Candidatos pardos, negros e indígenas superam brancos, pela primeira vez, no estado

 

Thiago Fagundes/Agência Câmara

 

Conhecido como terra de políticos essencialmente homens e brancos, Pernambuco está mudando de patamar. Este ano, pela primeira vez, os candidatos pardos, negros,indígenas e amarelos são, somados, 50,30% dos candidatos registrados no TRE, enquanto os brancos somam 48,55%. A diversificação vem crescendo lentamente mas de forma constante. Em 2014 os brancos eram 54,96. Em 2018 caíram para 52,40% . Este ano a redução percentual foi um pouco maior – em torno de 4 pontos.

As informações colhidas pelo blogdellas junto ao TSE demonstram também que o crescimento do percentual de candidaturas femininas vem crescendo em cada eleição, mas de forma lenta. Em 2014, 31% das candidaturas eram femininas. Em 2018 o percentual foi a 32% e este ano chegou a 34%. Como a lei obriga que no mínimo 30% dos candidatos sejam mulheres, os números demonstram que os partidos estão apenas cumprindo a quota mínima para não serem penalizados, inclusive com cassação de candidatos eleitos,caso não cumpram a legislação.

Mesmo assim estima-se que muitas mulheres ainda estejam sendo registradas como candidatas sem qualquer condição de competitividade por absoluta falta de votos, já que não receberam incentivo e nem recursos para trabalhar na pré-campanha. Em 2020, na eleição para prefeitos e vereadores no estado, o TRE vem comprovando que houve candidatas que não tiveram nem o próprio voto. Foram registradas por um candidato homem para votarem no próprio. Várias bancadas de vereadores eleitos no interior vêm sendo cassadas por causa disso.

Raquel, Marília e Teresa são pioneiras

O que traz alento em relação à possibilidade de aumento significativo das candidaturas de mulheres é o fato da eleição deste ano estar batendo um recorde no que se refere a candidatura de mulheres a cargos majoritários. A decisão de Raquel Lyra, Marília Arraes, Priscila Krause e Teresa Leitãode abrir o cordão das candidaturas femininas, com real possibilidade de vitória, em um estado que nunca elegeu uma governadora, senadora ou prefeita de capital, é um sinal de mudança cujos frutos serão colhidos mais na frente. Agora já teve repercussão: todos os candidatos homens escolheram mulheres como vices.

Pretos e indígenas avançaram mais

Quanto aos candidatos pretos, seu número vem crescendo nas três ultimas eleições. Em 2014 eles eram apenas 9,5% dos homens e mulheres registrados no TRE. Este ano chegaram a 14,01%, um incremento de mais de 47%. Da mesma forma os candidatos indígenas que eram apenas 133 em 2018 chegaram agora a 183 – aumento de mais de 40%.

Daniel com ares de majoritário

O candidato à reeleição, deputado federal Daniel Coelho, tem sido tratado na federação PSDB/Cidadania com um realce digno de candidato majoritário. Na propaganda na TV conta com Raquel Lyra e Priscila Krause pedindo votos para ele. O socorro máximo tem sido dado em função da necessidade de ampliação da votação para deputado federal no palanque de Raquel para garantir a eleição de pelo menos um representante na Câmara Federal. Com votos de opinião, Daniel é, entre os pretendentes, o que tem mais possibilidade de ampliar sua presença nas urnas.

Galo Cego e Gota Serena

Pernambuco está entrando no rol das candidaturas folclóricas. Os debochados “influencers”, Galo Cego e Gota Serena foram lançados candidatos a deputado federal e estadual, respectivamente. Galo Cego pelo União Brasil e Gota Serena (André Almeida) pelo Solidariedade. Galo Cego é pedreiro de Lagoa do Carro, sobrinho da prefeita Judite Botafogo e do prefeito de Carpina, Manoel Botafogo mas não tem apoio dos dois. Seu slogan é “pra votar em quem não presta vote em mim”. Tem 259 mil seguidores no instagran. Gota Serena faz brincadeiras em festas e é seguido até por gente de classe média. Passa dos 500 mil seguidores.

Perguntas que não quer calar: com alta audiência, apesar do horário, o Debate da Band vai mexer nas pesquisas para presidente?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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