Após décadas, interior tem
chance de eleger governador
– Oxe, e este ano a gente vai eleger um governador do interior? A pergunta foi feita por um homem de meia idade a uma jovem enquanto os dois entravam no elevador de um prédio no Recife, na semana passada. A indagação não teria sentido anos atrás quando praticamente todos os governadores pernambucanos, à direita ou à esquerda, moravam e tinham base na capital. Este ano, pela primeira vez, três dos mais fortes nomes na disputa têm base no interior: Raquel Lyra(Caruaru), Miguel Coelho(Petrolina) e o candidato do PSB, deputado federal Danilo Cabral. Nascido em Surubim, Danilo vem ressaltando sua origem interiorana por onde passa. Raquel e Miguel nasceram no Recife mas sempre disputaram votos interioranos.
Embora dois, entre os cinco mais fortes candidatos tenham raízes políticas metropolitanas – Marília Arraes (Recife) e Anderson Ferreira (Jaboatão) – será que em 2022 o interior levará a melhor? Afinal o interior concentra 60% dos votos do estado mas é na Região Metropolitana, onde estão os outros 40%, que se realizam mais os debates e onde mais se repercute as ideias dos concorrentes ao pleito. Político essencialmente metropolitano, o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) acha que o Recife perdeu relevância na eleição de governador “porque, em geral, os prefeitos da capital naturalmente se candidatavam a governador e entravam na campanha como favoritos, mas tivemos, nos últimos tempos, vários deles que, desgastados, nem sequer pensaram em concorrer ao cargo, como foram os casos de João Paulo, João da Costa e Geraldo Júlio”.
Para ele “como formou-se esse vácuo na capital e o interior revelou grandes administradores, hoje temos este quadro, o que é salutar e está permitindo a revelação de novas e importantes lideranças” – concluiu. Na verdade, em que pese a acurada conclusão de Daniel, a interiorização da política se deu também na Assembleia Legislativa onde, na eleição de 2018, apenas a delegada Gleide Ângelo teve no Recife os votos suficientes para se eleger. Todos os demais precisaram completar a votação no interior. Mesmo deputados de fortes ligações com o Recife, como Priscila Krause, teve na capital pouco mais de metade dos seus 46 mil votos. O próprio atual prefeito João Campos com 460 mil votos no estado só conseguiu 70 mil votos no Recife, onde acabou conquistando a prefeitura.
Colonias têm peso
Um deputado estadual interiorano observa que a tendência é o interior aumentar sua importância na política cada vez mais: “muita gente não sabe – afirma – mas há milhares de pessoas no Recife que nasceram no interior e que continuam com base eleitoral onde nasceram. Essas pessoas tendem a votar, de acordo com as famílias, em políticos interioranos”. Com base nessas observações os atuais candidatos estão não só defendendo as populações interioranas como pautando seus planos de governo também por este viéis. “Terei como governador o olhar que sempre tive, de valorização daqueles que estão no interior. Sou filho do interior, nasci no interior e conheço essa realidade”, afirmou Danilo esta terça-feira em Salgueiro. Na segunda, Miguel Coelho apresentou o programa de Governo no Recife com muitas e diversas ações voltadas para o interior, desde a área de saúde e infraestrutura de obras e hídrica, até no campo da saúde animal, prometendo instalar 12 clinicas veterináriasem municípios interioranos.
Covid deliberando
Os deputados estaduais José Queiroz(PDT) e João Paulo Lima(PT) estão com a Covid 19 e em isolamento em suas residências mas ontem, como a reunião da Assembleia foi remota, eles participaram naturalmente e José Queiroz até presidiu parte da sessão. O deputado Tony Gel (PSB) elogiou os colegas pelo empenho e, com bom humor, falou que a reunião contava com a participação de dois COVIdados. “Sabemos que vossas excelências poderiam sem problema não participar pelo repouso necessário mas estão aqui como se não estivessem doentes”- concluiu.
Ferreira cobra Marília
A deputada federal Marília Arraes que presidente uma comissão externa da Câmara Federal, criada por sua iniciativa, para acompanhar os efeitos das chuvas sobre a população pernambucana e a aplicação de verbas para socorrer os desabrigados foi cobrada ontem pelo deputado federal André Ferreira (PL) que a apoiou na última eleição do Recife. André disse que a deputada “fala muito e faz pouco” e nunca destinou emendas a Jaboatão. “Eu mesmo – disse – consegui R$ 93 milhões para o município”- adiantou. Ao Blog de Silvinho ele lembrou que na campanha do Recife falou a Marília “da dificuldade que ia ter sendo cobrada porque não liberou recursos para os necessitados, porque isso iria se tornar público, como acabou sendo”.
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