Anvisa reforça alerta e proibições: Algumas pomadas para cabelo podem causar cegueira temporária

O uso das pomadas modeladoras para o cabelo tem causado preocupação e exigido maior fiscalização no mercado. Nas últimas semanas devido o aumento de festas carnavalescas e o uso extensivo das pomadas fixadoras em seus penteados, muitas mulheres terminaram hospitalizadas e outras tantas vivem dias angustiantes de cegueira temporária. Casos ampliam-se no país e muitos registros acontecem aqui no Recife. Os especialistas alertam para quem tem os produtos em casa, orientam sobre o que fazer a quem usou alisantes e a direção para os devidos cuidados é uma só: sentiu ardores , olhos pesados ao acordar, irritação, inchaço, coceira, queimaduras e outros indícios causados após aplicações dos produtos de alisamento, corra e procure um especialista. É grave e pode trazer consequências irremediáveis para sua visão.

Final de dezembro a Anvisa já alertava usuários e empresários do mercado sobre a suspensão da licença de fabricação para algumas pomadas para cabelo. O blogdellas publicou inclusive a lista das pomadas modeladoras que deveriam sair do mercado e não usadas pelos usuários dos produtos, repetindo agora a última determinação (atualizada) da Anvisa. Veja no final do texto, aqui no blogdellas.

O motivo da decisão antes e agora: Os fabricantes descumpriram normas sanitárias vigentes e já haviam indícios de problemas de saúde causados pelas pomadas em dezembro. O mercado da beleza não deu a devida atenção e continuou a comercializar os produtos. Os usuários não se preocuparam e continuaram a fazer uso das pomadas. Resultado, somente no Rio de janeiro foram contabilizadas mais de 200 mulheres que terminaram no hospital após usarem Cassu Braid, fabricada pela Microfarma Industria e Comercio Ltda.

Nos últimos dias não deu outra. Os casos aumentaram apontando para queimaduras nos olhos, ardores incluindo cegueira temporária. E assim vem acontecendo . Aqui no Recife mais de 100 mulheres foram parar na emergência oftalmológica, na última semana, após usarem alguns destes produtos nos cabelos. Os especialistas acreditam que com a folia carnavalesca e muitas prévias em pauta, o uso do produto se ampliou para as festas, gerando mais casos e preocupações. A Fundação Altino Ventura, no Recife, especializada na área, tem recebido pacientes com trauma ocular. Ao ser verificado o histórico lá está a causa: “O uso de pomada para modelar e fixar penteados”. A Fundação e do Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), na Ilha do Lite registraram mais de 100 atendimentos neste sentido. Mulheres com dor e irritação nos olhos, pálpebras inchadas e dificuldade para enxergar. Muita dor. Os médicos alertam que geralmente, os sintomas são observados depois da lavagem dos cabelos ou contato com água da chuva, banho de chuveiro, água de piscina ou do mar.

Não use – Alerta novamente a Anvisa

“Caso você tenha adquirido algum dos produtos em alerta, não faça uso dele. Caso tenha em sua residência ou estabelecimento produtos para os quais foi determinado recolhimento, a recomendação é de que entre em contato com a empresa onde o produto foi adquirido, para verificar a forma de devolução”, orienta a Anvisa. A Anvisa destaca que a interdição do produto é uma medida cautelar que visa proteger a saúde da população em caso de risco à saúde e permanece vigente, enquanto são realizados testes, provas, análises ou outras providências requeridas para a investigação mais aprofundada do caso. “Esses conservantes contêm elementos tóxicos à pele e mucosas, podendo causar alergias e queimaduras nos olhos e na pele, além de toxicidade pulmonar e neurotoxicidade.”

Consultar o site da Anvisa para checar se o produto tem autorização;
Atentar-se às orientações de uso no rótulo e não utilizar o produto para outros fins;
Evitar atividades que façam suar muito ou molhem os fios;
Lavar as mãos após o uso do produto;
Respeitar a data de validade;
Não utilizar o produto em caso de alteração de cheiro, cor ou consistência;
Se houver contato com os olhos, lavar abundantemente com soro fisiológico imediatamente

Saiba mais:

1. Como identificar um alisante capilar seguro para uso?

Verifique se o produto está registrado na Anvisa, acessando o link: https://consultas.anvisa.gov.br/#/cosmeticos/registrados/.

Para realizar a consulta, é preciso ter em mãos: o número do processo, número de registro ou nome do produto, além do CNPJ da empresa detentora do registro. Dica: o número do processo sempre inicia com “25351”.

O número do processo é obrigatório na rotulagem de produtos cosméticos. Já o número de registro não é obrigatório.

Cuidado: o número de processo também consta na rotulagem de produtos cosméticos notificados, assim muitas empresas notificam produtos alisantes de forma irregular apenas para aparentar que seu produto está regularizado na Anvisa, entretanto alisantes devem ser registrados e não notificados.

Todos os alisantes capilares, inclusive os importados, devem ser registrados. Alisantes sem registro ou notificados estão irregulares.

2. Quais os riscos relacionados ao mau uso de um alisante?

Produtos alisantes podem causar danos à córnea, queimaduras graves no couro cabeludo, quebra dos fios, queda dos cabelos, entre outros problemas.

