Brasil dividido ao meio é desafio para Lula que tem como maior tarefa pacificar a nação

O Brasil concluiu ontem mais uma eleição presidencial dividido, literalmente, ao meio. O resultado demonstrou isso, quando o presidente eleito teve apenas 1,7% a mais de votos do derrotado, o presidente Jair Bolsonaro. As cenas de radicalização nos últimos dias são um sinal de que, muito mais que um discurso correto, como fez ao ser eleito, o presidente Lula precisa pacificar o país, se deseja realmente ter êxito e, com gestos concretos, melhorar sua imagem nacional e internacional.

Se, das vezes anteriores, Lula apelou à radicalização e se elegeu explorando isso, já que só precisou dos votos dos petistas, de outros partidos de esquerda, e de legendas do centrão que aderem ao poder rapidamente, agora foi necessário, para chegar lá, entregar a vice a Geraldo Alckmin, um outrora opositor, e conseguir, em nome da democracia e não apenas dos seus atributos pessoais, a adesão de pessoas como Fernando Henrique Cardoso, e de setores importantes da sociedade civil.

Do atual presidente Jair Bolsonaro, que perdeu a eleição a partir de erros crassos dele próprio e de pessoas de sua campanha, Lula não vai precisar, mas, grande parte dos seus apoiadores, estarão, inclusive, em posições importantes no Colégio Eleitoral e nos três estados mais importantes do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Bolsonaro foi derrotado, mas o bolsonarismo permanece.

A bandeira brasileira

Lula cuidou no seu discurso inicial de ressaltar que a bandeira brasileira “não pertence a ninguém, mas ao povo brasileiro”. Foi um aceno para dar resposta aos bolsonaristas que têm como pressuposto o slogan de que “nossa bandeira jamais será vermelha”. Nessa campanha os petistas já cuidaram de misturar suas bandeiras vermelhas com a bandeira nacional. Sinal de que pretendem ampliar isso.

PSB tem sobrevida

A vitória de Lula vai dar sobrevida ao PSB pernambucano. Os socialistas não conseguiram, como prometeram, dar 70% dos votos a ele por aqui. Lula teve 66,93% dos votos e Bolsonaro 33,07%. Mesmo assim o novo presidente tem muita ligação com a família Campos e com o governador Paulo Câmara que pode até vir a ter espaço na nova equipe. Quando Jarbas era governador Lula colocou os oposicionistas Humberto Costa e Eduardo Campos no seu ministério.

Teresa será protagonista

Com assento no senado federal, a senadora eleita Teresa Leitão deve ser uma das peças-chaves de Lula em Pernambuco ao lado do também senador Humberto Costa. Não se sabe o que vai estar reservado para a atual deputada federal Marília Arraes que não se dá bem nem com o PT nem com o PSB.


Raquel e a equipe de transição

A nova governadora Raquel Lyra disse que já esta semana vai sentar com Priscila para definirem juntas a equipe de transição para se encontrar com a equipe também a ser criada pelo governar Paulo Câmara. Essa é a primeira demonstração de Raquel de que vai dar a Priscila o protagonismo que prometeu durante a campanha. Por sinal, ainda na noite de ontem, o governador ligou para a ex-prefeita, parabenizou-a e ficou de ainda esta semana estar com ela para falar do assunto.

Pergunta que não quer calar: Marília vai se candidatar a prefeita do Recife em 2024 para enfrentar novamente o primo João Campos?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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