lula, em 2011, pela atuação no combate à fome. Emocionada, a cientista declarou que ainda não assimilou a magnitude do reconhecimento internacional, que valida sua trajetória dedicada à produção sustentável e à agricultura regenerativa. A cerimônia de entrega do prêmio ocorrerá em 23 de outubro, nos Estados Unidos.

Redação com Agência Brasil Foto: Tomaz Silva/reprodução

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