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Brasileiros do Ano/Esporte: Rebeca Andrade, na rota de Paris

A ginástica olímpica feminina já foi monopólio de países do Leste Europeu, como URSS e Romênia, até deslocar seu eixo para a América, depois China, e ainda pipocar individualidades por um e outro país. Mas chegou 2023 e o Brasil é o segundo do mundo nesse esporte, atrás apenas dos EUA. Com Rebeca Andrade à frente, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares conquistaram a medalha de prata por equipes no Mundial de Antuérpia, na Bélgica, e ainda asseguraram vaga para a Olimpíada de Paris 2024.

Muito desse sucesso se deve a Rebeca e sua capacidade de ir muito além: na mesma competição, foi ouro no salto e somou mais duas pratas, no individual geral e no solo, arrematando ainda o bronze na trave.

Em 2023, Rebeca Andrade aumentou sua coleção, que contava com duas medalhas olímpicas de Tóquio 2020 (ouro no salto e prata no individual geral), mais quatro de Mundiais, em Kitakyusho 2021 (ouro no salto e prata nas barras assimétricas), e em Liverpool 2022 (ouro no individual geral e bronze no solo).Curiosamente, só foi aos Jogos Pan-Americanos agora em 2023, porque em edições anteriores passou por três cirurgias no joelho direito. De Santiago, trouxe o ouro de salto e trave, e prata por equipes e nas assimétricas (foi poupada do solo e assim, por tabela, não concorreu no individual geral).

De etapas de Copa do Mundo, esteve em Paris, que valeu como evento-teste, e trouxe a prata das assimétricas (já tinha 17 medalhas de anos anteriores, mais seis de Pans de Ginástica).Aos 24 anos, Rebeca Andrade está pronta para começar 2024 “com um sorriso gigantesco no rosto”, junto com sua equipe de ginástica artística. Na Olimpíada de Paris, o Brasil chegará como segunda potência do mundo no esporte, para as apresentações na Bercy Arena entre 27 de julho e 5 de agosto. De volta ao ginásio, à fisioterapia e ao trabalho mental depois de dez dias de férias – no ano todo –, é a partir de janeiro que “acaba a mamata mesmo”, como diz, bem-humorada.

“Estaremos treinando com sangue nos olhos. E bastante suor, claro. Porque 2024 é muito, mas muito importante para a gente. Queremos que seja um dos melhores anos das nossas vidas. Então, é foco total pelo melhor resultado. E vamos dar 110% da gente. Em todas as competições.”

Na verdade, a preparação para Paris começou há muito tempo: em 2021, assim que encerrada a Olimpíada de Tóquio. “É o foco do nosso trabalho, de nossos sonhos, vontades e objetivos, de tudo que queremos conquistar”, assinala a ginasta de 50 kg e 1,55 m, hoje reconhecida como uma das grandes da história do esporte por seu talento natural aliado à técnica, determinação, autoconfiança e competitividade.

Altura nos saltos, linha, estabilidade, aterrissagem firme, postura – os recursos técnicos – são “armas” para Paris e garantem chances de pódio em salto e solo, principalmente, mas também no individual geral, onde sua grande adversária é a americana Simone Biles, já uma lenda do esporte.

A brasileira, nascida em Guarulhos-SP e descoberta para a ginástica no colégio, ainda tem facilidade para ligar movimentos difíceis e para as cravadas nas acrobacias do solo, onde esbanja musicalidade e expressividade, cativando o público e olhando diretamente para os árbitros. São detalhes técnicos que, somados a postura, podem fazer muita diferença.

“Evoluímos muito, com cada um cuidando de si e ao mesmo tempo do outro. Tiro um grande aprendizado disso”

Tranqüila e bem-humorada, Rebeca se vê em evolução física, técnica e mental, que também acompanha em suas amigas de equipe e no grupo multidisciplinar.

“Trabalhamos juntos e fomos crescendo a cada dia, em busca dos mesmos objetivos e resultados. De coisas grandes.” Segundo ela, 2023 foi magnífico em resultados inéditos, “com todo mundo terminando a temporada sem fazer cirurgia, sem nenhum momento delicado ou período difícil” – o que não acontecia em anos anteriores. “Evoluímos muito, com cada um cuidando de si e ao mesmo tempo do outro. Tiro um grande aprendizado disso.”

Decisões estratégicas quanto a séries e competições no ano olímpico ficam a cargo do técnico Francisco Porath, o Chico. “Sobre novos elementos, a gente sempre tem algo diferente, mais difícil. Mas uma coisa é fazer separado e outra é colocar na série. Se eu treinar e sentir que tenho capacidade de mudar algo, vamos colocar, porque vale muito a pena. É uma Olimpíada. Mas a gente só vai saber quando estiver mais perto. Do solo, a série será mantida, com a coreografia da Beyoncé, Anitta e o finalzinho do Baile de Favela. Minhas séries são muito boas.”

Inspirar suas amigas de equipe e crianças “e também ser inspirada por elas”, é algo grandioso, como destaca, que foi muito difícil der ser conquistado e por isso deve ser bem cuidado, com carinho, respeito e amor.

“Também acredito que atletas não são referência apenas para o esporte, mas para a vida. Ouvindo minhas experiências, talvez crianças, ou mesmo adolescentes e adultos, queiram praticar esporte para se transformar, evoluir, mas tendo consciência de tudo o que passei para conquistar o que conquistei. Família apoiando as crianças é importante para que sigam seus sonhos, acreditando que são capazes.”

Mesmo períodos muito difíceis, como das cirurgias, ensinam algo, garante a ginasta: “Cresci nesses momentos. A gente tem de aprender a lidar com problemas”.

Rebeca Andrade se sente “mais forte e decidida, madura mesmo e pronta para 2024”. Afirma que conseguiu respeito àquilo que deseja para si, ao que tem vontade de fazer “dentro e fora do ginásio”, às suas decisões.

“Apesar de ter apenas com 24 anos e praticamente não conhecer nada da vida ainda, de tanta coisa que tem para acontecer, me orgulho da pessoa em que estou me tornando. E já sou muito feliz.”

Redação/Blogdellas com IstoÉ- Fotos-Divulgação-IstoÉ

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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