3. Formol e glutaraldeído (glutaral) podem ser utilizados como alisantes?

Não. Tanto o formol quanto o glutaraldeído (devido à semelhança química com o formol) não podem ser utilizados como alisantes capilares. Eles têm uso permitido apenas como conservante (em concentrações muito baixas, inferiores a 1%) e, no caso do formol, como endurecedor de unhas (na concentração de até 5%). Qualquer outro uso acarreta sérios riscos à saúde da população.

Adicionar formol é infração sanitária (adulteração ou falsificação) e crime hediondo, de acordo com o art. 273 do Código Penal.

4. Quais os males que o uso indevido de formol e glutaral pode acarretar?

O uso indevido de formol e glutaral pode causar diversos males à saúde como: irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação e vermelhidão do couro cabeludo, queda do cabelo, ardência dos olhos e lacrimejamento, falta de ar, tosse, dor de cabeça, ardência e coceira no nariz.

Exposições constantes podem causar boca amarga, dor de barriga, enjoo, vômito, desmaio, feridas na boca, narina e olhos e câncer nas vias aéreas superiores (nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios), podendo até levar à morte.

5. Alisantes podem ser utilizados em crianças?

Não existem alisantes capilares destinados ao público infantil. Os produtos para alisamento capilar são indicados, exclusivamente, para adultos. O uso de alisantes em crianças é proibido.

6. Quais cuidados são importantes antes de usar um alisante?

Após constatar que o alisante é registrado na Anvisa, leia atentamente as instruções de utilização do produto e observe as advertências que constam na embalagem.

7. Procedimentos e métodos para alisamento capilar devem ser registrados?

Procedimentos e métodos para alisamento capilar, como escovas inteligente, definitiva e de chocolate, não são regulamentados pela Anvisa. A Agência registra somente os produtos que serão utilizados. Entretanto, todos os salões de beleza devem ser licenciados pela vigilância sanitária local.

8. Quais ativos alisantes são permitidos atualmente?

Atualmente, os ingredientes ativos alisantes permitidos pela Anvisa estão descritos na “Lista de ativos permitidos em produtos cosméticos para alisar ou ondular os cabelos” da Instrução Normativa Nº 124, de 2022, são eles: Ácido tioglicólico e seus sais, Ésteres do ácido tioglicólico, Hidróxido de sódio ou potássio, Hidróxido de Lítio, Hidróxido de Guanidina (formado pela combinação de hidróxido de cálcio e um sal de Guanidina), Sulfitos e bissulfitos inorgânicos e Pirogalol. Os ativos só podem ser utilizados nas concentrações e pH estabelecidos na IN.

A segurança de uso dos ativos “Cysteamine HCL”, “Cysteine HCL”, “Glyoxyloyl Hydrolyzed Wheat Protein/Sericin”, a combinação de ativos “Glyoxyloyl Carbocysteine + Glyoxyloyl Keratin Aminoacids”, “Glyoxylic Acid” e outros ativos presentes em produtos cosméticos destinados a alisar ou ondular os cabelos com registro vigente, mas ainda não previstos na “Lista de ativos permitidos em produtos cosméticos para alisar ou ondular os cabelos”, está sendo reavaliada pela Anvisa com base nos critérios estabelecidos na RDC Nº 409, de 2020.

Anvisa cancela autorização de fabricação de sete pomadas modeladoras

Foi publicada nesta segunda-feira (16/1) a Resolução – RE 138, de 13/1/2023, que cancela a regularização de sete pomadas modeladoras para cabelos por não cumprimento das normas sanitárias vigentes. Na prática, as empresas não poderão mais fabricar esses produtos. A medida se soma à Resolução – RE 73/2023, publicada em 12/1/2023, que cancelou a regularização do produto Pomada Modeladora para Tranças Anti-Frizz Be Black. Alguns dos produtos já tinham sido objeto de medidas restritivas no âmbito da sua comercialização e do seu uso. Com a medida atual, os produtos não podem mais ser fabricados. Ao todo, as empresas responsáveis estão proibidas de fabricar definitivamente os oito produtos listados abaixo:

NOME DO PRODUTO

PROCESSO CANCELADO

EMPRESA

1 – POMADA MODELADORA PARA TRANÇAS ANTI-FRIZZ – BE BLACK

25351.455863/2022-85

COSMETIC GROUP INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS EIRELI

2 – POMADA BLACK – ESSENZA HAIR

25351.251846/2022-71

EVOLUÇÃO INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS LTDA. – ME

3 – POMADA MODELADORA PARA TRANÇAS BOXBRAIDS ( FIXA LISS )

25351.174121/2022-51

EVOLUÇÃO INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS LTDA. – ME

4 – POMADA BRAIDS HAIR

25351.021887/2022-34

GALORE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS EIRELI/ 4.02747-8

5 – POMADA CASSU BRAIDS CASSULINHA CABELOS

25351.039338/2022-16

MICROFARMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

6 – POMADA BRAIDS TRANÇAS PODEROSAS ESPONJA MAGIC

25351.248601/2022-66

MICROFARMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

7 – ROSA HAIR – POMADA MODELADORA – MEGA FIXAÇÃO 150G

25351.586943/2021-09

MORANDINI INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA. – ME

8 – POMADA MODELADORA MASTER FIX BLACK SER MULHER

25351.216343/2021-78

SUPERNOVA INDÚSTRIA COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.

Redação com veículos e Anvisa – Fotos: Divulgação