Ao fazer 487 anos, Recife ganha Biblioteca Digital para formação de leitores e cultura digital
A antiga passarela do Pina, que estava sem uso e degradada pelo vandalismo, foi transformada em um espaço voltado para educação, inclusão e lazer, integrando a Rede Compaz_
Na manhã desta terça-feira,12, a Prefeitura do Recife inaugurou a Biblioteca Digital Dr. Joaquim Suassuna, no mesmo espaço onde funcionava a antiga passarela do Pina, na Av. Herculano Bandeira. A intervenção foi inspirada em uma experiência de sucesso desenvolvida no México, e recebeu investimentos de mais de R$2 milhões. O equipamento, com área de 290 metros quadrados, fará parte da Rede Compaz e oferecerá atividades com foco em cultura digital e formação de leitores.
“A gente inaugura hoje a Biblioteca Doutor Joaquim Suassuna, na antiga passarela da Herculano Bandeira. A gente fez uma escuta aqui no entorno, identificamos vários colégios e vimos que poderíamos dar uma solução urbanística e social diferente ao local. Essa é a oitava biblioteca pública da cidade, que recebeu 40 computadores, livros, atividades lúdicas, duas praças, a Praça da Lua e a Praça do Sol, nas laterais da subida da biblioteca. Trabalhadores aqui da comunidade vão trabalhar aqui. Tudo isso mostra que quando a gente pensa uma cidade para as pessoas, a gente consegue transformar os espaços urbanos”, destacou o prefeito João Campos durante a cerimônia de inauguração.
No espaço, quarenta computadores estarão disponíveis para atividades de uso livre, cursos e oficinas, mediados por instrutores de TI e arte-educadores. A biblioteca dispõe ainda de duas praças laterais, onde serão ofertadas atividades de arte-educação, cultura e entretenimento. A decisão de implantar um centro de estudos foi baseada também na presença de várias escolas e entidades de ensino no entorno, bem como na falta de equipamentos de lazer para crianças nessas imediações. O acervo inicial do espaço é de 500 livros, a maioria doada pela família de Joaquim Suassuna.
O projeto teve inspiração na biblioteca da Praça da Colônia Álvaro Obregón, em Iztapalapa, no México, construída a partir da estrutura de um Boeing 737-200 que passou um tempo abandonado no cemitério de aviões do Aeroporto Internacional da Cidade do México. A iniciativa mexicana é uma das experiências de urbanismo social mais destacadas daquele país que, ao levar inovação e cidadania para áreas vulnerabilizadas, transformou o território e seu entorno.
A biblioteca digital Dr. Joaquim Suassuna oferece espaço adequado para estudos, pesquisas e outras ações educativas, com toda a estrutura e tecnologia necessárias, contemplando também ambientes de recepção e banheiros. O projeto reaproveitou ao máximo a estrutura existente e preservou a identidade visual original, mas também trouxe mudanças, com a requalificação dos painéis de alumínio e fechamentos de vidro. A acessibilidade foi garantida com a colocação de plataforma elevatória e manutenção das escadas para pedestres.
Entre as atividades que serão oferecidas estão: Contação de Histórias, Chega Com Paz!, Reforço escolar, Pina Gamer&Arte, Brincadeira é coisa séria!, Click Pina.com, LiteraCura, Memória afetiva, Foto, nuvem & memória, Alfabetização e letramento, Cultura & Segurança Digital, SLAM e LAB Livre *(detalhes no final do texto). O espaço também será aberto a consultas nos equipamentos e acervo de forma espontânea.
*ARTE URBANA -* As duas torres e os muros laterais da nova biblioteca foram transformados em um extenso painel de arte urbana por meio do Programa Colorindo o Recife, realizado pela Secretaria Executiva de Inovação. As obras dos artistas Bubu, Afro’G e Yony foram divididas em três atos, assim como nas peças de teatro nos autos de Ariano. No primeiro ato, a artista Bubu traz as escritas urbanas, no segundo ato, o artista Afro’G apresenta a representatividade do povo negro com personagens da periferia, e no último ato, Yony vem para desconfigurar as linhas arquitetônicas presentes através da sobreposição de formas e cores. A proposta visa comemorar os 50 anos do Movimento Armorial, integrando uma expressão artística brasileira que articula o erudito à cultura popular nordestina, ao mesmo tempo em que assinala as cinco décadas do Movimento Hip Hop.
