“Bolsonaro não vai se reeleger porque economia vai piorar”
Do ex-ministro da Educação e pré-candidato do PMB ao Governo de São Paulo Abraham Weintraub hoje, 26, no Jornal O Globo. De aliado a crítico contundente, Weintraub tem se mostrado um crítico contundente do presidente. Ele ainda avalia vitória petista ao Planalto como “cenário mais provável hoje”. Nome do PMB ao governo de São Paulo, o ex-ministro ainda mora nos Estados Unidos. Ele diz vê vista grossa do Planalto para corrupção e propõe cercar bairros contra a violência. O Blog Dellas compartilha a entrevista. Vejamos:
O senhor tem cerca de 1% das intenções de voto nas pesquisas, enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem por volta de 10%. Como pretende conquistar o eleitorado que está com ele hoje?
Se me deixarem entrar na disputa, eu consigo apresentar meus argumentos e me sobressair. No debate, eu contra ele (Tarcísio), contra (Fernando) Haddad, contra (Márcio) França, eu desmascaro todos eles. Eu tinha 15%, aí veio uma campanha do Centrão para esvaziar o meu nome e inviabilizar a minha candidatura.
Essa campanha veio do Centrão ou do presidente Jair Bolsonaro?
Do Centrão. O Tarcísio tem ligações com eles muito fortes. Estão preocupados porque onde eu estiver não tem negócios com o Centrão.
Faltam menos de cinco meses para as eleições e o senhor ainda está nos EUA. Isso não prejudica sua pré-campanha?
Estou só acertando os últimos detalhes da burocracia do visto de residência. Em semanas, estou no Brasil.
O senhor ainda não conseguiu um partido aliado sequer. Não enfraquece a candidatura?
A gente está conversando com outros partidos pequenos. A gente não quer associar a imagem do nosso movimento com nada ou ninguém que tenha corrupção na parada. E acho que tem uma parcela da população atenta a esse movimento. Na hora que eles identificarem a inviabilidade do Tarcísio de ganhar a eleição… Acho que ele não vai ganhar a eleição, vai perder. E eu acho que mais para frente o pessoal vai começar a ficar com receio de o próprio Bolsonaro não se reeleger. E isso vai ligar um sinal de alerta, as pessoas vão procurar uma linha de defesa, montar uma resistência ao totalitarismo do PT.
O PT derrotar Bolsonaro. É esse o cenário que o senhor espera que aconteça?
Eu diria que esse cenário é o mais provável hoje. Infelizmente, o presidente Bolsonaro não deve se reeleger, e o Lula deve ser presidente. Daqui até a eleição as coisas só vão piorar na parte econômica, e na parte política vão aparecer mais escândalos. O presidente perdeu uma parte significativa da militância, porque todo aquele ideário foi para o ralo, de não negociar com pessoas acusadas de corrupção. Não se fala mais em “a verdade vos libertará”. Hoje é “psiu, não conta se não o PT volta”.
O senhor chegou a dizer que não confia mais no presidente, mas que vai votar nele num segundo turno. Fará campanha para ele?
Não, porque não confio mais, mas sempre vou votar contra o Lula. Não anulo voto.
O senhor vê o presidente como honesto?
Eu não acho que ele tenha pego nada para ele na física (materialmente). Mas isso só não basta. Ser honesto é diferente de ser conivente. Acho que ele está vendo os caras aprontarem, não é possível.
O senhor integrou um governo armamentista. O que defende para a Segurança?
Na Segurança, defendo fechamento de bairros e ruas para os moradores poderem, dentro dessas áreas de controle de circulação, levar uma vida mais normal, com menos violência. Isso vai reduzir a criminalidade nas áreas que quiserem (implementar o cerco), não é obrigado. Cercear um pouco o trânsito através da identificação de quem entra e sai não vai impactar o trânsito da região. Se o morador não quiser, não precisa fechar.
E se todos os bairros quiserem? Qual seria o custo disso? Quantos agentes envolvidos?
É fechar o que dá, e para quem quiser. Não dá para fechar áreas com grande fluxo de pessoas. Não vou fechar a Avenida Paulista. É mais na periferia que a gente vai fechar os bairros. Isso não resolveria a criminalidade.
Eu quero salvar o máximo de pessoas no curto prazo. Eu não quero esperar uma solução para todos. Se a pessoa tem condição de se salvar sozinha, está autorizada, vai e se salva, ela e sua família. A esquerda quer o quê? Enquanto não resolver de todo mundo, ninguém pode ter (segurança)?
Como o senhor pretender lidar com a questão da Cracolândia?
Temos que dar os recursos para a pessoa ser resgatada. Tem um monte de imóveis vazios, você pode dar um quarto e um banheiro para o cara, e aí dar um tratamento, acompanhar o cara. E precisa ter um responsável por ele. Não falta “ongueiro” aí. Com o traficante, é combate ao crime. Tem que cortar o fluxo financeiro.
A sua passagem pelo MEC ficou marcada pela reunião em que o senhor disse que “botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”. Pretende manter essa postura?
Tenho problema com quem quer privilégio. Com a instituição (Judiciário), tenho zero. Eu não troco um juiz concursado por um indicado politicamente numa Corte superior.
Blog Dellas com informações e ufotos de O Globo (Jorge Willian -Agência O Globo)