Brasil vive um primeiro turno presidencial com característica de segundo

É sabido, pela observação do segundo turno das eleições, que, no primeiro turno, se costuma votar no candidato preferido. No segundo turno, como só tem dois concorrentes, o eleitor vota a favor do candidato de sua preferência, mas uma parte vota também contra alguém considerado pior que o seu oponente. Por isso se costuma dizer, com um certo fundo de verdade, que no segundo turno o voto é mais contra do que favor. Na eleição deste ano, porém, a polarização cada vez maior entre os candidatos Lula e Bolsonaro vem transformando o primeiro turno em um segundo turno antecipado.

Além de pedir votos para seu candidato, bolsonaristas e lulistas pedem também o voto contra. Bolsonaristas dizem o diabo de Lula para incentivar os conservadores indecisos a votar no presidente e lulistas, além de alegar o atraso do bolsonarismo, partiram, nos últimos dias, para o tudo ou nada sobre os eleitores de centro, pregando o voto útil para que a eleição termine no próximo domingo e o candidato do PT saia vencedor antecipadamente, como preveem todas as pesquisas.

O assédio sobre os indecisos ou sobre pessoas que querem, no primeiro turno, votar a favor do seu preferido, deixando o voto contra para a segunda fase, vem sendo tal que, além do incomodo dos candidatos de terceira via como Ciro Gomes e Simone Tebet, o próprio Ciro foi instado a fazer um pronunciamento esta segunda-feira, reafirmando sua candidatura – na internet circulavam boatos de que ele ia desistir – e denunciando o que chamou de “campanha de intimidação, mentiras e tentativa de destruição” de sua imagem.

“Passam uma falsa idéia de que só um pode derrotar o outro, ludibriando a fé popular” – disse – e acrescentou, no auge de sua irritação: “Bolsonaro não existiria se não fosse a grave crise econômica e moral dos governos petistas e Lula não existiria, em sua ameaçadora decadência, não fossem os desatinos criminosos de Bolsonaro”. Com o pronunciamento, Ciro deixou claro de que vai resistir, mesmo que tenha reduzidas ainda mais suas intenções de voto.

Lavareda acha que disputa e entre presidente e ex gerou acirramento

O cientista político pernambucano Antônio Lavareda acha que, muito mais que uma antecipação de segundo turno, o que está acontecendo na eleição é o fato de dois fortes candidatos – Lula, ex-presidente, e Bolsonaro, presidente – estarem se enfrentando, o que não é comum na história política brasileira. Isso, na sua opinião, levou a formação de torcidas aguerridas em prol dos dois, com a diferença de que os bolsonaristas estão mais para o que chama de “hooligans” (o termo surgiu para qualificar o comportamento das torcidas organizadas do futebol europeu conhecidas pelo comportamento agressivo e violento).

Daniel é questão de honra

A tentativa das candidatas a governadora Raquel Lyra e a vice Priscila Krause de ampliar a votação do deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), candidato à reeleição, é tanta que, este final de semana, enquanto Raquel fazia campanha pela área sul da Região Metropolitana, Priscila realizava carreata ao lado de Daniel na zona norte. Fiel ao desejo de Raquel de ser candidata a governadora, o deputado tem sido desafiado a ampliar muita sua votação porque a chamada cauda – os candidatos com menos votos da coligação PSDB/Cidadania – que ajudariam o mais votado a chegar lá, não estão correspondendo ao esperado em termos de votos.

Chuva de pesquisas

Nesta semana anterior à eleição serão divulgados os resultados de 12 pesquisas de intenção de votos para governador e senador de Pernambuco. Esta terça vai ser divulgadas pesquisas do Ipespe/Folha de Pernambuco e Ipec/Rede Globo, na quarta sai a pesquisa Potencial, na quinta, dia 29, as pesquisas Atlas e Nervera. No dia 30, sexta, será a vez dos levantamentos dos institutos Veritá, Simplex e Potencial e no sábado, véspera da eleição, será a vez de mais um levantamento do Ipec, Atlas, Nervera e do instituto Opinião.

Bolsonaro em Petrolina

Na quinta visita a Pernambuco nesta campanha o presidente Bolsonaro participa esta terça a partir das 9 horas de uma motociata em Petrolina, na companhia de Anderson Ferreira e Gilson Machado seus candidatos a governador e senador. Embora muito atrás de Lula nas pesquisas em Pernambuco o presidente não deixa de atender a um pedido dos seus correligionários para se deslocar até o estado.

Pergunta que não quer calar: as próximas pesquisas ainda mostrarão empate numérico entre Raquel, Miguel, Anderson e Danilo?

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