Brasil ou Pernambuco: qual o tema da eleição?

 

Com quatro candidatos preparados e com a língua afiada para jogar os problemas estaduais nas costas do PSB, a oposição não terá, porém, vida fácil na campanha eleitoral desde ano. A polarização política e ideológica, concentrada nas figuras centrais de Lula e Bolsonaro, vai monopolizar as discussões, deixando em segundo plano os temas estaduais, por mais relevantes que sejam.

 

Nove entre dez observadores da cena política pernambucana têm esta mesma visão das coisas. O ex-prefeito de Petrolina, Julio Lóssio, apoiador de Marília Arraes (Solidariedade), mesmo sabendo que sua candidata vai precisar centrar na pauta estadual para se opor ao candidato governista Danilo Cabral (PSB) já que ambos  apoiam Lula, acha que o caminho é muito difícil.

 

“Eu sei o que custa aos estados essa polarização nacional. Em 2018 fui candidato a governador e ia falar de desemprego, saneamento, saúde e educação e   só me perguntavam se era a favor do aborto, porte armas, etc. Isso não mudou de lá pra cá e pode até ter piorado. As pessoas estão de um jeito que não querem discutir os problemas reais de quem passa fome, por exemplo, preferem saber de que lado você está”.

 

Extremos se beneficiam  

       

Nessa tendência pela radicalização tendem a ganhar força os palanques extremistas que aqui são representados, de um lado, pelo PSB/PT e, do outro, pelo PL. O desenho cai como uma luva para a esquerda que precisará responder pelos avanços mas também pelos problemas que o estado acumulou nos 16 anos de governo socialista.  E se havia dúvida do nível de cobrança que vai ouvir ontem a candidata Raquel Lyra(PSDB) referiu-se ao fato de que a Região Metropolitana do Recife foi classificada como a terceira de população mais pobre entre as metrópoles do Brasil com 39% das famílias vivendo com renda per capita de ½ salário mínimo” e concluiu “este é, infelizmente, o Pernambuco real”.

 

Lula e Bolsonaro não vão estar nas Princesas

 

Miguel Coelho(UB), que já admitiu receber em seu palanque mais de um candidato a presidente, não ficou atrás e reagiu não só aos índices de pobreza mas também ao discurso nacional: “Muito me assustam os candidatos que só falam em eleição nacional e esquecem de Pernambuco. Nem Lula nem Bolsonaro vão sentar no Palácio do Campo das Princesas em 2023 para enfrentar os problemas reais do estado e de forma direta”.

 

PSB tem estratégia

 

Para fugir ao debate estadual o PSB já está deixando claro que, da mesma forma que deixou de fora da campanha do Recife de 2020 o ex-prefeito Geraldo Júlio para evitar cobranças sobre a administração da capital, tende a fazer o mesmo este ano com o governador Paulo Câmara. Enquanto isso todo o palanque governista ressoa para a eleição nacional repisando que Danilo é o candidato de Lula. Pernambuco é esquecido ou deixado para trás. Nesse encalço o candidato Anderson Ferreira (PL) tem cobrado as fotos de Paulo com Danilo. Em 2020 a ausência de Geraldo causou surpresa e surtiu efeitomas será que a história vai se repetir? Só o tempo dirá.

 

Ives e os candidatos múltiplos

 

Da mesma forma que já governou diversos municípios, trocando de domicilio a cada eleição, o prefeito de Paulista Ives Ribeiro costuma esconder o jogo sobre quem vai apoiar nas eleições estaduais. Às vezes faz tanta confusão que acaba ficando com mais de um nome para deputado estadual ou federal. Este ano já conversou com Anderson e Miguel mas o que se diz é que tende a  subir no palanque de Marília Arraes. “Ives cheira o poder” disse ontem um deputado que apoia Marília, então se ele vai prá ela é porque enxerga chance de vitória”.

 

Fotos: Google Imagem

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

 

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