O passeio público no entorno da biblioteca se transformou em um amplo corredor lúdico, com jogos e brincadeiras no chão voltados para as crianças, além de três painéis de arte urbana que representam uma extensão da proposta do movimento armorial. Uma releitura sob a perspectiva da força feminina, conduzida pelas artistas Mila Barros, Tati Naara, Eva, que contaram também com a participação da artista Inay, resultou na criação desses painéis que incorporam referências de ilustrações armoriais, do “Auto da Compadecida” e de xilogravuras de J. Borges, cordéis, e aborda a mulher sertaneja como símbolo de luta, incluindo as mulheres do bairro, marisqueiras e pescadoras.
*HOMENAGEADO -* Joaquim de Andrade Lima Suassuna nasceu em 30 de Setembro de 1957, em Recife, primeiro filho de Zélia e Ariano Suassuna. Desde pequeno, demonstrava amor pelos livros e desejo em se tornar médico, criando com seus irmãos brincadeiras relacionadas ao ambiente e consultas hospitalares. Ingressou no curso de Medicina em 1976, na Universidade Federal de Pernambuco, e fez Residência Médica em Cirurgia Geral na Universidade de Pernambuco.
Foi cirurgião torácico, sua grande paixão, e onde mais se realizava era no Sistema Único de Saúde. Dr. Juca, como era conhecido, tinha como principal marca a sensibilidade em escutar, a delicadeza nas palavras e o cuidado integral com seus pacientes, familiares e amigos. Ao longo de sua vida, tornou-se um grande colecionador de livros, formando um acervo composto pelo melhor da literatura universal. Todas as obras doadas – para esta biblioteca que carrega seu nome – representam a continuidade de uma vida: o acreditar no outro, no poder da leitura, no conhecimento e nas oportunidades.
*CORTE DO BOLO -* Logo após a inauguração da Biblioteca Digital, a Prefeitura do Recife promoveu o tradicional corte do bolo em comemoração ao aniversário de 487 anos da cidade no Restaurante Popular do Recife Naíde Teodósio, em Santo Amaro. Foram distribuídas mais de 1.500 porções do bolo estilo noiva, totalizando cerca de 200 quilos.
“Hoje já inauguramos a biblioteca e agora estamos fazendo a celebração do aniversário e distribuindo o bolo para todas as pessoas que aqui estão. Vamos ter a inauguração do Parque das Graças e muita coisa boa ainda para nossa cidade. Comemorando com as pessoas e de forma solidária, fazendo valer uma terra aguerrida que é o Recife, uma terra que sabe acolher. Para partir esse bolo, não poderia ser em outro lugar, e sim num restaurante popular da cidade. A nossa história é um grande patrimônio, vamos ser a primeira capital brasileira a celebrar 500 anos, nós temos a responsabilidade de construir um futuro para a cidade. Tudo isso que a gente faz, entregar uma biblioteca, entregar um parque, entregar uma creche, receber um evento de tecnologia, representa o futuro do Recife e fazemos tudo isso com alegria”, pontuou João Campos.
A Prefeitura do Recife mantém dois restaurantes populares destinados à população em situação de rua ou insegurança alimentar. Ambos os equipamentos foram inaugurados em 2019 e, juntos, têm capacidade para ofertar até 1.700 refeições por dia, todos os dias. Localizado na Rua do Peixoto, número 449, no bairro de São José, o restaurante popular Josué de Castro oferta almoço das 11h às 14h e jantar das 17h às 20h. Já o restaurante popular Naíde Teodósio oferta almoços das 11h até as 14h.
Redação com assessoria- Fotos: Divulgação/Prefeitura do Recife
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