Após Carta ao Povo de Deus, Miguel Coelho fura bloqueio e coleciona apoios evangélicos
Com um candidato a governador evangélico – o ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira – as investidas no mundo dos “crentes” pelos demais candidatos a governador estava limitada a aparições em cultos e em fotos com pastores e obreiros. O candidato Miguel Coelho (União Brasil), porém, vem furando o bloqueio depois que divulgou uma Carta ao Povo de Deus, se colocando “contrário ao aborto e à legalização das drogas” e assumindo “a defesa firme da liberdade de culto”. A carta foi entregue em primeiro lugar a uma das maiores lideranças evangélicas do estado: o pastor Ailton José Alves, presidente da Igreja Assembléia de Deus, a que tem maior número de seguidores em Pernambuco.
“Entregar uma carta dessas logo ao pastor Ailton foi um abrir de portas inteligente do candidato “- disse ontem ao blog um pastor que conhece de forma pormenorizada o mundo evangélico estadual, tanto pelo lados dos pentecostais (a maior expressão é a Assembleia de Deus) como dos neo-pentecostais e tradicionais que vão deste a Sara Nossa Terra até as igrejas presbiterianas e batistas. Após este gesto, Miguel recebeu o imediato apoio do deputado estadual pastor Cleiton Collins e sua esposa a vereadora Michelle. Nesta quinta-feira o leque se ampliou quando o bispo Marcos Campelo, presidente da Igreja Evangélica Internacional El-Shadday e a bispa Ana Campelo ,sua esposa, também declararam apoio ao ex-prefeito de Petrolina.
Os passos de Miguel no meio evangélico foram cuidadosamente estudados. Além da carta, tem contado com a ajuda dos pastores de Petrolina que estariam ligando para todas as grandes lideranças das igrejas do Grande Recife,dando testemunho do trabalho que ele realizou naquela cidadede pedindo engajamento. As declarações de apoio estão por enquanto restritas às pessoas filiadas ao PP, integrantes do grupo bolsonarista da legenda. Cleiton e Michele fazem parte dele que conta também com a deputada estadual Clarissa Tércio, outra que poderia vir a se integrar à campanha de Miguel, segundo uma fonte do blog. A mesma fonte prevê que “novas e fortes adesões vão surgir daqui pra frente” entre elas a da Igreja Sara Nossa Terra.
Raquel e Anderson também presentes
A Assembleia de Deus não tem, porém, como expressão, apenas o pastor Ailton, embora seja ele o mais forte e respeitado no meio. Há ainda a Assembleia de Deus Madureira e a Assembleia de Deus de Abreu e Lima. O pastor Roberto, de Abreu e Lima, tem se colocado abertamente pró-Anderson e tem uma filha candidata a deputada pelo PL, e o pastor Eliseu, da Assembleia Madureira, inclina-se para Raquel e já a recebeu mais de uma vez. Esperava-se que, a esta altura, todos os evangélicos estivessem no palanque de Anderson mas dois obstáculos estariam impedindo isso: o fato dele ter se aliado a Marília Arraes na eleição do Recife e, entre os participantes da Assembleia de Deus do pastor Ailton, porque se afastou da igreja para ser candidato a deputado federal em 2010 quando os candidato oficiais eram o Pastor Eurico para federal e Manoel Ferreira, pai de Anderson, para estadual.
Declaração de voto é difícil
Apesar de terem seus candidatos de preferência e de os recomendarem em privado, os pastores não candidatos dificilmente declaram o voto de forma aberta. Mas a simpatia e o acolhimento já é sinal para os evangélicos e, neste interim, o que vale, segundo um deputado estadual bolsonarista, é a pauta moral baseada da condenação do aborto e das drogas, como fez Miguel. “Anderson vai ter muitos votos entre os evangélicos, pela defesa da família que sempre fez, mas não é unanimidade. Miguel tem todas as condições de rivalizar com ele, sobretudo porque ele fez aliança com o PT e Marília Arraes no Recife em 2020, coisa que os evangélicos não engoliram”– diz o pastor Erivandro Costa, da Igreja Batista Renovada.
Evangélicos também disputados a nível nacional
Neste momento os evangélicos são alvo de disputa dos dois principais candidatos a presidente, o presidente Bolsonaro, que é conservador e está presente em todas as Marchas para Jesus organizadas pelas igrejas, e o ex-presidente Lula. A pesquisa mais recente, da Datafolha, aponta que a rejeição a Lula entre os evangélicos aumentou e a de Bolsonaro diminuiu. Era de apenas 6 pontos e agora é de 17 pontos pró-Bolsonaro, o que teria levado o presidente a crescer 3 pontos nacionalmente. A informação acendeu o sinal de alarme na direção do PT que pensava em liquidar a eleição com a vitória de Lula no primeiro turno.
Pergunta que não quer calar: Quem vai rivalizar mais com Anderson: Marília ou Danilo?
Foto: Divulgação
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