Área do residencial Muribeca será entregue à Prefeitura, encerrando drama de 28 anos
Com 69 blocos, cada um com 32 apartamentos, o Conjunto Residencial Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, foi entregue festivamente à população em 1982 mas a partir de 1995 – apenas 13 anos depois de construído – a Defesa Civil interditou um dos blocos por problemas com rachaduras no prédio e, daí em diante, um a um, os demais foram sendo condenados, gerando um drama quase sem fim para os 2.176 proprietários. Após 28 anos de peleja, esta terça-feira o prefeito de Jaboatão Mano Medeiros receberá da Justiça Federal o terreno onde os prédios foram construídos – a demolição de todos eles foi concluída pela Caixa – para a construção de um parque social.
Muribeca pontuou o noticiário por anos a fio a partir de 1995 quando, junto com o seu primeiro bloco condenado, houve um mutirão que uniu estado, prefeituras e o Crea-Pe para vistoriar outros conjuntos residenciais na Região Metropolitana que começavam a apresentar problemas semelhantes. Mais de 6 mil imóveis foram condenados na ocasião. Só Muribeca, porém, teve um final feliz porque os moradores fizeram centenas de passeatas, debates, participaram de audiências públicas, algumas regadas a muito choro de senhoras inconsoláveis com a perda do sonho da casa própria. Até hoje outros municípios, principalmente Olinda, conservam conjuntos interditados e abandonados sem uma solução adequada.
Como foi o processo Muribeca?
Foi uma longa peleja a desocupação de todos os prédios do conjunto Muribeca. No início porque os moradores não se conformavam e queriam que a Caixa Econômica, que construiu as moradias, recuperasse o conjunto. E, mesmo depois da condenação das construções, muitos permaneciam morando nos apartamentos com risco de desabamento. Iniciaram-se então os processos judiciais na Justiça Federal, por ser a CEF um órgão federal, e acabou sendo a justiça a não só intermediar as negociações como a exigir laudos técnicos para saber se, como desejavam os moradores, os prédios poderiam ser recuperados. Só em 2013 se concluiu que não havia como recuperar porque o terreno era impróprio para habitações semelhantes.
Em 2015, os prédios começaram a ser demolidos e em 2020 a juíza Nilcéia Maggi conseguiu, finalmente, que os moradores fechassem um acordo com a Caixa recebendo R$ 140 mil de indenização pelos apartamentos de três quartos e R$ 120 mil pelos de dois quartos. Dos 2.176 mutuários, 2.092 fecharam o acordo e a juíza, então, arquivou o processo dando o prazo até o mês de junho deste ano para os demais aderirem ao sistema. Resolveu então, como estava previsto, entregar o terreno à Prefeitura para a realização de uma obra que chamou de “parque social”.
O prefeito Mano Medeiros informou a este blog que a área que a Prefeitura vai receber tem 210,3 mil metros quadrados e está situada na Zona de Urbana do Município. Disse que, de imediato, a administração municipal vai fazer estudo hidrológico e geológico do solo para definição dos equipamentos públicos que podem ser instalados no local, já que
ele apresentou problemas estruturais para construção de edifícios como os que foram feitos anteriormente.
– Nosso objetivo é construir um parque social, dando uso público diversificado ao terreno para atender demandas da população referentes a serviços como educação, esportes e lazer. Vamos aguardar os estudos para ir em busca de recursos. Todo o processo vai ser construído junto com a comunidade”. Ele adiantou que “se for possível a idéia é construir uma escola, uma creche, quadras e outras demandas da população que vai ser ouvida antes de qualquer providência”.
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